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CULTURA. E o “rapper” protestou no palco, contra a violência. E então acabou preso, por “desacato” a PMs

Dionatan, Rafael e Roger formam o grupo Rima Suprema, que ainda tem Junior Holkem
Dionatan, Rafael e Roger formam o grupo Rima Suprema, que ainda tem Junior Holkem

Por RODRIGO RICORDI (com foto de Reprodução), em A Razão Online

“Era para ser uma festa de celebração da cultura negra e periférica da cidade. Terminou com um artista preso. A Capoeira, historicamente, e atualmente o Rap são ícones da cultura negra. Não se pode negar que o movimento hip-hop é um caminho que tem salvado do crime muitos jovens que nasceram e moram na periferia do Brasil e do mundo. Sua arte reclama do descaso, da violência. Na rima do rap quase sempre vem o manifesto e testemunho do que sofrem e do que querem as pessoas relegadas pelo Estado. E na Kizomba, realizada na última quarta-feira, não foi diferente. Grupos de rap, que se destacam na cidade por sua luta de classe, se apresentaram. Em meio a protestos vindos do palco, uma fala chamou a atenção de policiais da Brigada Militar que estavam na Praça Saldanha Marinho. O rapper Dionatan Castro, Mc Billy, foi preso por desacato após criticar a polícia.

A apresentação do grupo Rima Suprema, do qual Mc Billy faz parte, foi alguns dias após um dos integrantes ser agredido por seguranças de uma boate no centro da cidade. O rapper Rafael Menezes publicou um vídeo em seu perfil de rede social contando o fato e mostrando o braço fraturado pela agressão. O fato gerou revolta do movimento e foi citado durante o show da Rima Suprema.

O diretor responsável pela Kizomba, João Heitor Macedo, relatou o que aconteceu no momento da prisão do rapper. “O Dionantam entrou sozinho no palco, já revoltado com a situação do Rafa, que havia apanhado e quebraram o braço dele, e por isso não estava presente. Dai entrou protestando, contra a violência da BM, e durante as músicas dele rolaram vários protestos”, relata. Macedo diz que a Brigada conversou com a organização do evento e com a secretária de Cultura, Marília Chartune, que não conseguiram demover os policiais de realizar a prisão. “Logo após a apresentação, ou durante, não lembro, os policiais foram até o Prof. Getúlio e a Marilia e falaram que estava inadequado, o Getúlio justificou aos policiais, mas não adiantou, quando o guri desceu do palco e foi ao banheiro, os policiais o prenderam”, conta.

João Heitor vai mais longe e lembra da realização da Kizomba de 2014, quando o evento não recebeu apoio policial. “Nosso questionamento e indignação se refere a que segurança e pra quem ela serve. No ano passado, no mesmo evento, fomos sitiados por marginais que agrediram um de nossos artistas, armados inclusive, e quando eu liguei dezenas de vezes pedindo apoio da polícia, a resposta era sempre a mesma “não temos contingente”. Este ano ela estava presente, para cercear a liberdade de expressão e impor os seus valores, demagógicos e preconceituosos”, relatou o produtor em sua página do Facebook. Dionatan foi procurado pela reportagem de A Razão e não se manifestou.

O que diz a Brigada Militar

Segundo o Boletim de Ocorrência registrado, a Brigada Militar fazia o policiamento da Praça Saldanha Marinho durante a realização de uma festa de funk e rap quando Dionatan Pereira de Castro, 21 anos, teria dito do palco frases como “Otário de farda. Fora policiamento, foda-se a polícia”. Além de ter feito apologia ao uso de drogas perante famílias e crianças presentes no evento. Segundo o documento, ao término do show, foi abordado no banheiro público, revistado e conduzido à Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), por descato consumado. Dionatan foi ouvido e liberado.”

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3 Comentários

  1. É justamente sobre a origem dos fatos que estamos falando… quando a "força" usa da repressão coercitiva contra as verdades que foram ditas é por que a mesma nega essas verdades e usa da "força" em vez da racionalidade ou do dialogo.

  2. Se o cara apanhou dos seguranças por que protestaram contra a Brigada? As palavras que o rapaz proferiu no palco, ofendendo a força policial-que estava alí para manter a ordem e zelar pelos cidadãos que foram ao evento pacificamente- materializam desrespeito sim. Seja para quem for, não importa a cor. Ninguém precisa ser vaquinha de presépio, mas, antes de alardear "injustiças"m "perseguições" e "violências", busquem a origem dos fatos e as razões de todos os lados.

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