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Desigualdade salarial entre homens e mulheres não é uma questão rídicula não, senhor presidente! – por Débora Dias

Iniciamos a semana mais uma das centenas de preciosidades pronunciadas pelo presidente Jair Bolsonaro. Dessa vez foi a crítica que ele fez a uma das questões do ENEM, a qual questionava a diferença salarial entre o que recebe a jogadora de futebol Marta e o jogador do mesmo esporte Neymar. A questão é simples, como dois e dois são quatro, não é o salário da Marta e do Neymar, mas sim a desigualdade salarial existente entre homens e mulheres que afunda em desrespeito e sexismo. Só para adiantar, também não se trata de “mimimi”, como muitos gostam de desqualificar a luta legítima pela isonomia de gênero, em todas as áreas. Será que fazer que não ouvimos ou lemos, adianta?

“No que se refere à questão do ENEM, o presidente disse que a questão é “ridícula”, afirmou: “O banco de questões do Enem não é do meu governo ainda, é dos governos anteriores. Têm questões ali ridículas. Ridículas, tratando do assunto”. O futebol feminino ‘não é uma realidade ainda’. Nesse aspecto, temos o dever de informar, aos que não sabem, que ridículos são os comentários sem quaisquer fundamentação teórica ou até mesmo empírica, explicações de “achismo populista”.

O futebol feminino é uma realidade sim no Brasil e no mundo, muito menos difundido do que o masculino, isso sim, até porque por muito tempo o futebol foi um esporte quase que exclusivamente masculino. Mas, sabemos hoje que há muitas jogadoras maravilhosas, como a Marta, que nos enchem de orgulho e felicidade nos jogos, e que deveriam sim ter salários simétricos aos dos jogadores homens. É uma realidade desigual, mas tem que ser modificada.

Em nosso país as mulheres ganham em média aproximadamente 22% a menos que os homens. E essa diferença é um dos obstáculos impeditivos da isonomia de gênero, devendo ser discutida e combatida sim, não por esse ou aquele governo, mas deve ser tratada como uma política de Estado. Questionar isso, dentro da área da educação, também é um caminho para transformação dessa realidade, exceto se não se queira essa transformação.

Assim, respondendo a pergunta inicial: Será que se fizermos que não ouvimos ou lemos, adianta? A resposta é persistente: “que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”. Martin Luther King

*Débora Dias é a Delegada da Delegacia de Proteção ao Idoso e Combate à Intolerância (DPICoi), após ter ocupado a Diretoria de Relações Institucionais, junto à Chefia de Polícia do RS. Antes, durante 18 anos, foi titular da DP da Mulher em Santa Maria. É formada em Direito pela Universidade de Passo Fundo, especialista em Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes, Ciências Criminais e Segurança Pública e Direitos Humanos e mestranda e doutoranda pela Antónoma de Lisboa (UAL), em Portugal.

Crédito da foto: Marcos Corrêa/PR

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