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Geleia geral em nome do capital – por Antonio Candido Ribeiro

candinhoPois é (gosto de começar crônicas com “pois é”), para hoje, terça-feira, e para a semana, se anunciam escaramuças no Planalto Central do pais. Mais exatamente no Congresso Nacional, reduto indispensável da democracia e, ao mesmo tempo, lamentavelmente, pelo menos em nossa pátria amada, salve, salve!, fonte quase permanente de desilusão e desencanto com a atividade política e  com os políticos que a desenvolvem.

Os parlamentos, e muito especialmente os congressos das nações, deveriam ser espaços permanentes de discussão dos grande temas nacionais. Infelizmente, e fiquemos com nosso caso, o Congresso brasileiro virou balcão de negócios, de troca de favores, do toma-lá-dá-cá resultante da excrecência chamada emenda parlamentar individual, que matiza o cumprimento do orçamento da União com as cores opacas da indecência tipo “libero tua emenda, se aprovares o projeto…”

Sim, e daí? –  perguntará o leitor, a propósito das escaramuças das quais falei no início.

Tem razão o leitor, já ia me perdendo em divagações.  Bem, as escaramuças  a que me refiro têm a ver com a possibilidade de votação das Medidas  Provisórias 664 e 665, aquelas mesmas que tratam de questões afetas aos direitos sociais e trabalhistas, cuja aprovação (transformação em lei) o Governo Federal estabelece como prioridade em seu projeto de ajuste fiscal.

Segundo o  Ministro da Fazenda, que não faria feio como ministro de um governo tucano, a aprovação das MP’s é fundamental para que o país possa, em 2016, retomar o crescimento econômico e a criação de empregos. O Vice-presidente, por sua vez, afirmou ontem que, se não houver aprovação do ajuste fiscal, consubstanciado nas medidas provisórias, o contingenciamento, isto é, os cortes no orçamento federal serão drásticos (radicais na seu discursos de tentativa de convencimento dos ilustres deputados federais).

Tudo isso em nome do reequilíbrio das contas públicas, o que, na visão de quem comanda a economia brasileira há décadas, significa dizer “formação” de superávit primário, que nada mais é que economizar para pagar juros da dívida interna brasileira e dar de mão beijada ao capital especulativo nacional e internacional a riqueza gerada com o meu trabalho, com o seu trabalho e com o suor do mal pago operário brasileiro.

Mas, em tudo isso, há algo de divertido, que é ver unidos no esforço pela aprovação das medidas próceres petistas de claudicantes convicções, ministros da área econômica com fala, jeito e cacoetes tucanos e – eu morro e não vejo tudo – Eliseu Padilha, à vontade no ministério rousseffiano. É, com licença de Gil, uma geléia geral!

OBSERVAÇÃO DO EDITOR: a imagem que você vê aqui é uma reprodução (sem fonte declarada) da internet.

 

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2 Comentários

  1. E o apendice BNDESPAR? Tem distribuidora de gás, empresas de energia, empresa de papel e celulose, frigoríficos. Qual o mal disto? O risco sai da mão dos "empresários" e vai para a União (ou seja, nós). Se a empresa dá lucro, parte da grana volta (tem subsídios na jogada). Se a empresa quebra, a dívida fica. Sem falar nos casos nebulosos, vide frigorífico Independencia (250 milhões!). O atenuante é que são todas "estratégicas" para o país.
    E o ministro "tucano"? Esta lá para inglês ver. O objetivo é fazer uma meia sola até 2016. Depois as burras se abrem de novo, porque em 2018 Lula precisa voltar.
    Medidas provisórias? Uma vergonha e ainda por cima tentam justificar usando exceções como se fossem regras. Muita coisa vai parar no judiciário. Quem achar ruim fque espere as MP's de 2019. Vão ser todas "666".

  2. Dar de mão beijada ao capital especulativo? Baboseira da esquerda calavera parada na década de 70 do século passado. Se o governo não gosta de pagar juros da dívida, não peça dinheiro emprestado. Seria bonito ver os donos do "capital especulativo" e os "malditos rentistas" pararem de comprar títulos da dívida pública. Ver o Brasil perder o grau de investimento. Detalhe: boa parte do "capital especulativo" são fundos de pensão. É grana de aposentadoria de idosos de outros países.
    Tem mais. Sempre que a inflação sobe, a SELIC tem que subir para manter a taxa real dos juros no mesmo patamar. Nas cabeças "privilegiadas" do governo, combater a inflação sacrificando o crescimento não era aceitável. A lorota nos custou crescimento negativo e inflação alta (apesar de alguns defenderem que enquanto não voltarmos para a hiperinflação de 20 ou 30 anos atrás "tá de boa").
    E aí vamos para a dívida. Bilhões para BB e CEF para financiar consumo. Uns 500 bilhões para o BNDES que foram parar com o Eike, nos Magazines da vida, em frigoríficos (alguns inclusive quebraram), obras em diversos países, privatizações de aeroportos,etc. a lista é interminável.

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