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O dia 31 da dona Maria – por Daiani Ferrari

Todos os dias, dona Maria acorda, olha para o lado, na cabeceira da cama, e se pergunta porque o filho Daniel foi embora antes da hora. Por que justo ele, uma menino tão bom, trabalhador e de bem com a vida, tinha que se envolver num acidente de trânsito, na estrada a caminho de casa para o ano novo? Ela sabe que nunca terá uma resposta, mas insiste porque talvez tenha medo de encontrar uma explicação, se conformar e esquecer do filho.

O noticiário dessa semana dá conta de 38 mortes causadas por acidentes de trânsito no feriado de Natal aqui no Estado, sendo o Natal mais violento dos últimos dez anos. Tudo isso poderia ter sido evitado se as pessoas tivessem mais prudência ao volante, se as estradas estivessem em melhores condições, se os veículos obedecessem critérios de segurança, que bem sabemos que nem todos os seguem à risca.

Essa semana, no Tabelionato, foi feito o inventário pela morte de um jovem, vítima de acidente de trânsito. Um menino com uma vida inteira pela frente, talvez uma carreira brilhante, quem sabe o responsável por grandes feitos para a humanidade ou apenas detentor de uma vida longa e feliz, ou seja, uma grande vida. Mas, agora, já não adianta pensar no que poderia ter sido. Não se pode mudar o passado e o futuro já não será o que poderia ser. Repito, por imprudência.

Tudo bem que os carros estão cada vez mais potentes, com mais funções e atrativos, mas que a velocidade em excesso seja mais para bonito do que para ser colocada em prática – é insano um carro ter potência suficiente para correr a uma velocidade de quase 300 quilômetros por hora.

Eu não tinha relação alguma com o jovem, tampouco com a família dele, mas é chocante ver o rosto de um pai e de uma mãe cuidando das coisas do filho, agora, através de papéis. Esse casal possivelmente não conhece a dona Maria, mas provavelmente adquiriu o mesmo hábito que ela.

Noite após noite, antes de dormir, dona Maria reza para que outras mães, filhos, pais, primos, tios e tias não sofram o que ela e sua família sofrem até hoje. Ela sabe que a dor nunca passará e reza para que as pessoas continuem com suas dores suportáveis, porque ela não deseja para ninguém a dor insuportável que ela carrega. E como em todo dia 31 de dezembro, ela levará flores ao filho e dará a ele sua benção, que era o que ela faria assim que ele chegasse em casa, no dia 31 daquele ano.

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