Caso grampesco. Já há quem aponte razões e aposte que feitiço vai virar contra o feiticeiro
A minha primeira impressão – e ainda não encontrei argumentos, caro o meu bestundo (*), para mudar de idéia, é que o presidente do Supremo Tribunal Federal, o controverso ministro Gilmar Mendes (na foto de Fabio Rodrigues Pozzebom, da ABr), emparedou o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Este, diante do fato demonstrado por reportagem da ex-revista Veja, e das pressões vindas de alhures (**), cedeu e mandou para casa, ainda que provisoriamente, todo o alto comando da Agência Brasileira de Inteligência, a notória ABIN. Afinal, é sobre ela que recai a suspeita de ter, por seus agentes, ou destes em conluio com parte da Polícia Federal (parte?), é que teria invadido a intimidade telefônica de Mendes e de Demóstenes Torres, o senador goiano do DEM.
Pois é. É o que se diz. Ou pelo menos o que muitos pensam. Logo, não estou sozinho. No entanto, já começo a imaginal que talvez não seja exaaatamente assim. E que a medida de Lula, antes de tudo, preserva os afamados dirigentes da ABIN, a começar pelo super-respeitado delegado Paulo Lacerda. E que, ao fim da investigação, que será feita por um esquadrão de delegados acima de quaisquer suspeitas, talvez a situação seja inversa. Inclusive criando problemas sérios para os denunciantes, até mesmo a ex-revista aquela.
Será? Será? Pois bem, leia o que escreve, por exemplo, o respeitado jornalista Luis Nassif, na página que ele edita na internet. A seguir:
O xadrez do grampo a favor
Um ponto os leitores mais otimistas têm razão. Atendeu-se integralmente à pressão de Gilmar Mendes. A direção da ABIN foi afastada provisoriamente para não contaminar o inquérito.
Agora haverá a investigação compartilhada entre a Polícia Federal e o Ministério Público Federal. Como há grupos de digladiando na PF, a presença do MP é garantia de rigor nas investigações. Qualquer que seja a conclusão, terá que ser aceita pelas partes envolvidas.
E aí, há uma nova etapa nesse jogo suspeito.
Todas elas, agora, terão que mostrar seus trunfos. Veja terá que apresentar algo mais do que declarações protegidas por sigilo de fonte. O próprio Gilmar terá a obrigação institucional de apresentar os pontos que lhe permitiram concluir tão taxativamente que foi a ABIN a autora do grampo a favor. Se foi , de fato, a ABIN, que pague.
Se foi armação, que seja desvendada. Na hipótese de armação, não sei até que ponto todos os pontos foram fechados. Mas não há dúvida de que, com esse lance, Veja e Gilmar Mendes fizeram sua maior aposta até agora. Jogaram com a própria estabilidade institucional do país. O governo pagou para ver. E eles terão que mostrar suas cartas.
(*) Caro meu bestunto é uma expressão que aprendi há 31 anos, com meu querido professor de Direito Penal, o então promotor de justiça Luiz Felipe Lenz (hoje acontonado em São Martinho da Serra, de onde sai vez em quando). Quer dizer, simplificadamente traduzindo: salvo ignorância minha.
(**) Alhures é uma expressão muito utilizada por outro amigo meu, Eroni Paniz, que, em nome da alternância de poder (olha o quanto é raro isso!), está deixando a presidência do Sindicato Rural de Santa Maria. E quer dizer, simplificadamente traduzindo: lááá, em algum lugar.
SUGESTÕES DE LEITURA – confira aqui, se desejar, outras notas publicadas pelo jornalista Luis Nassif.
Leia também a entrevista do atual ministro e ex-presidente do STF, Marco Aurélio Mello a Bob Fernandes, do sítio Terra Magazine: Mello “custa a acreditar” em participação da Abin
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