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Um ano de pandemia – por Michael Almeida Di Giacomo

Vacina é “a única forma de sairmos do abismo pandêmico”, fala o articulista

Neste mês de março completamos um ano de combate intenso contra a pandemia causada pela Covid-19. O número de vítimas do vírus é assustador. Infelizmente, logo chegaremos ao número de 300 mil mortos.

Não é outro o motivo por que no Brasil foi anunciado o quarto ministro da saúde desde o início da pandemia. O combate intenso à disseminação do vírus ocorre, principalmente, pela ação diligente de prefeitos e governadores.

Menos mal que Marcelo Queiroga, indicado ao ministério, afirmou que trabalhará na ampliação do programa de vacinação.

A declaração agradou aos secretários estaduais de saúde, os quais entendem que o novo ministro conhece bem os gargalos da saúde pública brasileira e essa “expertise” poderá ser um diferencial valioso. Espero que seja mesmo.

Queiroga foi uma escolha de ordem pessoal do Presidente da República, pois a cardiologista Ludmila Hajjar, indicada pelo Centrão, não reza a cartilha bolsonarista. Isso que a médica tinha o apoio público do presidente da Câmara, Athur Lira,  o aval de ministros do STF e do procurador-geral da República.

Hajjar, que oficialmente foi sondada em duas oportunidades pelo Presidente da República, ao que parece, não chegou a receber o convite para ser ministra. Na última sondagem, no momento em que era interpelada sobre questões como aborto, armas e cloroquina, sua imagem era linchada no mundo tóxico das redes sociais e aplicativos de comunicação instantânea.

A trupe bolsonarista não deixou por menos.

A impressão que se tem é que houve uma orquestração de ações bem programadas e articuladas para respaldar a decisão do chefe. Não há como saber.

Não deixa de ser estranho, pois constrangeu não somente Hajjar, mas também Arthur Lira, líder do Centrão, que não teve a sua indicação considerada.

O fato é que as escolhas do Presidente da República têm provocado inquietações na base do governo e, em especial, nos políticos do Centrão. Os parlamentares já contabilizam em seus redutos eleitorais a insatisfação das pessoas em relação ao atraso na campanha de vacinação.

Um dos efeitos colaterais é sentido por todos nós, como por exemplo o fechamento, de tempos em tempos, dos serviços considerados não essenciais.  E, claro, o elevado número de vítimas, que poderiam ter sido evitadas se no Poder Executivo tivéssemos a liderança de um político responsável. Não é caso.

O discurso de que o Presidente nada pode fazer, pois o Supremo Tribunal não “permite”, alimenta somente a mente insana dos bolsonaristas. A população em geral não cai nessa “fake news”.

As pessoas querem viver.

É hora de deixar a cloroquina para quem não tem nada de eficaz a propor e somente pensa em fazer proselitismo político para agradar o gado.

Neste momento, qualquer um que preze o bem-estar das pessoas tem que dedicar esforços para que a vacina chegue a toda população. É a única forma de sairmos do abismo pandêmico.

(*) Michael Almeida Di Giacomo é advogado, especialista em Direito Constitucional e Mestre em Direito na Fundação Escola Superior do Ministério Público. O autor também está no twitter: @giacomo15.

Observação do Editor: a foto que ilustra este artigo, do Presidente Jair Bolsonaro, é uma reprodução da internet.

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6 Comentários

  1. Ressaltando o aspecto ‘não passei procuração para ninguém’, as pessoas tem o direito de defenderem seus interesses e definirem quais são eles, não precisam de comunistas ou cavalistas para tanto. Não são crianças para serem tuteladas.
    Chupinhando uma humorista (consta que foi Nany People no Vênus Podcast) não estamos no mesmo barco. Estamos no mesmo mar em embarcações diferentes (afirmação dela vai ate aqui). Banqueiros e economistas nos seus iates. Servidores públicos no navio de cruzeiro do Estado. Alguns estão só com colete salva vida. Outros nem com isto, já estão se afogando.
    O que leva a outro assunto. Este papo de ‘condoo-me com a humanidade, coitadas das famílias, o sofrimento das pessoas’ é pura cascata, sinalização de virtude.

  2. ‘As pessoas querem viver’. Pessoas quando querem representação votam ou passam procuração (extra judica no caso?).
    O que leva a outro assunto. Abaixo assinado de economistas e banqueiros. Nada de novo no documento. Com uma falácia ao menos. Afirmam que países mesmo rejeitando o lockdown (que foi politizado) aderiram depois. Sugeriram algo regional ou nacional. Esqueceram que países que aderiram logo de cara tiveram que abrir por conta da economia e tiveram surto grande depois. O que matou o assunto, no meu ponto de vista, foi a declaração de Bruno Covas, não decretava por falta de meios, não teria como fiscalizar. Pudera, município de SP tem meio por cento da área do RS e população maior. Um milhão a mais.

  3. Existe uma diferença importante entre o que a mídia divulga e o que acontece nas ruas. Choca ver o Calça Apertada ir tirar foto com fardos de vacinas em São Paulo numa óbvia campanha eleitoral. É muita falta de noção. Márcio França (PSB) noutro dia não se continha de felicidade, ria do governador em exercício.
    Números, cérebro humano não consegue lidar bem com números grandes. Relacionamentos pessoais não mais do 150. Logo 300 mil ou 500 ou 100 não faz diferença cognitivamente. Eticamente pode-se discutir, se 300 mil são demais, qual o número aceitável? 100 mil?

  4. Ludmila, até prova em contrário, foi para o rodapé da história. Texto tem como objetivo o que Ciro Gomes falou com todas as letras (registrado em vídeo): ‘ Nós todos estamos tratando de destruir o Bolsonaro, senão ele fica aí 8 anos e acaba de liquidar o país.’
    Informação relevante é que o Centrão, antro de corruptos, tenta engolir o governo Cavalão (que quase com certeza não se reelege). Fritura do ministro das Relações Exteriores começou. Querem cabides, orçamento e grana. Bloco não deve deixar de existir na próxima eleição, ou seja, próximo governo vai ter Centrão também. Governo que quase com certeza vai ser eleito com um tremendo estelionato eleitoral, vai prometer o que é impossível de entregar.

  5. Problema é que não se consegue debater pandemia de modo minimamente racional. Gente despreparada intelectualmente passa o tempo levando o debate para o lado emocional e daí nada sai de bom.
    Antes de continuar, esta brincadeira de pátio de escola elementar vale para todos, quem gosta de chamar os outro de fascistas (e outros) tem que aguentar a alcunha de comunistas e todas as outras.

  6. Bueno, concordo ipsis literis com tuas palavras. Uma pena que qualquer um que o diga seja chamado de comunista, como Leite e Pozzobon. Não é uma questão política, é humanitária. Queremos trabalhar, dizem os empresários em suas camionetes. Quem vai para o transporte público? O empregado. Fácil. Hospitais abarrotados, corpos empilhados. Viva o Brasil de Bolsonaro. Foi eleito. De quem é a culpa? Gado!

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