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A vacina e os desafios da gestão pública – por Giuseppe Riesgo

A gestão (e discrepâncias) da imunização dos gaúchos contra a Covid

A administração pública é peculiar em sua essência. Isso ocorre porque, diferentemente da iniciativa privada, o patrimônio público não possui um proprietário em concreto, mas em abstrato. Ou seja, quando dizemos que alguma coisa é de todos, significa que ela não é de ninguém.

Eis o desafio da gestão do patrimônio público e da oferta dos seus serviços: como cuidar e alocar os bens e serviços públicos, tornando-os efetivos à população em questão?

O tema é desafiador e veio à tona na semana passada quando percebi uma disparidade no cômputo e, consequentemente, na gestão pública sobre o processo de vacinação da população gaúcha. Ao analisar os portais de mais de 30 prefeituras, incluindo Santa Maria, notei uma discrepância de mais de 160 mil doses, para menos, entre os dados disponíveis no portal de vacinas do Rio Grande do Sul e os fornecidos por diversas cidades do nosso Estado.

Liguei para a Secretária de Saúde do Estado, Arita Bergmann, e oficiei a pasta sobre essas diferenças. O meu receio consistia em estarmos distribuindo mais doses para municípios que estavam mais assistidos em detrimento de outros que estavam com uma imunização menor.

A resposta da Secretaria Estadual de Saúde responsabilizou os municípios pelas diferenças, visto que estes atrasariam o preenchimento (mais burocrático) junto ao Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI) em relação ao próprio cômputo (mais simples) nos referidos portais.

Como o Rio Grande do Sul se respalda nas informações do SI-PNI tínhamos, segundo o próprio governo, uma diferença de mais de 530 mil doses entre o informado pelas prefeituras e o computado pelo Estado.

A gestão pública encontra esses desafios. Por isso minha função como parlamentar também é de fiscalizar, afinal, não seria razoável pedir que toda a população o fizesse 24 horas por dia e nos sete dias da semana.

A eleição de representantes e a manutenção, com impostos, de uma estrutura permanente se justifica pela necessidade de melhorar a eficiência e o zelo pela coisa pública. Quando isso não ocorre, por que seguir pagando uma conta tão alta, então?

Por isso, não me furtarei de cumprir meu papel. Se o Estado brasileiro ainda peca pelo seu tamanho, custo e eficácia nos serviços prestados ao nosso povo é porque ainda não conseguimos fazer os políticos serem diligentes com aquilo pelo qual deveriam cuidar.

Da vacina às contas públicas, dos altos impostos ao tamanho da máquina estatal, pretendo atuar sempre em respeito àqueles que pagam a conta, afinal, isso é o mínimo que se espera de quem representa o povo e, portanto, deve trabalhar e fiscalizar por ele. Eis a função que, com orgulho, procuro representar. 

 (*) Giuseppe Riesgo é deputado estadual e cumpre seu primeiro mandato pelo partido Novo. Ele escreve no Site todas as quintas-feiras.

Observação do Editor: a foto de vacinas, sem autoria determinada, que ilustra este artigo, é uma reprodução de internet.

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3 Comentários

  1. Pandemia só vai ter a história contada daqui muitos anos. Duvido que não saia Nobel de Medicina desta história. Revista Atlantic publicou um artigo sobre o Texas. Governador revogou a exigência de mascara e restrições de lotação no comércio. Confusão de hábito. Biden chamou de ‘raciocínio Neandertal’. Resultado? Nenhum. O surto profetizado não aconteceu. Também não aconteceu melhora.
    Noticiosos daqui andaram afirmando que a controvérsia hidroxicloroquina/ivermectina só existiria aqui, no resto do mundo seria assunto encerrado. Sem entrar no mérito das substancias, a controvérsia nunca esteve tão em voga. Ivermectina ainda nos EUA. Na India ambas estão sendo usadas em larga escala. E o ponto fulcral é a mentira da ausência de controvérsia e a omissão da noticia por aqui. Jornalistas de noticiosos bastante conhecidos. No mundo maravilhoso dos comunicólogos ninguém verifica o que dizem/escrevem. Esquecem um velho ditado, mentira tem perna curta.

  2. Numero de vacinas. Existe um erro no preenchimento dos frascos, na marcação das seringas, no preenchimento das mesmas pelo(a) aplicador. Faltam vacinas. Digo que é melhor isto do que o contrário, sobrar. Imagino o que estariam dizendo se as doses aplicadas fossem menores.
    Sem falar nas ‘escolhas de Sofia’. Tenho 100 mil doses e 100 mil pessoas. Duas doses necessárias. Existe a perspectiva de falta de vacinas. Imuniza-se totalmente 50 mil pessoas e deixa-se os outros a descoberto? Ou ‘meia imunização’ para todos? O que é melhor? Qual o contexto e a informação disponível na hora da tomada de decisão?

  3. Obvio que não. Na teoria bens de todos são de todos. Na pratica são de ninguém, mas é um problema cultural do nosso país. Alás, na iniciativa privada tenta-se com maior ou menor sucesso transferir cultura japonesa (junto com técnicas de gestão de operações) através, por exemplo, do 5S.
    Tanto na administração pública quanto na privada ocorre o mesmo problema, quanto maior a organização mais complexo é o fluxo de informações. Diferença é que no setor privada existe gente muito bem paga para cuidar disto e, se não funcionar, rolam cabeças.
    No setor público, pululam exemplos por aí, até mesmo em prefeituras, existem inúmeros bancos de dados que não ‘conversam’ uns com os outros. Na iniciativa privada resolve-se com um ERP da vida (não é simples e nem barato). Na administração pública basta meia dúzia de servidores estáveis fincarem o pé e nada muda, não adiante tentar migrar o software.

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