Por Vitória Faria Parise / Da Agência de Notícias da UFSM
Completando 18 anos de trajetória, o projeto Bolsa de Sementes é uma iniciativa de extensão universitária da UFSM que visa contribuir com a educação ambiental, voltada ao desenvolvimento sustentável das comunidades rurais onde estão inseridas as escolas parceiras do projeto Verde é Vida, localizadas nos três estados da região Sul do Brasil.
Nas ações a partir das sementes, o objetivo é despertar e desenvolver nos estudantes e comunidades envolvidas o senso de pertencimento e de responsabilidade à conservação do meio ambiente. Desse modo, além da dedicação para o desenvolvimento das etapas, a Bolsa de Sementes possibilita experiências de extensão para acadêmicos e disponibiliza gratuitamente sementes de espécies florestais nativas à comunidade em geral no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
Todo esse trabalho conta com a participação de alunos de graduação do curso de Engenharia Florestal do Centro de Ciências Rurais (CCR) da UFSM, que são bolsistas do projeto e atuam diretamente na realização das atividades, auxiliados por pós-graduandos e sob orientação da professora coordenadora Maristela Machado Araujo. Conta-se também com a efetiva colaboração da professora Suelen Aimi, do Herbário do Departamento de Ciências Florestais.
Como o programa surgiu
A Bolsa de Sementes, que faz parte do VERDE É VIDA, Programa de Educação Ambiental da Associação de Fumicultores do Brasil (Afubra), foi criada em 2002 e teve como mentores o professor Juarez M. Hoppe (já falecido), juntamente com a equipe do projeto Verde é Vida, Adalberto Huve, José Leon Fernandes e Jorge Farias, hoje professor na UFSM. Apoiados pelo presidente da Associação, Haisi Gralow (também já falecido), um ativista e entusiasta das questões ambientais, desejavam dar continuidade a uma ação conjunta que produziu a “Série Ecologia”, uma coleção de cinco livros ilustrados, dos quais foram distribuídos 85 mil exemplares gratuitamente a 922 escolas e bibliotecas.
Desde sua fundação, a iniciativa teve o apoio e contribuição da UFSM, sendo coordenado pelos professores Juarez e Mauro Schumacher. A partir de 2006, passou a ser coordenado pela professora Maristela Machado Araujo, com apoio de pós-graduandos e graduandos do curso de Engenharia Florestal, vinculados ao Laboratório de Silvicultura e Viveiro Florestal (LabSilvi).
Como funciona o projeto
A professora Maristela conta que as escolas participantes estudam as espécies florestais sob a orientação dos professores, que posteriormente selecionam as árvores matrizes, coletam e processam os frutos para extração e beneficiamento das sementes. Em seguida, pequenos lotes são embalados, identificados e quantificados, geralmente em gramas de sementes. Depois disso, são encaminhados às filiais, depois à sede da Afubra, em Santa Cruz do Sul, que em seguida encaminha para o Laboratório de Silvicultura e Viveiro Florestal da UFSM, localizado no Campus Sede.
Nesse local, são realizadas as análises visuais e de conteúdo para verificação do estado morfológico e sanitário das sementes e do potencial para armazenamento, bem como o lote é conferido quanto à identificação das espécies realizada pelas escolas, que recebem o parecer técnico de acordo com seu estado. Os lotes de sementes que recebem o parecer viável são reembalados e armazenados em câmara fria e úmida, ficando disponíveis para doação. Informações como espécie e quantidade são registradas no nome da escola, formando um banco de dados que será revertido na pontuação.
No final de cada ano, com base na diversidade de espécies e quantidade de sementes, as escolas são bonificadas e premiadas, conforme seu desempenho, por meio de um cheque-bônus para aquisição de materiais e equipamentos. De forma complementar, dados parciais gerados são utilizados para elaboração de trabalhos acadêmicos que são publicados em eventos com temática relacionada à educação ambiental, visando divulgar essa iniciativa à sociedade.
O foco do projeto são sementes de espécies florestais nativas da região Sul do Brasil, ou seja, que ocorrem naturalmente nas florestas. Atualmente, a lista é composta por 135 espécies cadastradas, englobando, por exemplo: Araucária (Araucaria angustifolia), Pitangueira (Eugenia uniflora), Ipê-roxo (Handroanthus heptaphyllus), Grápia (Apuleia leiocarpa), Erva-mate (Ilex paraguariensis), Cabreúva (Myrocarpus frondosus) e Araçá (Psidim cattleianum), entre outras.
Todas as atividades desenvolvidas na Bolsa de Sementes contam com o apoio e a assistência técnica das equipes da Afubra e da UFSM. As 185 escolas participantes contam com um professor responsável e integrador, e em todos os endereços da Afubra há pelo menos um funcionário responsável pela Bolsa, os quais são capazes de esclarecer dúvidas ou contatar as equipes do Verde é Vida ou da UFSM. Considerando o elevado número de espécies, os questionamentos abordam desde a identificação de espécies e período de maturação aos procedimentos adequados para coleta dos frutos e extração das sementes, entre outros.
Planos futuros em meio a incertezas
Em decorrência da pandemia, as atividades presenciais nas escolas foram suspensas desde março de 2020. Apesar disso, não foi observada redução expressiva na quantidade de sementes recebidas. No Laboratório de Silvicultura e Viveiro Florestal da UFSM, as atividades relativas à Bolsa de Sementes continuam sendo realizadas, seguindo os protocolos sanitários, com distanciamento social, uso de máscara e álcool gel. Desse modo, os pedidos de doação continuam sendo atendidos, mudando apenas o modo de realizar as solicitações, que agora são feitas pelo site ou e-mail.
Paralelamente, a equipe da UFSM e da Afubra estão trabalhando na elaboração de videoaulas sobre temas relacionados à valorização de espécies florestais nativas, identificação de espécies, coleta, processamento e armazenamento de sementes e atividades realizadas no projeto Bolsa de Sementes. O material produzido será utilizado para realização de um curso de formação em Educação Ambiental destinado aos professores das escolas parceiras e, posteriormente, divulgado no YouTube para o público geral. Além disso, estão sendo discutidas outras iniciativas visando o aprimoramento e a expansão da ação.
A solicitação de sementes pode ser feita pela comunidade em geral no SITE DA AFUBRA, por meio do envio de e-mail para [email protected] ou presencialmente no LabSilvi/UFSM.
Resultados obtidos em 2020
Com o objetivo de compartilhar os resultados alcançados com o projeto, a Afubra transmitiu uma liveno seu canal do YouTube, conduzida por José Leon Fernandes, Adalberto Huve e Romeu Schneider. Nos últimos 18 anos, o programa Verde é Vida, juntamente com as escolas participantes, coletou mais de 26,9 mil kg de sementes, abrangendo até 285 escolas. Durante esse período, houve 2.074 pedidos de escolas, entidades e viveiros interessados em produzir mudas a partir das sementes coletadas pelas escolas.
O ano ambiental do projeto sempre termina no mês de abril, e em 2019/2020, foram coletados 881,5 kg de sementes. Nos últimos oito meses de 2020, foram coletados 428,7 kg de sementes. A redução do número não foi drástica, pois diversas escolas permanecem realizando o envio, já que a coleta dos frutos e a extração das sementes são realizadas pelos estudantes e seus familiares em casa, o que permitiu a continuidade das atividades mesmo durante a pandemia.
Além disso, foi abordado que a cada quatro anos o projeto entra em um novo ciclo de parceria com as escolas, com mudanças que estão ligadas com a administração municipal. Esses e outros detalhes apresentados, incluindo imagens do projeto sendo desenvolvido na UFSM, podem ser conferidos na ÍNTEGRA da live.
PARA LER A ÍNTEGRA, NO ORIGINAL, CLIQUE AQUI.
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