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FOTOGRAFIA. A imagem (feita por Lauro Alves) de uma estátua derrubada: um mundo de significados

A repercussão do grande trabalho feito pelo repórter fotográfico do Grupo RBS

Foto da estátua da Havan caída, em Capão da Canoa, que repercutiu nas redes sociais (foto Reprodução/Instagram GZH/Lauro Alves)

Reproduzido do portal especializado Coletiva.Net

Uma semana após a estátua da Havan cair, devido à força do vento, em Capão da Canoa, as imagens feitas pelo fotógrafo Lauro Alves, de GZH, seguem repercutindo. Até o momento, são mais de 20,9 mil curtidas no Instagram, 340 compartilhamentos e 2,3 mil comentários no Facebook, além de prints feitos da publicação que não se pode mensurar o alcance. Mas, afinal, qual o impacto da imagem?

Para entender o poder de fotos como esta, Coletiva.net transpôs mercado e Academia. A equipe do portal conversou com o profissional responsável pelos registros do monumento para conhecer como se dá seu processo de trabalho. Questionamos também a doutora em Comunicação e Informação pela Ufrgs e professora adjunta da ESPM-Sul, Adriana Kurtz, sobre a relevância da semiótica. 

Alves já cobriu diversos momento que o marcaram: o desembarque de Mick Jaegger, dos Rolling Stones, em Porto Alegre; o futebol das indígenas Krahô, mulheres nativas brasileiras do Tocantins “que jogam como se estivessem dançando sem gravidade”; e o velório após a tragédia de 242 mortos na boate Kiss. Agora, tem mais uma imagem repercutindo pela rede. Ele afirmou que, mesmo havendo “uma chuva de reproduções sem crédito”, sente-se grato pelo alcance das fotos.

Tudo são Signos

“Uma imagem como esta está inevitavelmente ligada a tudo o que acontece ao redor do observador, nos assuntos mundiais e locais patentes”, afirmou Alves, em entrevista exclusiva ao Coletiva.net. Considerando-se todas estas influências mencionadas pelo fotógrafo, não é à toa que a professora Adriana coloca a fotografia como “um objeto de estudo fundamental para o campo comunicacional”.

Para além do momento, o profissional do Grupo RBS acredita que suas imagens acabam sendo resultado do acúmulo de informações visuais, desde a infância. Todas as escolhas que o fotógrafo faz, a partir destas referências, na hora do registro, o configuram como um ‘filtro cultural’, como denomina Boris Kossoy, autor apontado por Adriana, que também é coordenadora do Núcleo de Estudos em Jornalismo da ESPM (Nejor/ESPM-Poa).

A professora, que ainda lidera o grupo de Pesquisa CNPQ ‘Teoria e Prática no Jornalismo’, destaca outros teóricos: Charles Pierce, Christian Metz, Ernst Gombrich, Jacques Aumont, Lucia Santaella, Philippe Dubois, Roland Barthes, Teixeira Coelho e Umberto Eco. Todos pensadores de fotografia e/ou semiótica, que analisam técnicas que Alves vê na prática, todos os dias. 

O fotógrafo revelou como se sente ao fazer um registro: “A pauta do dia acaba sendo o momento de transbordo de todas as memórias juntas para aquele instante que vai acontecer”. Logo, Alves não pensa, no momento do clique, em qual efeito as imagens causarão. No caso da estátua da Havan, confessou à equipe do portal que passou aquele dia inteiro sem internet e não viu a rapidez com que a imagem ganhou as redes.

O poder do público

“O intuito não é impactar, mas colocar todos os signos que estão lá em um tempo e espaço”, declarou Alves. E para Adriana, os signos fazem sentido a partir daí: quando “lidos” pelos observadores. Conforme a doutora em Comunicação e Informação, isto é feito a partir das bases cultural e ideológica de quem vê a imagem. 

No entendimento do fotógrafo de GZH, “a fotografia jornalística inicia na visão do mediador ou visualizador, leitor, internauta”. E sua ótica pode ser corroborada pela contextualização que Adriana confere às interpretações mais apontadas na internet para a imagem em questão. A professora percebe que a foto da estátua perfurada pelo poste foi “um poderoso símbolo” do desgaste do governo Bolsonaro, visto que o dono da loja é apoiador declarado do presidente e de seus ideais.

E o impacto ideológico e político que a conexão entre imagem e realidade pode causar vai além deste registro feito em Capão da Canoa. “Na semiótica corre um ‘fio’ invisível ligando os acontecimentos atuais a todo instante, fotografado ou não”, argumentou Alves. 

A importância dos registros também pode ser vista, recentemente, quando o ex-ministro Eduardo Pazuello foi clicado por Sérgio Lima, da AFP, com a máscara no nariz. A professora cita Pierce ao entender que, assim como o signo é algo que, sob certo aspecto e de algum modo, representa alguma coisa para alguém, a foto de Pazuello também é indicial: “Ali está o Punctum teorizado por Barthes, aquilo que fere, que chama e direciona nosso olhar frente à fotografia”.

Diariamente, fotojornalistas ganham as capas dos jornais, impressos e digitais, além das redes sociais. Mais do que o crédito por um clique, eles são responsáveis por registrar a história, colocando em prática as teorias comunicacionais para auxiliar a população a compreender o mundo ao redor. “Nós, fotógrafos, não temos controle de escolher os códigos ao sair de casa, apenas estamos na posição postural de alinhar para que as pessoas se entendam”, destacou Alves.

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2 Comentários

  1. Nesta parte algum imbecil cita Umberto Eco e cita ‘internet deu voz a uma legião de imbecis’.
    O que disse Umberto Eco? ‘I social media danno diritto di parola a legioni di imbecilli che prima parlavano solo al bar dopo un bicchiere di vino, senza danneggiare la collettività. Venivano subito messi a tacere, mentre ora hanno lo stesso diritto di parola di un Premio Nobel. È l’invasione degli imbecilli’.
    Ou seja, ‘As redes sociais dão o direito de falar a legiões de idiotas que antes só falavam no bar depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade. Antes eram imediatamente silenciados, enquanto agora eles têm o mesmo direito de falar que um ganhador do Prêmio Nobel. É a invasão de imbecis’. Eco não tinha o Nobel. Não sei de nenhum no Brasil.
    Como disse Freud, as vezes um charuto é apenas um charuto.

  2. Que amontoado de bobagens. Coisas deste tipo escancaram o desperdício de dinheiro na Academia tupiniquim. Mais ou menos como ‘O homem que sabia javanes’, um sistema de paráfrases recursivas de autores obscuros sem finalidade, objetivo ou contribuição intelectual.
    Resumo da ópera? Vermelhinhos não gostam da Havan por causa do dono que é Cavalista. Não gostam dos ianques. Não gostam da Estátua da Liberdade (presente do governo frances). Não gostam de individualismos, defendem o ‘coletivo’. O resto é a mais pura representação da masturbação mental estéril das universidades.

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