Para que serve a CBF? – por Leonardo da Rocha Botega
Então, “eis o quadro da dor de um esporte que é parte da cultura nacional”
A primeira instituição com o objetivo de gerenciar o esporte brasileiro foi a Federação Brasileira de Sports (FBS), fundada no Rio de Janeiro, em 8 de junho de 1914. Nasceu a partir da iniciativa de um conjunto de entidades como o Aeroclub Brasileiro, o Automóvel Club do Brasil, o Centro Hípico Brasileiro, o Club Gynástico Português, a Comissão Central de Concursos Hípicos, a Federação Brasileira das Sociedades de Remo, o Jockey Club Brasileiro, a Associação Paulista de Esportes Atléticos e a Liga Metropolitana de Sports Athleticos.
Porém, apesar do grande número de entidades que a fundaram, a FBS não representava os interesses da totalidade dos praticantes dos esportes no país, sobretudo, do futebol. Uma de suas principais opositoras era a Liga Paulista de Futebol (LPF) que, em 3 de março de 1915, fundou a Federação Brasileira de Football (FBF).
Tal oposição gerava um enorme desconforto no governo brasileiro. Por isso, em 19 de junho de 1916, o então ministro das Relações Exteriores, Lauro Müller, reuniu os representantes da FBS e da FBF para buscar um acordo. Foi a partir deste acordo que surgiu, em 21 de junho de 1916, a Confederação Brasileira de Desportos (CDB), tendo como primeiro presidente Arnaldo Guinle, então presidente do Fluminense Football Club.
A CDB acabaria sendo extinta em 1979, por exigência de um decreto da Fédération Internationale de Football Association (FIFA) que determinou que as entidades de futebol deveriam ser voltadas apenas para esse esporte. Em 24 de setembro daquele ano foi fundada sua substituta, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Apesar de, diferentemente da CDB, ser uma entidade voltada unicamente para a organização do esporte mais popular do país, a CBF desde o seu início demonstrou sérios problemas organizativos. A Taça Ouro, uma espécie de primeira divisão dos campeonatos brasileiros, de 1980, 1981 e 1982 teve a participação de 44 clubes. Em 1987, a confusa fórmula de Módulos Verde e Amarelo, produziu uma interminável disputa sobre quem de fato foi o campeão daquele ano.
Nos anos seguintes foram comuns as mudanças de regulamento para beneficiar grandes clubes que eram rebaixados, os escândalos de arbitragem e calendários de jogos favoráveis para alguns clubes em detrimento de outros.
Fora de campo a confusão era ainda maior. Um festival de cartolas folclóricos que, posteriormente, ao longo da década de 1990 e das décadas iniciais do século XXI (época do emergir do futebol como grande negócio globalizado potencializado por figuras bizarras como Silvio Berlusconi e João Havelange) deram lugar a refinados modernizadores de esquemas de corrupção. Somente na última década, dos cinco presidentes da CBF, quatro foram afastados.
Ricardo Teixeira deixou a entidade após vir à tona sua participação em esquema milionário envolvendo uma patrocinadora da seleção brasileira. José Maria Marin foi preso na Suíça, acusado de fraude bancária e lavagem de dinheiros a partir de transações envolvendo a Copa América, a Copa do Brasil e a Copa Libertadores.
Mesmo caso em que esteve envolvido o seu sucessor, Marco Polo Del Nero (famoso por roubar uma medalha na premiação da Copa São Paulo de Futebol Junior em 2012), que desde 2015 tem receios de deixar o Brasil com medo de ser preso. Teixeira, Marin e Del Nero, entraram para o hall dos banidos das atividades ligadas ao futebol pelo Comitê de Ética da FIFA, entidade que também não é lá muito confiável.
O último a deixar o cargo foi Rogério Caboclo, defenestrado pelo bom jornalismo (algo tão raro atualmente), que trouxe à tona a sua face de assediador, machista e misógino. O perfil de um típico gestor-coronelista, como tantos que andam por aí, vestindo a camiseta da seleção brasileira em protestos supostamente “contra a corrupção”. O “chefe-tarado” que canta grosso com a secretária, mas está sempre disposto a bajular a primeira “autoridade” que aparece.
Enquanto isso, o futebol segue com um calendário que todos entendem como horrível, mas poucos querem abrir mão das “vantagens” em mantê-lo; uma realidade onde cerca de 90% dos jogadores atuam profissionalmente por poucos meses; um desequilíbrio político-financeiro terrível entre os clubes; um futebol feminino que, a cada Olimpíada ou Copa do Mundo, ganha inúmeras promessas nunca cumpridas; um festival de falências de pequenos clubes; e uma seleção brasileiras que há duas décadas apresenta mais marketing do que futebol.
Eis o quadro da dor de um esporte que é parte da cultura nacional! Um quadro pintado por dirigentes que resistem a todas as iniciativas que propõem um mínimo de razoabilidade organizativa no nosso eterno 7×1. Dirigentes que estão sempre dispostos a improvisar megaeventos recheados de cifrões. Para esses dirigentes, o importante não são os torcedores ou os jogadores, mas sim, aquilo que lhes garante lucro e poder. Para esses dirigentes, pouco importa se o lucro e o poder virão em meio a uma Pandemia que deixou quase meio milhão de mortos Brasil a fora ou do apoio aberto a um genocida. Importa menos ainda a pergunta cada dia mais presente entre os amantes do futebol brasileiro: para que serve a CBF? Quem se serve dela nós já sabemos.
(*) Leonardo da Rocha Botega, que escreve no site às quintas-feiras, é formado em História e mestre em Integração Latino-Americana pela UFSM, Doutor em História pela UFRGS e Professor do Colégio Politécnico da UFSM. É também autor do livro “Quando a independência faz a união: Brasil, Argentina e a Questão Cubana (1959-1964).
Observação do Editor: A foto (de Lucas Figueiredo/Divulgação/CBF) que ilustra este artigo, e que foi produzida em 2019, é de Rogério Caboclo (D), o mais recente dos presidentes afastados da CBF. Este por assédio moral e sexual contra uma funcionária da entidade. Com ele, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro e o da Fifa, Gianni Infantino.
Obvio que existe o aspecto politico. Mas não dá para esquecer a roubalheira institucionalizada na Copa do Mundo que aconteceu no Brasil. Criaram um tal de Regime Diferenciado de Contratações. Construíram estádios desnecessários (desculpa foi o ‘desenvolvimento do esporte após o torneiro’, ou seja, um desenvolvimentismo de araque) que se tornaram elefantes brancos.
Há quem goste deste regime e se de muito bem, tanto que preconiza a volta de um amigo do alheio à presidência. A desculpa é ‘vamos tirar dinheiro da sociedade e diminuir a desigualdade; se diminuimos a desigualdade merecemos uma recompensa’.
Cavalão tem data para acabar, roubalheira pelo jeito não.
Ultimo a tentar boicotar Copa America foi Mauro Silva, Puxaram a escada e ele ficou pendurado no pincel. Nunca mais foi convocado.
Outros países confirmaram a participação no torneio. Seleção Canarinho não aparecendo seria W.O. com risco de punição até da FIFA. Seria necessário convocar outra seleção. Nem todos os jogadores convocados têm vaga garantina na Copa do ano que vem, abre-se oportunidade para a concorrencia (sim, tem gente na fila querendo jogar). Tite tem uns três ônibus cheios de desafetos no futebol, como Neymar é protegido pela imprensa. Ou seja, não é bem assim.
Seleção já foi ponto de união nacional, já não é mais. Parte é por conta da decadencia do esporte no país.
Cobrir a marca é um exemplo do profissionalismo do jogador brasileiro. Alás, profissionalismo no pais é palavrão.
Jogadores não queriam disputar a bagaça. Alguns até teriam promessa de folga do treinador. Não por motivos politicos, mas para gozar férias. Vida de jogador não é fácil e grande parte começou lá pelos 8, 9 anos de idade. Não conta como trabalho, mas é. Como jornalista pejotinha por aí, não tem carteira assinada, tem contrato de prestação de serviço. É o pais do faz de conta, do ‘me engana que eu gosto’.
Há boatos (não dá para confiar na imprensa) de que convidaram Muricy Ramalho (e outro sujeito que não lembro o nome) para ser coordenador técnico sem consultar o técnico, ou seja, pelas costas. Caiu a ficha, o aroma de outra derrota na Copa do Mundo ficou muito forte. Mantiveram Tite no comando por pressão global. É um problema, brasileiro gosta de ganhar, não de competir. Vide Fórmula 1, volei, judo, natação, etc. Além disto é um mar de grana de patrocinio.
Neymar tem os problemas dele. Teoricamente é o melhor jogador. Já declarou humildemente (existe o video) ‘carregar o time nas costas’. Acusado de assédio brigou com um dos patrocinadores. Publicou foto nas redes sociais com emoticon cobrindo a marca.
Hummm….Kuakuakuakuakua! Dodói porque ‘não conseguiram bloquear a Copa América’! Kuakuakuakua!
A ópera é a seguinte. Esta muito longe de uma situação simples ‘Cavalão vs. Esquerda+Rede Globo’ como estão vendendo.
Para começo de conversa, Copa América é um Gauchão da America do Sul. Problema é que a Conmebol, dizem as más linguas, já adiantou grana para as confederações. Se não sair o torneio devolução vai ter que acontecer.
Seleção não empolga a maioria. Pessoalmente não assisto um jogo desde a derrota para a Belgica. Não vou com os cornos do Neymar desde que jogava no Santos e era protegido pela imprensa (deu no que deu). Tite, também não vou com os cornos desde o tempo do Gremio (alguém lembra das ovelhinhas?).