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Por favor, deixe a luz acesa! – por Michael Almeida Di Giacomo

Justas – e depois inteligíveis – razões por que a lâmpada de canto ficou acesa

Quando se é criança, para que os filhos tenham uma noite tranquila de sono, os pais deixam acesa no quarto uma luz de canto. Ao acordar na madrugada a criança não se vê sob um breu sem fim e assustador, consegue – acredito – identificar que está protegida no ambiente do seu lar.

Na vida adulta, quanto mais escuro estiver o ambiente, melhor será nosso sono. Isso porque a luz acesa – por menor que seja – atrapalha a produção de melatonina, hormônio produzido pelo cérebro e que é responsável por regular o sono e a propiciar que tenhamos um dia produtivo, com mais energia.

Eu sou adepto do breu total. Quando possível, claro. Pois há situações que mesmo com cortinas fechadas, um feixe de luz acaba por surgir em meio à persiana. É preciso conviver.

Devido a essa prática na hora do descanso, foi que me vi surpreendido na noite da última terça-feira quando não quis desligar às luzes. Queria que ficassem acessas todo o tempo. Sentei no canto da cama e comecei a procurar o motivo de tamanha anormalidade na minha rotina.

Ainda na parte da manhã, minha mãe foi submetida a um procedimento cirúrgico para tratar um problema no pulmão. Há dois meses ela trata um câncer de rim. Nada vem separado. Acredite.

Após o procedimento, por ser um Senhora de 71 anos e com muitas comorbidades, para ser melhor atendida, foi encaminhada à CTI. Em pouco tempo o quadro foi se agravando e ela teve que ser entubada. Sua condição foi considerada grave, com risco de morte.

Foi quando me dei conta do porquê não desligar as luzes como de costume. O sentimento mais intenso detectado foi pensar que se eu não desligasse as luzes – como de costume – eu não dormiria. Ficaria acordado, e aquele tempo não passaria. Que o sol não iria raiar. E que minha mãe não iria morrer.

Parece uma besteira, né? Nessas horas passam tantas coisas na nossa mente que ficamos surpreendidos com o que somos capazes de pensar e fazer para ter mais um dia, uma semana, um mês, um ano, uma vida toda, ao lado de quem amamos.

Ninguém está preparado para perder seus entes queridos. Eu queria que minha mãe, na sua bondade, amor incondicional, riso solto e coragem de enfrentar os desafios que a vida nos impõe, vivesse para sempre. E o receio de ver o próximo dia raiar, serviria somente para me trazer à realidade de que a vida é um sopro, que ela não estará comigo fisicamente, ao menos.

Por vias das dúvidas, para me sentir seguro, deixei acesa uma lâmpada de canto. Exatamente como minha mãe fazia quando eu era criança, já que o tempo eu não posso controlar.

Minha mãe estará sempre presente no âmago da minha alma, do meu coração, não tenho dúvida. É nesse sentimento que irei trilhar o caminho de uma vida plena, no encontro de momentos de felicidade, até o dia em que possamos nos encontrar novamente.

Aproveito o espaço para agradecer toda a equipe de médicos que a atenderam. Toda a equipe de enfermeiros, técnicos em enfermagem e demais colaboradores do Hospital de Caridade, sempre diligentes e atenciosos com ela e com nossa família.

Que Deus abençoe a todos e a todas.

(*) Michael Almeida Di Giacomo é advogado, especialista em Direito Constitucional e Mestre em Direito na Fundação Escola Superior do Ministério Público. O autor também está no twitter: @giacomo15.

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