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CÂMARA. Sessão plenária encerrada após confusão envolvendo o Presidente da Casa e vereador do PT

João Ricardo Vargas chamou Ricardo Blattes para conversar na garagem

João Ricardo Vargas (C), disse que a situação envolvendo o vereador Blattes era “totalmente pessoal” (Foto Karohelen Dias/Câmara)

ATUALIZADO À 1H30, PARA ACRÉSCIMO DE INFORMAÇÃO

Por Maiquel Rosauro

A sessão da Câmara de Vereadores de Santa Maria terminou mais cedo, nesta quinta-feira (12), após uma confusão que quase terminou em briga fora do Plenário. O presidente da Casa, João Ricardo Vargas (PP), perdeu a calma com o vereador Ricardo Blattes (PT) e o chamou para “conversar” na garagem. O petista não foi e o progressista não retornou para a sessão.

A origem do conflito está no ingresso na Justiça dos vereadores Tubias Calil (MDB) e Pablo Pacheco (PP) contra as multas dos controladores de tráfego. A dupla entrou com o pedido de liminar para suspensão imediata da fiscalização.

O problema é que ambos atropelaram a vereadora Lorena Santos (PSDB), vice-presidente da comissão especial que fiscaliza os controles de velocidade. Tubias é o presidente do colegiado e Pacheco é o relator.

No microfone de aparte, Lorena reclamou publicamente da situação, afirmando que não foi avisada sobre a ação no judiciário. Ela, então, solicitou sua saída da comissão.

Tubias correu para pedir que Lorena reconsiderasse. “Do meu mandato cuido eu. Essa ação popular é do meu mandato. Eu acho que a vereadora se precipitou”, disse o emedebista.

Admar Pozzobom, na condição de líder da bancada do PSDB, reclamou da situação. Lorena voltou ao microfone e disse que não é marionete e que se sente desnecessária na comissão.

Vargas disse que a discussão em vigor era antirregimental, pois o microfone de aparte não serve para esse tipo de discussão. Em seguida, Pacheco foi para o mesmo microfone e fez um pedido estranho.

“Regimentalmente, invocando o Artigo 119, com a temática de reclamação, solicito um minuto para utilizar”, disse o progressista.

A solicitação, entretanto, não é contemplada pelo Artigo 119 do Regimento Interno. Mesmo assim, o presidente imediatamente concedeu o espaço para o colega de partido.

Em sua fala, Pacheco disse que a comissão produzirá um relatório que será importante para o judiciário. Ele também pediu para Lorena reconsiderar seu afastamento do colegiado.

Valdir Oliveira (PT) se manifestou e disse que Lorena estava sendo desrespeitada na comissão. Werner Rempel (PCdoB) apontou que o Artigo 119 não contemplava a fala de Pacheco e Admar voltou ao microfone para sugerir a extinção da comissão.

Blattes também chamou atenção para o Artigo 119, deferido pelo presidente em favor de Pacheco. O petista chamou a situação de absurda.

“Coloco mais esse absurdo na minha bolsa vereador. Vossa excelência sempre quando usa o microfone tenta atingir esse presidente”, disse Vargas.

“Tem espaço para mais”, devolveu Blattes.

“Não lhe dou a palavra”, retrucou Vargas.

Blattes deu um passo para trás e ficou quieto. Tubias se aproximou e disse que não pretendia desprestigiar Lorena e solicitou a extinção da comissão. De imediato, Vargas disse que o colegiado estava extinto e que tal decisão seria colocada em ata.

Enquanto o presidente tentava retomar a sessão, Blattes perguntou em qual artigo do Regimento Interno se baseava a extinção da comissão. O questionamento fez Vargas sair do sério.

“Depois eu lhe informo por escrito”, respondeu.

“Não, não. Eu vou lhe aguardar aqui. O senhor é o presidente dessa sessão, o senhor tem que cumprir o regimento”.

“Não gagueje vereador, não gagueje”.

“Não estou gaguejando, me dê a resposta presidente”.

“Vossa excelência não aponte o dedo para esse presidente, não aponte”.

O toma-lá-dá-cá seguiu por mais um tempo. Por fim, Vargas pediu desculpas para quem acompanhava a sessão e disse que a situação vem a cada dia aumentando nestes últimos oito meses.

“Precisamos aqui colocar um ponto final nisso. Ou nos entendemos ou somos homens para nos… (Vargas faz uma pausa). Vereadores, eu não vou aqui dar e continuar essa discussão com o vereador pelo seguinte… Peço mais uma vez escusas porque é uma situação totalmente pessoal. Peço e solicito ao vereador que, se possível, após o encerramento da sessão se vossa excelência pode falar comigo em meu gabinete. Assim nós encerramos aqui, tá bem?”.

Neste momento, Blattes fala alguma coisa fora do microfone (inaudível pela TV Câmara) e Vargas se irrita.

“Vereador, pelo amor de Deus. Vossa excelência… Vereadores, nesse momento estou passando a presidência ao vereador Paulo Ricardo. Preciso conversar com o vereador Blattes”.

“Faz favor, vereador”, foi a última fala de Vargas captada TV Câmara quando ele cruzou reto pela tribuna apontando para Blattes acompanhá-lo à garagem do Legislativo.

Blattes foi em direção a Vargas e fez um gesto para sua assessoria o acompanhar. Porém, ele desistiu do “convite”. O vice-presidente da Casa, Paulo Ricardo Pedroso (PSB), paralisou a sessão. No plenário, ocorreu uma aglomeração.

Uns 20 minutos depois, Paulo Ricardo retomou a sessão e logo encerrou os trabalhos por falta de quórum. O clima era péssimo. Vargas não retornou ao Plenário.

O Site entrou em contato com Blattes. Ele criticou a postura do presidente.

“Me chamar para “conversar” na garagem? Naquele tom, onde não há câmeras… Eu nem tenho carro, não tenho nada para fazer na garagem. Coronel correu, mostrou mais uma vez o seu tamanho e a sua falta de condição de conduzir o Parlamento de Santa Maria”, disse o petista.

Na noite desta quinta, Blattes ainda publicou um vídeo em que, mais uma vez, criticou a postura de Vargas.

O Site fez contato com o presidente da Casa, e obteve retorno do progressista quando a matéria já estava publicada. Assim que o material chegou, ficou disponível. É o texto abaixo:

“Tenho minha consciência tranquila porque não preciso fazer lives, vídeos e manifestações nas minhas redes socias para tentar me defender das posições que decidi tomar. Tenho o apoio e respeito dos meus colegas da Câmara de Vereadores, sejam os edis ou servidores que no dia a dia demonstram através de seus espíritos públicos a vocação de servir a coletividade, com zelo e respeito!

Ser Presidente da Câmara de Vereadores é uma honra e uma missão que ultrapassa todas as questões ideológicas e/ou partidárias, pois cabe a mim TRABALHAR e conduzir o Poder Legislativo com toda a sua pluralidade de ideias e ideais, na busca da consecução da lei, garantia da liberdade e do bem comum em uma convivência e prática Republicana.

A minha indignação transborda e representa inclusive muitos dos Parlamentares. O desconforto com a falta de decoro e postura de alguns vereadores, que preferem acima de tudo, olvidando sua condição representativa no parlamento, tumultuar ao invés de construir, exteriorizando a sua verdadeira índole, intenção e vontade individual de fazer por si e para si, e definitivamente não representar a vontade e necessidade de quem ilusoriamente acreditou que seria representado ao dedicar seu vota a ele.

O Sr. Ricardo Blattes do Partido dos Trabalhadores – PT utiliza de subterfúgios para atrapalhar os trabalhos da Casa, nas sessões plenárias e de maneira geral em toda a Câmara de Vereadores, seja na sua administração ou trabalhos legislativos. Demonstra clara e ideologicamente, de forma planejada e dedicada, e age tendo como meta “não produzir ou ajudar em nada, e sim se puder piorar e tumultuar, para se aproximar cada vez da sua essência, do seu berço político e satisfazer seu ego, passando ao largo de sua real atribuição institucional”.

Com a ajuda de todos os outros Parlamentares, continuaremos sempre de forma honesta e profícua professando de forma séria, cívica e responsável nosso trabalho junto ao Parlamento conduzindo-o a servir nossa comunidade. Trabalhando nas soluções e nas interações institucionais com o Poder Executivo, sendo fiscalizando ou acolhendo suas ações em prol de Santa Maria.

Não abro mão do combate em nome de valores éticos e morais da democracia e da boa política, da democracia e a ordem pública.

João Ricardo Vargas – CEL VARGAS

Presidente CMVSM”

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6 Comentários

  1. Diria que existe mais de uma maneira de dizer ‘discordo de como está sendo interpretado o regimento interno’. Diria também que posturas arrogantes e tom de voz alterado levam a lugar nenhum.
    Espanta que no partido que se fala seguidamente em ‘ódio’ procura-se com afinco o conflito.
    Elefante branco deveria ser transformado numa fabrica de travesseiros, penas não irão faltar.
    Controladores de velocidade? Basta ir num colegio bom da aldeia, conseguir um(a) aluno(a) que saiba Excel, entregar os dados e pedir que seja produzido um histograma relacionando numero de multas por faixa de velocidade (50 a 55 Km/h, 55 a 60, assim por diante).

  2. Te pego na saída.
    Este é o nível de Debate.
    .
    Conforme artigo x, parágrafo y e inciso z do regimento.
    E as pessoas afrouxam.

  3. Sem definições para ocorridos. Nos tempos atuais nem moleque faz uma dessas. Transmitido ao vivo em Canal aberto.
    . Essa legislatura só mostra cada vez mais o despreparo dos eleitos. Quem perde é a comunidade. Vão se unir e menos holofotes individuais. Vão achar soluções para a cidade e definir o futuro do elefante branco que é a obra inacabada da câmara. Mais trabalho e menos discursos. São muito bem pagos diante da crise econômica que vivemos. É revoltante assistir uns barbados quase chegarem as vias de fato.

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