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ELEIÇÕES 2020. MDB também se mexe e Moreira anuncia para dezembro o candidato ao Piratini

Partido faz encontros macrorregionais para elaboração do “plano de governo”

Alceu Moreira afirma que o nome do candidato do MDB será conhecido em dezembro (foto Galileu Oldenburg/Divulgação/Arquivo)

Da Assessoria de Imprensa do MDB/RS / Com foto de Galileu Oldenburb (Arquivo)

Um ano antes das próximas eleições, o presidente do MDB gaúcho, deputado federal Alceu Moreira, fala sobre os projetos do partido para 2022, legenda que governou quatro vezes o Rio Grande do Sul.
Neste mês, a direção estadual percorrerá o estado com uma série de eventos macrorregionais para iniciar a construção do seu plano de governo. Também anuncia para o dia 4 de dezembro a definição do nome do seu candidato ao Palácio Piratini.
Nesta entrevista exclusiva ao site do MDB-RS, Alceu aborda os temas que deverão permear o novo plano de governo, contextualiza a atuação do partido no cenário estadual, fala sobre possível alianças, candidatura ao Senado e a conjuntura nacional.

O MDB é o partido que mais vezes governou o Rio Grande do Sul e esteve presente em todas as disputas eleitorais para o comando do Palácio Piratini. Como avalia essas gestões?
O MDB teve a oportunidade de governar quatro vezes o Rio Grande do Sul e aqui traço um paralelo entre estas gestões para destacar que as circunstâncias mudam. No Governo Pedro Simon tínhamos um partido muito grande, ganhamos com maioria na Assembleia Legislativa e se podia fazer uma administração mais genuinamente partidarizado. O Estado tinha naquele momento uma possibilidade razoável de financiamento e foi um governo que fez muitas obras e deixou marcas positivas, mas também tinha no contraponto uma questão de natureza política com a esquerda muito radicalizada, tanto que Simon assumiu o governo com uma greve no magistério que se estendeu por três meses, o que demonstra uma profunda intolerância política.

Depois tivemos o Governo Antônio Britto que foi inovador, com uma característica de empreendedorismo muito a frente do seu tempo. Foi a época das privatizações e isso criou-se na sociedade um movimento dos “nós contra eles”. Depois disso tivemos o Governo Germano Rigotto, que diferente do Britto, já não tinha mais as privatizações, o recurso extra para fazer investimento, além de ter enfrentado três anos de seca e extrema dificuldade financeira. Mas foi um governador conciliador, articulador que construiu maioria na Assembleia e conseguiu dialogar com a sociedade mesmo com a oposição muito aguerrida. Foi trabalhando o governo e realizou grandes conquistas.

Depois tivemos o Governo José Ivo Sartori, que com uma decisão corajosa, resolveu trabalhar como nunca o equilíbrio do Estado. Essa característica que já era presente no Governo Rigotto voltou com força ainda maior, cortando na carne. Não se tinha recursos para fazer convênios com os municípios para gerar projetos de desenvolvimento. Lhe foi restringido o poder da criatividade, pois lhe faltava a capacidade de financiamento para as políticas mais diversas. Mas ele assegurou um novo momento para o Rio Grande do Sul, de seriedade, de honestidade e de cuidado com o bem público, pensando nas novas gerações.

Os quatro governos do MDB promoveram mudanças estruturais no RS, causando até uma falta de compreensão por parte da sociedade quanto às medidas propostas. Mas os quatro governadores toparam assumir essa tarefa…
Tanto é verdade que terminado o Governo Sartori sofremos a derrota eleitoral, mas por outro lado, tivemos uma grande vitória política. Apesar de todas as dificuldades, perder uma eleição por 4% de diferença no segundo turno demonstra que uma grande parcela da sociedade gaúcha reafirmou o reconhecimento ao sacrifício, a seriedade e a honestidade. O capital político do MDB continua sendo muito grande. Isso tem um pouco do que é fazer um governo com traço de estadismo, de estadista e do populismo. Os governantes do MDB jamais quiseram fazer qualquer tipo de aproximação com o populismo. Mesmo com os caminhos muito duros, muito difíceis, mesmo com incompreensão da população, com o povo nas ruas, mas era melhor tratar essas questões de frente. A responsabilidade com a coisa pública sempre foi um traço do MDB. Um governante precisa ter coragem, se ele tiver certeza de que ele está correto, espera o reconhecimento futuro, mas entende que tem que fazer o processo cirúrgico, doloroso, de corte, porque é preciso ser feito e o MDB fez isso nos quatro governos.

O senhor considera que o Governo Eduardo Leite (PSDB) seguiu as políticas executadas no Governo Sartori?
Boa parte das políticas vieram de iniciativas do Governo Sartori. O fato de estar no mesmo campo político deu ao atual Governo conforto para a execução das políticas. Agora, poderia se questionar se o atual governo seria uma continuidade pura e simples? Não, claro que não. Os governantes têm os seus traços de personalidade e condições pessoais e ampliam e operam de forma distinta. Mas o respeito às políticas instituídas e que irão gerar resultado. E estão gerando, visto que hoje temos um Estado que vai encontrando o equilíbrio de suas contas. Por isso é que o próximo governo será diferente do atual, pois as circunstâncias serão outras. Teremos outras dificuldades e outras formas de achar solução. E o que o MDB está propondo neste momento, é valorizar o que cada governo fez ao seu tempo. Perceber que a sociedade está ficando saturada da democracia que não entrega resultados.

Por exemplo?
O MDB entende que o movimento que se deve fazer é buscar nas mais diversas regiões do estado os arranjos produtivos que gerem um projeto de desenvolvimento com inclusão social. Não podemos imaginar que teremos um Rio Grande vencedor quando se tem em torno de 4 milhões de gaúchos com capacidade física para produzir, mas que estão fora do processo de produção e consumo por falta de habilitação profissional. E isso é uma coisa simples, pois as mãos não conseguem construir aquilo que a cabeça não conhece.

O MDB começará agora em setembro percorrer o Rio Grande do Sul com sete encontros macrorregionais para discutir um plano de governo para o Estado. O incentivo ao empreendedorismo será um dos destaques deste debate?
O MDB fará sete encontros e começa a definir como serão as participações macrorregionais nessa construção do arranjo produtivo de tal maneira que a figura do Estado Lato Sensu possa se compor com forças vivas e coletivas da sociedade. Precisamos estimular que o cidadão saia do passivo social, pois ele às vezes tem 35, 40, 50 anos e não tem habilitação profissional, por isso não consegue produzir trabalho e renda. Bom, se eu sou governante e sei disso, eu preciso fazer esse cidadão passar por um túnel chamado Estado e colocá-lo na inclusão produtiva. É simples? Não. É muito complexo, porque é um arranjo para cada circunstância. E precisamos buscar ferramentas para fazer esse filtro.

E a ideia é chamar a base para participar desse debate…
São duas questões. Primeiro, ninguém luta sem causa. Se o militante não identificar essa causa, não fará uma luta com resultados. Ir para as regiões conversar com nossos líderes significa colocá-los na mesma página. É dizer o seguinte: “a tua liderança quando se expressa no microfone de rádio, escreve nas redes sociais, se manifesta nas câmaras de vereadores ou na imprensa, na prefeitura, ela tem que refletir essa vontade coletiva do partido”. Acredito que os projetos de governo não podem ser uma folha de papel em branco levada para uma sala para ser definido por três ou quatro pessoas. A segunda questão é que, na medida do possível, vamos abrir essa discussão com outras autoridades, como as universidades, que são inspiradoras e geradoras de conhecimento. Procurar pessoas dentro de cada respectiva área, que mais conhecem sobre o tema e aquelas que têm poder de decisão e capacidade de financiamento. A partir destes dois eixos é possível executar as políticas de desenvolvimento.

Seria uma união do social com o econômico?
Por exemplo, deveria procurar o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, ou de qualquer outra grande cidade, onde de certa forma se centrifuga a pobreza. O pobre sempre vai morar longe, na margem da cidade, sem os serviços essenciais. Bom, se isso é uma realidade e ainda temos bolsões gigantescos de pobreza, como um governo do MDB incide neste processo para fazer transformações? Chama as autoridades do município, universidades, o próprio Sistema S. E onde iremos fazer a cidade mais qualificada? Neste espaço mais pobre da cidade, pois lá você vai construir uma coisa chamada porta da dignidade. A pessoa vai perceber que quando ela passa por aquela porta, ela deixa de ser aquele cidadão marginalizado pela sociedade e passou a ser uma pessoa protegida, acompanhada, amada na sua formação da dignidade social. E isso tem que ocorrer em todas as áreas. Sabemos que não há dinheiro para tudo, mas o desafio de fazer política é a criatividade empreendedora. Se você sabe o que deseja, já tem meio caminho andado. Temos que saber que o maior bem de uma cidade é a nossa gente. Tem que dar foco à periferia, para que essas pessoas saiam do passivo social e passem para o ativo produtivo…”

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