Aos professores e à consciência do consumo – por Marta Tocchetto
Força de Antonieta de Barros e maltrato do País em educação e meio ambiente
A educação ambiental é o elo entre professores e um padrão de consumo mais consciente, no qual a responsabilidade individual e coletiva são parte do processo de transformação.
Professores promovem transformações por meio da educação. A educação liberta e emancipa. Por este motivo, governos autoritários atacam os professores, a educação e as instituições. Subjugar, dominar, doutrinar indivíduos livres e pensantes é muito mais difícil.
Dia 15 de outubro é o Dia do Professor e da Professora. A data é mais do que uma comemoração. O dia simboliza a luta de uma mulher negra e educadora que acreditava que a educação era o caminho para o futuro. Antonieta de Barros foi a autora da lei que dá destaque a estes profissionais como agentes de mudança da sociedade.
“Educar é ensinar os outros a viver, é iluminar caminhos alheios; é amparar debilitados, transformando-os em fortes; é mostrar as veredas, apontar a escalada, possibilitando avançar sem tropeços; é transportar as almas que o Senhor nos confia à força insuperável da fé”, proferiu em um de seus discursos no congresso.
A força de Antonieta também impregna os professores deste Brasil tão maltratado em áreas fundamentais, como educação e meio ambiente. Professores de todos os níveis estão entre os profissionais mais mal remunerados. O Rio Grande do Sul está no fim da fila do piso salarial. Enquanto o Maranhão paga um piso de aproximadamente seis mil reais, o Estado não alcança um mil e trezentos reais.
É no mínimo irônico que o programa Avançar na Educação que prevê, segundo o governador, investimento histórico, acima de um bilhão de reais em obras e qualificação do ensino, não inclua uma melhor remuneração aos professores, dentro de propostas que pretendem avançar e qualificar.
Como disse Paulo Freire: “Educação não transforma o mundo. Educação transforma as pessoas. Pessoas transformam o mundo”. Não há educação sem valorização do indivíduo e de seus profissionais.
Dia 15 de outubro é igualmente marcante, pois é o Dia do Consumo Consciente, cujo objetivo é despertar a consciência dos brasileiros para os padrões de consumo. Foi instituído, em 2009, pelo Ministério do Meio Ambiente.
A data chama a atenção para o modo de produção, o consumo excessivo e o desperdício. O planeta está entrando em colapso, em virtude da excessiva extração de recursos naturais para atender as necessidades humanas cada vez maiores.
A volatilidade do modo de produção tem encurtado o ciclo de vida dos produtos para estimular o consumo. O resultado é a crescente geração de resíduos. A mudança de padrão de requer mudança de comportamento. Nossas escolhas são decisivas para que o processo de transformação aconteça.
A repetição sucessiva de atitudes simples faz com que elas ganhem dimensão e importância rumo a um consumo mais sustentável. “Seja a mudança que você quer no mundo”, nos ensina Mahatma Ghandi.
A mudança começa em cada um de nós – Reduzir o uso de plástico, em especial os de uso único (descartáveis) substituindo-os por retornáveis; – Economizar água reduzindo desperdício e adotando estratégias de reaproveitamento e reuso; – Substituir fontes convencionais de energia (petróleo, carvão) por alternativas limpas e renováveis; – Repensar a real necessidade antes de comprar algum bem; – Preferir produtos e empresas locais contribuindo, assim para a redução de gases de efeito estufa; – Conhecer a forma de produção optando por empresas que adotem práticas sustentáveis; – Optar por produtos que não contenham na sua formulação compostos tóxicos; – Banir empresas que adotam práticas ambientais poluentes e sociais injustas e indignas.
A educação ambiental é o elo entre professores e um padrão de consumo mais consciente, no qual a responsabilidade individual e coletiva são parte do processo de transformação. Evocando mais uma vez Paulo Freire, “se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda”
(*) Marta Tocchetto é Professora Titular aposentada do Departamento de Química da UFSM. É Doutora em Engenharia, na área de Ciência dos Materiais. Foi responsável pela implantação da Coleta Seletiva Solidária na UFSM e ganhadora do Prêmio Pioneiras da Ecologia 2017, concedido pela Assembleia Legislativa gaúcha. Marta Tocchetto, que também é palestrante em diversos eventos nacionais e internacionais, escreve neste espaço às terças-feiras.
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