Reproduzido do Site do Correio do Povo / Texto de Flavia Bemfica
O PP gaúcho projeta como “praticamente certa” a filiação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à sigla ainda neste ano, e começou a se preparar para o ingresso, já que a estimativa é de que, no RS, assim como em outros estados, a filiação tenha, como um dos desdobramentos, a chegada de novos filiados, detentores ou não de mandatos. “Evidente que a vinda do Bolsonaro terá uma repercussão aqui no Estado tanto para a candidatura do Heinze ao governo, quanto para a formação da chapa majoritária, quanto para as nominatas dos deputados. E gostaríamos que fosse definida o quanto antes. Sem o Bolsonaro, projetamos manter os oito deputados estaduais e fazer quatro federais. Com o Bolsonaro, esta previsão sobe para 10 estaduais e entre cinco e seis federais”, estima o presidente do PP no RS, Celso Bernardi.
Um dos maiores incentivadores da filiação de Bolsonaro, o senador Luis Carlos Heinze, pré-candidato do partido ao governo em 2022, faz coro a Bernardi. “O namoro já vem de meses, e agora está quase acertado. Eu acho que ele anuncia este ano ainda. O Ciro (Ciro Nogueira, presidente licenciado do PP nacional e atual ministro da Casa Civil) conversa todo o dia com ele, e tem trabalhado bem esta questão”, diz Heinze. Assim como Bernardi, o senador projeta que a transferência de Bolsonaro tem potencial para fazer o PP crescer ainda mais. “Ajuda minha candidatura. Ao natural, ele traz outros nomes, e nós seguramente faremos mais deputados. Nacionalmente, não crescem só as bancadas no Senado e na Câmara dos Deputados. Aumentam as chances também de conquistarmos mais governos estaduais”, avalia.
Sobre como o partido pretende equacionar a questão envolvendo o ministro Onyx Lorenzoni (DEM) caso ele migre também para o PP, uma vez que Onyx se coloca como pré-candidato ao Piratini, Heinze responde que será equacionado. “O caso do Onyx deverá haver um acerto nesse processo, porque minha candidatura está decidida, mas temos uma vaga para vice, uma vaga para o Senado, e as composições virão. Acho que para o Onyx ficou difícil permanecer nesse novo partido (o União Brasil, resultado da fusão do DEM com o PSL, que não apoiará a tentativa de reeleição de Bolsonaro), mas não conversei com ele ainda sobre isto.”
Nos bastidores, cálculos e inquietações
À parte o caso do ministro Onyx Lorenzoni (DEM), que tanto poderá acompanhar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) rumo a uma nova sigla, como migrar para outra, são dadas como certas pelas lideranças do PP gaúcho, por enquanto, as chegadas do deputado federal Ubiratan Sanderson (PSL), e do estadual Luciano Zucco (PSL). Também há conversas com o estadual Vilmar Lourenço (PSL).
Apesar de o ‘aporte’ de novos nomes no PP animar lideranças como o presidente estadual, Celso Bernardi, e o senador e pré-candidato ao governo, Luis Carlos Heinze, internamente parte dos parlamentares têm demonstrado preocupação. O receio é de que as projeções de aumento de bancadas não se confirmem ou de que uma parcela dos atuais deputados do partido, federais ou estaduais, acabe sendo substituída por novos correligionários.
Um dos exemplos citados para ilustrar a questão é o do deputado Zucco, que pretende concorrer a uma cadeira na Câmara Federal. Em 2018, ele obteve 166.747 votos para a Assembleia Legislativa, onde foi o mais votado. Ao mesmo tempo, o mais votado do PP naquela eleição para a Câmara dos Deputados foi Luis Antonio Covatti (Covatti Filho), que fez 102.063. Para a Assembleia Legislativa, a mais votada do PP foi Silvana Covatti (mãe de Covatti Filho), que contabilizou 75.068 votos.
O sinal amarelo entre parcela de parlamentares progressistas e outros do partido que pretendem concorrer no próximo ano a cadeiras nos legislativos acendeu com o anúncio feito pelo deputado federal Jerônimo Goergen no mês passado. Após três mandatos na Câmara Federal, Goergen oficializou que não disputará a eleição de 2022, argumentando que pretende ficar mais próximo da família. E lembrando que não obteve êxito em conseguir a indicação da sigla para disputar o Senado. Nos bastidores, contudo, passou a circular também a narrativa de que o deputado projetava que a campanha do ano que vem será muito acirrada e com adversários de peso, com risco concreto para os atuais detentores de mandato de não conseguirem alcançar a reeleição.
Heinze, contudo, nega a existência de restrições. “A chegada do Bolsonaro, e dos demais que ele trará, não causa um receio entre os deputados do PP. Não há motivo para isso, porque eles vão somar.”
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