KISS. A marca do 8º dia de julgamento: o protesto realizado por sobreviventes e familiares das vítimas
Saída dos familiares do júri, fotos mostradas ao público e a fala do Promotor
Por Tatiana Py Dutra / Da Padrinho Agência de Conteúdo
O julgamento dos réus da boate Kiss, no Foro Central de Porto Alegre, chegou ao oitavo dia nesta quarta-feira (8). Duas testemunhas muito aguardadas prestaram depoimentos: o ex-prefeito de Santa Maria Cezar Schirmer, que governava a cidade à época da tragédia, e o promotor de Justiça Ricardo Lozza, que conduziu o termo de ajustamento de conduta (TAC) que exigiu obras na boate e que permitiu o funcionamento da casa noturna.
Schirmer, atualmente secretário de Planejamento e Assuntos Estratégicos da prefeitura de Porto Alegre, foi o primeiro a falar no tribunal. Em sua fala, negou erros e omissões por parte de sua administração, disse que a imprensa “parecia que desejava envolver a prefeitura de qualquer forma” e criticou a Polícia Civil.
“Não tinha coerência nos indiciamentos. Era notória a má vontade da polícia. Alguns policiais tratavam funcionários da prefeitura com imensa grosseria. Disseram que o alvará sanitário estava vencido e não estava, só tinha erro de digitação do ano. O Ministério Público aceitou (…)”
Durante as falas do prefeito, os familiares e sobreviventes da tragédia se retiraram em massa do tribunal. O presidente da Associação de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Flavio Silva, explicou o protesto:
“Foi um dos piores depoimentos que assistimos nesses dias de oitivas. Uma coisa que causou até enjoo. O ex-prefeito não veio responder interrogatório, mas fazer propaganda do mandato dele, que foi um fracasso. E o reflexo disso foi a tragédia na boate Kiss. Não temos necessidade de assistir a tudo, nem devemos acompanhar esse tipo de coisa”.
Mostra ao ar livre
Uma outra manifestação do grupo foi realizada, horas depois, em frente ao Fórum: familiares e sobreviventes posaram com fotos do interior do prédio da Kiss. As imagens foram produzidas pelo fotógrafo Dartanhan Baldez Figueiredo, em três visitas que fez ao local. O autor, bem como os sobreviventes, explicaram aos interessados a localização e o perigo escondido em cada um
“Esse é o banheiro feminino. Isso mostra que toda a vez que fosse aberta uma das portas, as pessoas que estavam depois [na fila] ficavam trancadas”, comentou Dartanhan.
“Isso aqui virou um labirinto depois que ficou sem luz”, explicou Delvani Rosso, um dos sobreviventes que testemunhou no julgamento.
Promotor
Os primeiros depoimentos da tarde foram do gerente de empresa de bebidas Geandro Guedes e do publicitário Fernando Bergoli. Depois, foi a vez de Lozza. O promotor afirmou que cabia ao município o fechamento da boate em caso de licença vencida e negou que a colocação de espumas na boate não foi definida pelo Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público (MP) sobre isolamento acústico da boate.
O diretor jurídico da AVTSM, Paulo Carvalho, se disse surpreendido com a falta de argumentos do advogado de Elissandro Spohr, Jader Marques. Por várias vezes, o defensor alegou que o MP concorria em culpa na tragédia por ter determinado a colocação da espuma, argumento que não sustentou no Tribunal.
“Foi surpreendente que, depois de tantas alegações, quando o Lozza depôs, ele nem citou isso. Achei, até surpreendente. Ele [Jader] não tinha mais argumentos sobre o TAC da Kiss, ele [Lozza] desmontou essa situação. Os outros defensores não fizeram perguntas, só foram mostrados vídeos pela promotoria com o Jader fazendo essas acusações. Terminou rápido”, avaliou.
Réu depõe
No fechamento deste conteúdo, Elissandro Spohr, um dos sócios da boate, prestava depoimento. Ele, Mauro Londero Hoffmann (sócio da boate), Marcelo de Jesus dos Santos (músico) e Luciano Augusto Bonilha Leão (produtor musical) são acusados de 242 homicídios e 636 homicídios tentados no incêndio da boate Kiss, ocorrido em 27 de janeiro de 2013.
“Tá adiantado. Isso é muito bom. A gente precisa que isso finalize. Tínhamos a expectativa de que isso iria demorar muito ainda”, disse Paulo Carvalho
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