KISS. Um domingo marcado pela solidariedade e o carinho das populações de Santa Maria e da capital

Por Tatiana Py Dutra / Padinho Agência de Conteúdo

No 5º dia de julgamento dos réus da tragédia na boate Kiss, familiares e sobreviventes receberam nova dose do remédio mais eficaz para amenizar a tensão e a angústia que têm vivido: apoio. 

Reunidos na Tenda do Carinho, instalada ao lado do Fórum Central de Porto Alegre, por volta das 12h45min deste domingo (5), eles receberam um mural repleto de mensagens de solidariedade vindo de Santa Maria. O banner estava instalado na Tenda da Vigília, no centro da cidade, desde o primeiro dia do julgamento. Lá, dezenas de pessoas escreveram textos de encorajamento e pedidos de justiça.

O presente gerou profunda emoção. Maria Aparecida Neves – que perdeu o único filho, Augusto, no incêndio – disse que as manifestações renovaram sua fé na sociedade santa-mariense. Segundo ela, após o choque inicial das 242 mortes, a cidade passou a hostilizar quem pedia a responsabilização criminal dos envolvidos.

“Eu tinha perdido a esperança em Santa Maria, inclusive disse em uma entrevista que todos lá estavam contra nós, que eu não acreditava mais nas pessoas de Santa Maria. E isso vem mostrar a nós que eles nos apoiam. Então, quero agradecer a todos, a cada um que mandou uma mensagem de estímulo para nós”, afirmou.

Mãe de Jéssica, estudante morta na boate, Chica Almeida agradeceu toda a acolhida recebida desde que chegaram à Capital. Diariamente, a Tenda do Carinho recebe flores, alimentos, quitutes e ofertas variadas para garantir o bem-estar de familiares e sobreviventes.

“Quero agradecer aos nossos filhos, que vieram junto conosco. A vibração deles que vêm lá do céu para nos abençoar. A gente nem sabia que ia ser assim, com enfermeiros, doutores, todos daqui [na Tenda], e os nossos de lá que não puderam vir (..), mas que estão dando força. Muito obrigada a todos. Valeu a pena nos virmos. Força!”, disse.

Fortalecimento

Minutos depois, o grupo se dirigiu ao CTG Estância da Azenha, vizinho ao estacionamento onde foi instalada a Tenda, para compartilhar o churrasco dos 38 anos de aniversário da entidade tradicionalista.

“Oferecemos a eles toda a nossa instituição (…), para que viessem para cá e espairecessem um pouco. A gente sabe do momento difícil que estão vivendo. Nada mais justo do que curtam um pouquinho, esqueçam um pouquinho para aguentar mais esse tempo todo que têm pela frente, de mais uma semana ou 15 dias [de julgamento]. A gente vai estar sempre a disposição deles, pois temos a percepção do que aconteceu e o sofrimento que eles sentem”, comentou o patrão do CTG, Clóvis Antônio Caruso.

Para o presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Flávio Silva, as demonstrações de apoio e carinho fazem com que o grupo se sinta mais forte para enfrentar a batalha no Tribunal:

“Isso nos fortalece e faz com que acreditemos cada vez mais nessa luta, que é digna, e não é só nossa. É a luta da sociedade por Justiça”.