Anne Bonny e Mary Read. Piratas – por Elen Biguelini
O tema que escolhemos para hoje continua o nosso interesse em personagens femininas marcantes da história. Pouco conhecidas no Brasil, estas duas inglesas preenchem o imaginário de diversas culturas de língua inglesa e influenciam grande parte da literatura e cinema que retrata o mundo dos piratas. Foram mulheres que existiram verdadeiramente e que optaram pela vida afastada da sociedade sendo as capitãs de barcos piratas.
Anne Bonny (ou Bonney) nasceu em 8 de março de 1702, filha de um advogado irlandês, lawyer William Cormac, e de uma criada de sua casa, Mary Brennan. Ela se casou com um pirata chamado James Bonny. Com o casamento, ele pretendia tomar posse da plantação de seu pai, mas ela foi deserdada.
Entre 1714 e 1716 teria morado com o marido em Nassau, mas sua jovem esposa não gostava do marido e acabou iniciando uma relação com outro pirada, Jack Rackham, conhecido como Calico Jack. Ela viveu nas Bahamas com seu amado por certo tempo, mas quando o governador do local, Woodes Rogers, decidiu que ela deveria voltar ao marido, os amantes fugiriam e passaram a viver juntos em um barco pirata. Fugiram, assim, de um local que era considerado então como um santuário para os piratas ingleses e passaram a ter o Oceano como seu lar.
Ela passou a se vestir como homem, assim como carregar armas que eram relacionadas a sua profissão, como uma pistola. A representação mais famosa de sua figura apresenta seus cabelos (que são por vezes descritos como ruivos) ao vento, uma pistola apontando para a frente, enquanto seus peitos estão mal cobertos por uma camisa e um casaco aberto. Em sua cintura, um facão, um machado e uma bainha de espada, que carrega na mão direita voltada para trás. Com calça e chapéu masculino, a representação demonstra a dualidade, feminino x masculino, que passou a identificar esta figura histórica.
Outra figura representada da mesma maneira, mas com uma espada hasteada, ao invés de uma pistola, é Mary Read, que teve uma vida semelhante.
Mary Read, por sua vez, foi uma inglesa, nascida em 1685. Era a filha ilegítima de um capitão, James Kid. Sua mãe já era casada, e desta união tinha já um filho. Quando o marido desapareceu e o filho faleceu, sua mãe passou a vesti-la em trajes masculinos, fingindo que Mary era sua criança falecida. Assim a criança receberia a herança de seu marido.
Mary Read conseguiu emprego em um navio e, posteriormente, uma carreira militar. Conheceu um militar estrangeiro por quem se apaixonou e casou. Ela passou então a cuidar de uma taverna na holanda, mas a morte do marido a levou ao mar.
Seu barco foi invadido por piratas e ela também optou por entrar nesta profissão. Após alguns anos nesta inusitada carreira para uma mulher, seu barco foi invadido pelo famoso pirata Calico Jack. É então que Mary conhece outra mulher pirata, Anne. Ambas vestidas de homem, teriam revelado sua identidade apenas para a outra figura feminina, e continuado na tripulação do capitão e amante de Anne. Neste navio, Mary se apaixonou e casou com Bartholomeu Roberts.
Em 15 de novembro de 1720 o navio no qual estava a tripulação de Jack foi invadido e elas, assim como o resto daqueles que não haviam fugido, foram presas na Jamaica.
Revelaram seu sexo perante o tribunal e afirmaram estarem ambas grávidas. Mary deu à luz a uma criança, que não sobreviveu, e faleceu de uma febre no dia 28 de abril de 1721. Anne teria saído da prisão, mas desapareceu e nada se sabe sobre ela posteriormente a esta data. O resto de sua tripulação faleceu na forca.
*Elen Biguelini é doutora em História (Universidade de Coimbra, 2017) e Mestre em Estudos Feministas (Universidade de Coimbra, 2012), tendo como foco a pesquisa na história das mulheres e da autoria feminina durante o século XIX. Ela escreve semanalmente aos domingos, no Site.
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