CIDADE. Comitê em Defesa da Economia Solidária divulga nota sobre transferência da irmã Lourdes
Entidade busca o diálogo para manter a religiosa em Santa Maria
Por Maiquel Rosauro
Diálogo. É o que reivindica o Comitê Popular em Defesa da Economia Solidária sobre a transferência da irmã Lourdes Dill, 70 anos, ao Maranhão. Em nota enviada à imprensa na noite de segunda-feira (17), a entidade afirma que “agora, fortalecer a Economia Solidária em Santa Maria, envolve manter a sua principal articuladora: a Irmã Lourdes Dill”.
O comunicado é dividido em 15 pontos, sendo que no 12 e no 13 cita o atual arcebispo de Santa Maria, Dom Leomar Brustolin, em um pedido ao diálogo.
Confira na íntegra:
Nota do Comitê Popular em Defesa da Economia Solidária de Santa Maria para o Mundo: um convite ao diálogo.
“Apenas os que dialogam podem construir pontes e vínculos”.
Papa Francisco.
1- O Comitê Popular em Defesa da Economia Solidária de Santa Maria é um coletivo da sociedade civil organizada, criado no dia 23 de dezembro de 2021. Reúne pessoas e organizações comprometidas com a defesa da Economia Solidária. Constituímos um grupo abrangente, plural, que reúne militantes das comunidades eclesiais de base da Igreja Católica, Protestantes, devotos de religiões de matrizes Afro-brasileiras, Indígenas, e também, Agnósticos e Ateus. Nos irmanamos em nome do Humanismo, da Fraternidade, do Amor e da Justiça Social.
2- Entre nós há trabalhadoras e trabalhadores desempregados. Também, trabalhadores da iniciativa privada, dos serviços públicos e da Economia Solidária. Somos do campo e da cidade, militantes de movimentos comunitários e associativos, estudantes, sindicalistas, educadores e educadoras populares, pesquisadores e pesquisadoras, ativistas culturais, de coletivos das juventudes, das mulheres e da comunidade afrodescendente. Somos sobreviventes de nosso suor diário, através do trabalho.
3- O Comitê Popular em Defesa da Economia Solidária de Santa Maria se constituiu a partir de um contexto objetivo, relacionado a divulgação da transferência da Irmã Lourdes Dill para o município de Barra do Corda, no estado do Maranhão. Assim como uma diversidade de pessoas e organizações em âmbito local, nacional e internacional, viemos refletindo sobre os impactos sociais da mudança, no que tange o Movimento de Economia Solidária e, também, quanto a individualidade da Irmã Lourdes Dill, uma cidadã brasileira do noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, com sólidas contribuições à Sociedade Gaúcha e a Igreja Católica, e que conta hoje com 70 anos de idade.
4- É de conhecimento público que as sistemáticas crises econômicas vêm gerando desemprego, fome, guerras e violências e rupturas políticas que, no mais das vezes, afrontam a própria Democracia e, os sentidos mais basilares da Civilização.
5- O Movimento de Economia Solidária vem, ao longo das últimas décadas, se revelando como uma sólida alternativa de geração de trabalho e renda para trabalhadores e trabalhadoras do mundo inteiro e, de forma especial, na América Latina e, singularmente, no Brasil. Nossa gente é protagonista de cooperativas, associações e fábricas recuperadas que apontam relações de trabalho de novo tipo, fundadas na solidariedade, na democracia, na igualdade, na justiça social, e no respeito ao meio ambiente.
6- No Brasil, esta obra conta com a fundamental contribuição da Igreja Católica. E inegavelmente, do trabalho missionário de Dom Ivo Lorscheiter e, também, da Irmã Lourdes Dill. Não por personalismo, mas por crença em uma Igreja que, comprometida com o seu povo, dialoga com ele sobre os problemas da vida, e caminha junto.
7- Santa Maria é a Capital Latino Americana da Economia Solidária. Aqui, foi realizado o Fórum Mundial de Educação em 2008, com o tema Economia Solidária e Ética Planetária. É verdadeiro dizer que não foram Dom Ivo Lorscheiter e a Irmã Lourdes Dill que fizeram isso, de forma personalística: quem faz a Economia Solidária, são os pedros e marias, com seus pães, queijos, livros e bordados. São os estudantes, com seus livros e abraços. Ao mesmo tempo, é verdadeiro dizer que, sem a mobilização missionária ativa de Dom Ivo e Irmã Lourdes, isso não teria se tornado uma realidade.
8- Dom Ivo Lorscheiter ficou conhecido como o Bispo da Esperança. Por uma razão simples: não pregou o medo, acreditou nas pessoas, ousou incentivar a autonomia, através do diálogo e da construção coletiva. Irmã Lourdes, e a sua Congregação, abraçaram com ele a perspectiva de uma Igreja aberta, que dialoga com o povo e, assim, caminha com os seus.
9- O Comitê Popular em Defesa da Economia Solidária de Santa Maria observa que as experiências precisam ser fortalecidas, sobretudo em um contexto no qual as estruturas do Poder Público que interagiam com tais trabalhadores e trabalhadoras, vêm sendo destruídas. Neste contexto, a experiência de Santa Maria, precisa ser fortalecida, pois se trata de um polo de referência ao mundo inteiro.
10- Assim, estamos no centro de uma discussão internacional. No Brasil, isso coloca Santa Maria no centro das discussões. E, agora, fortalecer a Economia Solidária em Santa Maria, envolve manter a sua principal articuladora: a Irmã Lourdes Dill.
11- Somos sabedores de que a itinerância é um valor evangélico, próprio da Vida Religiosa Consagrada. Também compreendemos e respeitamos que o Direito Pontifício e o Direito Canônico garantem a Congregação das Filhas do Amor Divino a competência quanto a uma diversidade de questões, incluindo a transferência de suas Irmãs, sem interferência de qualquer outra instância. Ao mesmo tempo, também somos sensíveis as concepções do Santo Padre Francisco que, sistematicamente, roga por uma “Igreja em saída”.
12- Compreendemos que as sábias palavras do Arcebispo da Arquidiocese de Santa Maria, Dom Leomar Brustolin, em mensagem à comunidade anterior a sua posse e, também, no discurso de empossamento, sintetizam as preces do Santo Padre, em nome de uma “Igreja em saída”, quando este se comprometeu em “dar continuidade as boas relações entre a Igreja e as forças vivas dessa região”, e em “escutar a todos, sem exclusões”.
13- O Comitê Popular em Defesa da Economia Solidária de Santa Maria para o Mundo conclama, assim, toda a sociedade a refletir sobre o exercício do diálogo e da escuta. Como muito bem destacou Dom Leomar Brustolin, em sua posse: “trata-se de escutar o contexto, marcado pela pandemia”.
14- A pandemia ampliou o desemprego, a miséria, a fome e a violência. Atinge os mais vulneráveis: os pobres, as crianças, as mulheres, as etnias vítimas do preconceito. Hoje, diálogo significa fortalecer a Economia Solidária em Santa Maria e, isso, é um exemplo para a América Latina e para o mundo inteiro.
15- Sabemos, também, que as palavras precisam ser desdobradas em ações. Neste sentido, conclamamos a sociedade de Santa Maria, para um diálogo fraterno e ampliado sobre as estratégias possíveis para o fortalecimento e a ampliação da Economia Solidária em nossa região.
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