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Das ineficiências do Poder Público – por Giuseppe Riesgo

A “homérica” obra do Centro de Eventos de SM e o “trato da coisa pública”

Em um dos clássicos da literatura, “A Odisseia”, de Homero, acompanhamos o personagem Ulisses (ou no original, Odisseu) em sua epopeia de mais de décadas na volta para casa, após participar da Guerra de Tróia. O personagem, ao longo sua peregrinação em busca do regresso, se vê num emaranhado confuso e ineficiente (para além das questões políticas e amorosas do seu lento retorno).

O livro, dividido originalmente em seis, narra uma das mais longas e impactantes jornadas da história da literatura e, por mais incrível que isso possa parecer, encontra simetria com algumas ineficiências do poder público santa-mariense.

Trago o tema à baila, porque foi inevitável não lembrar dessa jornada épica ao saber que a obra do Centro de Eventos, localizado junto ao nosso “Farrezão”, mais uma vez naufragou. Segundo consta, o contrato de execução da (penúltima) 4º fase teve que ser rescindido por uma falta de acordo acerca do reajuste financeiro junto à empresa contratada. Os elevados custos da construção civil inviabilizaram a readequação financeira do contrato e, consequentemente, paralisaram a obra que já podemos chamar de “homérica”.

No entanto, o caráter grandioso da obra não lhe confere méritos (diferentemente da obra literária). A “odisseia” do Centro de Eventos começou lá em 2005, no governo do meu colega e deputado estadual Valdeci Oliveira (PT). Passou pelos dois governos de Cesar Schirmer (MDB), pelo primeiro governo de Jorge Pozzobom (PSDB) e, ao que tudo indica, seguirá incólume pelo segundo mandato do atual prefeito. Nesse tempo, o esqueleto junto ao “Farrezão” viu Santa Maria Crescer, a tocha olímpica passar, o festival de balonismo começar (e acabar), além de presenciar a tragédia que abalou o país junto à boate kiss. São longos 17 anos de obras que atrapalham a rotina do lugar e escancaram a ineficiência do poder público municipal em iniciar e finalizar uma obra.

Na verdade, o Centro de Eventos é apenas um sintoma de algo muito mais grave e que precisamos urgentemente enfrentar: a burocracia e a ineficácia do Estado em cumprir o básico à população. Numa semana em que tivemos os mesmos e históricos problemas municipais na volta às aulas (falta de professores e de infraestrutura básica), o Centro de Eventos serve como um símbolo da falta de comprometimento dos governantes municipais com a educação e o demais trato da coisa pública. Por isso, o ano de 2022 é fundamental também para o nosso município, afinal, é nas urnas desse ano que daremos uma sinalização do que também queremos para 2024. Ou seja, uma Santa Maria mais próspera, eficiente e com uma prefeitura que não atrapalhe tanto.

(*) Giuseppe Riesgo é deputado estadual e cumpre seu primeiro mandato pelo partido Novo. Ele escreve no Site todas as quintas-feiras.

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