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COVID-19. Tornar a incidência do novo coronavírus em endemia refutada por epidemiologista da UFSM

Tendência é de novo momento de crescimento dos casos, crê Marcos Lobato

Lobato (no destaque): desencontro na orientação sobre uso de máscara prejudica a população (Imagens YouTube/Sedufsm)

Por Fritz R. Nunes / Da Assessoria de Imprensa da Seção Sindical dos Docentes da UFSM (Sedufsm)

O apontamento do governo federal de que a Covid-19 vai ser transformada, por decreto, em uma endemia, e não seguir mais como pandemia, é uma medida errada na avaliação do médico epidemiologista, também professor da UFSM, Marcos Lobato.

Em primeiro lugar, segundo ele, porque não compete ao país fazer essa mudança, mas à Organização Mundial de Saúde (OMS). E, em segundo lugar, pelo fato de que há sinais em caráter mundial de aumento dos casos da doença, sendo que no Brasil, mesmo com a redução da incidência de Covid-19, não há certeza de que esse fato é permanente ou apenas uma “calmaria”.

Essa medida ansiosa e negacionista do presidente Bolsonaro se deve à redução substancial de casos de Covid-19, com a consequente queda de hospitalizações e mortes. O chefe do Executivo cogitou orientar o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a decretar até o fim de março que estamos vivendo não mais uma pandemia, mas sim, uma endemia, que é o tipo de disseminação de uma doença que tem causas e efeitos locais, e não globais.

Em entrevista à assessoria de imprensa da Sedufsm, Lobato também destacou que os dados nacionais de entidades como a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) são preocupantes, pois mostram que a cobertura vacinal em todas as faixas etárias ainda não atingiu um nível ideal, sendo que, entre crianças, a vacinação está aquém do necessário.

No que se refere a possibilidade de termos, no país, um aumento de casos do novo coronavírus, assim como está ocorrendo na China e em alguns países europeus, o médico e professor da UFSM diz que é “provável que isso (crescimento de casos) aconteça”. No cenário mais otimista, afirma ele, com a vacinação atingindo níveis ideais, e torcendo para que não surja uma variante do vírus tão potente como a Ômicron, o que ocorreria é um pequeno aumento da incidência. Mas, ainda é cedo para saber qual cenário teremos.

Sobre a liberação do uso de máscaras, Marcos Lobato entende que, a partir dos dados da pandemia no país, já é possível fazer flexibilizações, como a não obrigatoriedade do uso em ambientes ao ar livre. Entretanto, considera muito cedo se pensar em uma liberação também em ambientes fechados, especialmente com aglomeração de pessoas.

Acompanhe a íntegra da entrevista de Marcos Lobato abaixo.

Sedufsm- O governo federal está projetando uma mudança em relação à Covid-19, classificando-a de “endemia” e não mais de “pandemia”. Na sua avaliação, essa medida é acertada?

Marcos Lobato– Não, primeiro porque não é um país que faz essa declaração, isso compete à OMS (Organização Mundial da Saúde). Além disso, os dados dos casos não permitem que se faça isso. Temos casos novos em todos os continentes: na Ásia e na Europa temos aumento de casos, isto é, uma incidência aumentada. No Brasil, mesmo com a diminuição da incidência de casos não tivemos tempo para saber se isso será permanente ou, como ocorreu outras vezes, teremos apenas um “tempo de calmaria” antes de uma nova onda.

Sedufsm– No seu modo de ver, a campanha de vacinação no Brasil, especialmente entre as crianças, atingiu o patamar ideal? A dose de reforço tem alcançado números ideais?

Marcos Lobato– Com base em uma nota técnica da Fiocruz de 16 de março deste ano (AQUI), as coberturas vacinais em todas as faixas etárias estão abaixo do adequado, em particular, nas crianças ainda é pior.

Sedufsm– Olhando os dados mundo afora, percebe-se um recrudescimento dos casos de Covid-19, inclusive com mortes, na China, que decretou lockdown em algumas regiões populosas. Situação parecida com a da Alemanha, que na última sexta (18), teve quase 300 mortes em um único dia. Qual o risco que temos de vermos um novo crescimento de casos no Brasil, com hospitalizações e mortes?

Marcos Lobato– Levando em conta as informações e o conhecimento que se adquiriu sobre a dinâmica da pandemia, pode-se dizer que é muito provável que esse crescimento aconteça. Podemos pensar em vários cenários. O mais otimista seria de um pequeno aumento da incidência, isso se avançarmos na vacinação e sem o surgimento de uma nova variante de preocupação, como ocorreu com a Ômicron.

Sedufsm– A desobrigatoriedade do uso de máscara teve interpretações bastante diferenciadas em estados e municípios. Alguns, tiraram a obrigatoriedade para locais e abertos e, em outros, para lugares abertos e fechados. Na sua avaliação, qual é a melhor regra para o uso de máscara? E, se esse tipo de desentendimento entre os diferentes gestores não confunde a população?

Marcos Lobato– Se usamos como referência os dados de casos novos nas últimas semanas, incidências, podemos pensar em fazer essa mudança, mas temos que ter cautela, entendo que deve-se fazer isso de forma gradual, primeiro a desobrigatoriedade do uso de máscara em ambientes ao ar livre e sem aglomerações, esperar mais ou menos duas semanas, avaliar se aumentou a incidência e decidir se  a desobrigação deve ser ampliada.  Essas decisões divergentes confundem a população sim, principalmente quando não tem coerência com os dados da ocorrência de novos casos.

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