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ESPORTE. Em jejum há 8 anos, Pumpkins querem retomar a hegemonia no Futebol Americano do RS

Equipe da capital trabalha para restabelecer sua dinastia no território gaúcho

A equipe de Porto Alegre não vence o Gauchão há aproximadamente oito anos (Foto Reprodução/Caroline Quintanilha)

Por Pedro Pereira

Já conhecida pelo Brasil por sua capacidade de fabricar gigantes do futebol da bola redonda, nada melhor que a capital gaúcha para ser a casa de um dos times mais tradicionais do futebol americano gaúcho, o Porto Alegre Pumpkins. Retornando aos gramados após um hiato de quatro anos, os Abóboras entram em 2022 com o objetivo de restabelecer a dinastia que construíram no início da década passada.

Durante a primeira metade dos anos 2000, quando o YouTube ainda não era uma grande ferramenta de pesquisa, o Orkut e diferentes blogs eram os fortes meios de comunicação e produção de conteúdo na internet.

Dessa forma, graças a grupos de bate papos temáticos sobre o esporte da bola oval, os amigos Vinicius Bergmann, Daniel Romanenco e Carlos Brum tomaram a decisão de criar uma equipe de futebol americano em um Estado onde o esporte não estava nada difundido.

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Batizado como Porto Alegre Pumpkins, a equipe recebeu esse nome devido ao seu dia de formação: 31 de outubro de 2005. Principalmente nos Estados Unidos (país de maior popularidade do futebol americano), nesta data é comemorado o feriado de Halloween, conhecido pelas tradições do uso de fantasias e de decorações propositalmente assustadoras. Do mesmo ponto de vista, a abóbora com uma careta esculpida (item notável da celebração) mordendo a icônica bola oval foi escolhida como a marca oficial da equipe.

Segundo o experiente atleta e diretor da equipe, Anderson Fauri, após alguns treinos em quadras menores, inicialmente levados na brincadeira pelos participantes, “o time começou a pegar corpo e começaram a treinar na ESEF, da UFRGS. Pelo Orkut, criaram um grupo grande e aí conseguiu juntar em torno de umas 35, 40 pessoas envolvidas.”

Com pouco mais de cinco anos de existência, o Pumpkins resolveu tomar um rumo diferente das demais equipes porto-alegrenses: a transição para a modalidade full pads (com o uso dos equipamentos de proteção), a fim de disputar um campeonato nacional da época. Em função disso, abandonar o Campeonato Gaúcho de 2011, disputado no modelo no pads (sem o uso dos equipamentos de proteção) pela falta de recursos, seria a única opção viável.

Para muitos, o grande oponente estadual do Pumpkins é a equipe de Santa Maria, a atual campeã (Foto Reprodução/FABR)

“A gente fez a transição para o full pads em 2010 e jogou o campeonato brasileiro. Foi uma experiência totalmente diferente né, era outro jogo. E o que aconteceu: a gente começou a treinar full pads e não tem como tu retroceder” contou Fauri.

Nessa mesma perspectiva, o diretor cita o risco de lesões desnecessárias que os jogadores poderiam sofrer ao continuar jogando a modalidade não-oficial. “A gente notou que a só ia se machucar, porque o no pads é um jogo que a gente inventou, né. Porque não existe.”

Por ser a capital do Rio Grande do Sul, nada mais justo que Porto Alegre ter a maior diversidade de times de futebol americano. Entretanto, o grande número de equipes diferentes na cidade não significou que a região era a melhor do Estado. Pelo contrário, mostrou que, ainda que possuíssem bons jogadores, as melhores peças não teriam a possibilidade de encaixar, pois estavam todas separadas. “A gente começou a ver que o cenário de Porto Alegre tava muito disperso. Tinha muito time e não conseguíamos criar uma força”, contou Fauri.

Nesse sentido, no fim de 2017, o Pumpkins decidiu montar a “panela porto-alegrense”, se juntando ao Restinga Redskull e formando o Armada FA – que, aproximadamente um ano depois, se juntaria ao Cruzeiro Lions e formaria o Armada Lions.

“Por que, na capital, onde tem o maior número de pessoas, a gente não consegue montar uma força? Chegou a ter seis times aqui em Porto Alegre. Coisa de louco. Às vezes tu tinha bons jogadores, mas tudo espalhado. Não conseguia ter um grupo bom. Aí resolvemos nos juntar” comentou o atleta, também relembrando a dificuldade das equipes porto-alegrenses em performarem.

Sem qualquer sucesso, a união das equipes acabou se dissolvendo. Então, a direção do Armada Lions, em parceria com o Porto Alegre Gorillas, resolveu reativar a tradicional marca gaúcha que é o Pumpkins para 2020.

Todavia, a pandemia tornou inviável realizar as competições de futebol americano em território nacional. Assim, o time utilizou o período para retomar a popularidade do nome dos Abóboras no Estado. “Agora (janeiro de 2022), estamos num momento de reformulação, para inclusive trazer pessoas, desenvolver mais, fazer todo um trabalho de recuperação da marca”, garantiu Fauri.

Da mesma forma, o diretor complementa que também resolveram usar o hiato de partidas para estudar o jogo. “A gente fazia estudos online com o pessoal, o head coach, enfim. Nem perto de um ritmo normal, que se tem quando tá em atividade. Mas a gente fazia, semanalmente, umas conversas e tal. Até como diretoria era complicado, não sabia o que esperar.”

Quando questionado sobre as expectativas para a volta do Gauchão, Fauri afirmou que a equipe tetracampeã (2008, 2010, 2012 e 2014), ainda que sem ter noção da condição das outras equipes, jamais participaria de uma competição se não fosse para buscar o topo do pódio.

“A expectativa sempre que o Pumpkins entra num campeonato é pra ganhar. Não vou ser hipócrita em dizer que não. Se eu disser ‘bah, vamos entrar pra participar’ a gente já sabe que vai perder. Não tem como pensar de outra forma. Mas, eu estou bem pé no chão porque a gente não sabe como está o cenário. Agora, no decorrer dos treinos, a gente vai conseguir enxergar melhor”, frisou o diretor.

Para finalizar, Fauri explicou que respeita todas as equipes do torneio. Entretanto, citou que durante uma época falava-se sobre uma rivalidade contra o Canoas Bulls. “Teve um tempo uma rivalidade com o Bulls. Mas assim, eu até brincava, a rivalidade era só por que a gente queria, né? Nunca ganharam”, disse o diretor em meio a risadas.

O primeiro confronto do Porto Alegre Pumpkins no campeonato gaúcho será contra o Carlos Barbosa Ximangos, no Coelhão, em Guaíba, no dia 12 de março às 14h30.

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