ANÁLISE. A mídia tem, sim, candidatos. O problema não é esse, mas a omissão
Vale para qualquer lugar, seja na província ou na república. Jornais, emissoras de rádio e televisão, têm, sim, os seus candidatos. E o problema nem é esse, mas a omissão do fato ao seu público. O sujeito que lê Folha de São Paulo (para ficar lá por cima), ou vê o “Jornal Nacional”, tem que saber a opção do veículo. Não faz mal nenhum. Nos Estados Unidos, para ficar no exemplo maior e mais conhecido, os principais veículos de comunicação explicam direitinho, em editorial, o que defendem e quem defendem. E não misturam isso com o noticiário factual. O leitor, ouvinte e telespectador não é enganado.
Já no Brasil, salvo raríssimas exceções (cito sempre o ótimo jornal conservador O Estado de São Paulo e a não menos ótima revista Carta Capital), isso é escamoteado. Resumindo: engambelam o distinto público. Mas, e isso é ainda pior, dirigem o noticiário conforme O SEU interesse, e não em torno do fato.
Para saber mais do que ocorre por cá, que tal ler a análise feita por Luciano Martins Costa, professor e jornalista? O artigo foi originalmente publicado no sítio especializado (e que tem também programas de rádio e televisão) Observatório da Imprensa. A seguir:
“COBERTURA ELEITORAL – A pauta enviesada da imprensa
Todos os anos em que há eleições importantes no Brasil, ou seja, para a Presidência da República e os governos dos estados, a maioria dos grandes jornais prepara ambiciosos projetos de cobertura, prometendo isenção, distanciamento, equilíbrio e a reprodução da verdade, somente a verdade.
E em todas as campanhas se dá o mesmo fenômeno: jornais e revistas e emissoras fazem suas escolhas, mas omitem seu engajamento e tentam convencer os eleitores de que a cobertura segue os padrões anunciados solenemente na divulgação dos projetos editoriais.
Mas não demora muito para cair a máscara: basta que a realidade contrarie os planos da imprensa para que o trabalho jornalístico se misture à baixaria, que é o cenário inevitável de toda campanha: os programas anunciados pelas coligações nunca são levados a debate e todo o noticiário acaba se resumindo a um ou dois escândalos, nos quais a imprensa passa a martelar todos os dias.
Não que os temas dos escândalos sejam inventados. Eles existem, sempre existiram, na profusão de buracos que caracteriza o funcionamento das instituições públicas no Brasil. Mas se transformam em material jornalístico nos dossiês, nas tentativas de macular a reputação do adversário, no esforço para distorcer os fatos em favor deste ou daquele candidato…”
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