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Má gestão e politização: duas faces da mesma moeda – por Giuseppe Riesgo

“O IPE precisa se despolitizar e reestruturar sua gestão econômico-financeira”

O desequilíbrio vivenciado pelo IPE-Saúde com a ameaça de suspensão dos serviços pelos hospitais, médicos e demais conveniados expôs o desprezo do atual governo com o Instituto e a boa gestão pública. A crise, por sinal, prevista e alertada pelo meu mandato, não ocorre à toa.

Desde agosto de 2021, venho recebendo (e denunciando) os diversos atrasos nos pagamentos dos conveniados do IPE-Saúde, bem como o desequilíbrio econômico e financeiro dos últimos anos. Por isso, instalei uma Subcomissão na Assembleia Legislativa, ainda em 2021, para evidenciar tais atrasos aos conveniados, que já superavam os 150 dias, e investigar os demais problemas envoltos ao Instituto.

Por isso, após 120 dias, protocolei Relatório Final junto à Comissão de Finanças da Assembleia Legislativa com constatações técnicas e recomendações específicas para reestruturação do IPE-Saúde. No documento, a principal conclusão é taxativa: o IPE-Saúde precisa se despolitizar e reestruturar sua gestão econômico-financeira.

Primeiramente, é preciso reordenar as despesas e auditá-las; encontrando soluções disponíveis no mercado para esse fim. Para se ter ideia, atualmente, apenas 5% dos procedimentos são auditados. Assim, os gastos obviamente explodem. Não por acaso, só com a pandemia eles cresceram 67,4%, no primeiro semestre de 2021.

Os gastos oncológicos também dispararam. Estudos internos apontam para uma economia de R$ 40 milhões se o IPE-Saúde auditasse apenas 10% dos seus contratos (número ainda baixo). Por isso, reavaliar e reestruturar as despesas é imprescindível.

Já nas receitas, a desestruturação é ainda mais grave. As alíquotas de contribuição não medem o risco de sinistro para a autarquia. A inclusão de dependentes abaixo de 24 anos e cônjuges sem o devido aumento na contribuição do titular estimula a frivolidade e piora a relação prêmio gerado-risco associado dos usuários.

Assim, a sinistralidade é bem maior (128%) do que a média nacional (85%) e desestrutura o caixa da autarquia, gerando o atual atraso nos pagamentos aos hospitais e demais conveniados. Por isso, o reequilíbrio financeiro do IPE-Saúde depende de uma drástica mudança em prol de uma cobrança por faixa-etária e demais critérios (profissão, estado civil, escolaridade, etc.) que mensurem mais eficientemente o risco do sinistro na contribuição dos segurados.

Por fim, é preciso profissionalizar a gestão. Sartori e Eduardo Leite politizaram a diretoria-administrativa em troca de apoio na formação de suas bases aliadas junto ao Parlamento gaúcho. A estratégia é compreensível, mas não pode corromper nossas instituições e prejudicar os serviços públicos. Nos últimos anos, o IPE-Saúde virou palanque político em detrimento da boa gestão e do zelo com a saúde dos seus segurados.

A autarquia sofre com a desestruturação econômico-financeira, mas também padece da politicagem que insiste em aparelhar nossas instituições. O Rio Grande do Sul não está em crise à toa. O IPE-Saúde é mais um exemplo do que o fisiologismo político-partidário legou ao povo gaúcho: endividamento e ineficiência da máquina pública. É isso que precisamos, urgentemente, mudar.

(*) Giuseppe Riesgo é deputado estadual e cumpre seu primeiro mandato pelo partido Novo. Ele escreve no Site todas as quintas-feiras.

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Um Comentário

  1. Finanças do RS estão uma esculhambação. Há quem diga que a gestão publica pelas suas caracteristicas não pode copiar a privada (mais um chavão). O que se ve é muita conversa jogada fora e reuniões para marcar reuniões para marcar audencias publicas que resultam em reuniões….Muita tosa de porco.

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