Bem curtinho, sobre homicídios e sistema prisional – por Marcelo Arigony
“E aí vem a questão mais importante: tudo que as polícias fazem é paliativo”
Hoje o texto é curtinho, porque não quero mais falar de sistema prisional. Porque já falei na semana passada, e já falei em diversas outras ocasiões. Mas tenho que falar, porque os índices de homicídios estão aumentando e as polícias são cobradas a resolver um problema que desborda da área policial estrita.
A experiência policial e científica me mostrou que os homicídios estão ligados ao sistema prisional. A grande maioria dos homicídios, quase todos mesmo, estão relacionados a disputas de poder, por grupos delinquentes. Lembro que desde à época em que fui delegado de polícia regional o panorama é esse. O sistema prisional é uma variável constante: ou está no polo ativo ou no polo passivo do delito. Precisamos de uma força disruptiva para resolver esse problema.
E aí vem a questão mais importante: tudo o que as polícias fazem é paliativo. Trabalham na consequência da falta de políticas públicas efetivas que possam melhorar as condições nas áreas de vulnerabilidade social e recrutar as pessoas para o lado bom da sociedade.
O Estado falha do primeiro ao quinto como promotor de dignidade, e temos cada vez mais crianças, adolescentes e adultos ingressando nas fileiras da criminalidade. E polícia não vai resolver isso, o Estado policial é meramente reativo.
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Em que pese haja alguns momentos de aumento nos índices de crimes em Santa Maria, nossa cidade tem historicamente um dos menores índices de criminalidade entre as cidade de mesmo porte.
(*) Marcelo Mendes Arigony é titular da 2ª Delegacia de Polícia Civil em Santa Maria, professor de Direito Penal na Ulbra/SM e Doutor em Administração pela UFSM. Ele escreve no site às quartas-feiras.
Uma sociedade perfeita não precisaria de policia. Ou advogados. A perversidade da falácia é afirmar que só porque alguém nasce numa região de vulnerabilidade social é um criminoso em potencial. O que esta longe de ser verdade. Outra falácia, o ‘Estado’, esta entidade mágica, resolverá todos os problemas com ‘politicas publicas’ (um tipo de ‘hocus pocus’). Outra solução fácil: vamos descriminalizar a drogas. Até já vi um imbecil com carteira da OAB no bolso falando ‘resultaria que o crime passaria a atuar no patrimonio que seria mais facil para a policia resolver’. Sim, tirar o crime da periferia (que já não é tao periferia assim) e levar para o Centro não teria nenhma repercussão eleitoral.