CIDADANIA. Entidade que apoia crianças com câncer marca suas duas décadas com punhado de eventos
Por MAIQUEL ROSAURO (Especial)
O Centro de Apoio à Criança com Câncer de Santa Maria (CACC) completa 20 anos de atuação em 19 de março. A data será marcada por diversos eventos que terão início sexta-feira (11) com um Bazar Solidário. Na próxima semana, ocorre seminário com entrada gratuita, jantar por adesão com homenagens aos principais apoiadores e apresentação do Leilão Solidário, que terá artigos doados por personalidades de diversas áreas.
O CACC é uma Organização Não Governamental (ONG) privada, cujo objetivo é receber crianças e adolescentes carentes, de 0 a 21 anos, portadores de câncer, com um acompanhante, oriundos de todo Estado, que buscam tratamento hemato-oncológico oferecido pelo Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM). O paciente e o acompanhante ficam hospedados no CACC por tempo indeterminado durante a realização do tratamento, recebendo de forma gratuita alimentação, hospedagem, atividades de recreação e apoio psicossocial.
O CACC possui uma sede própria com 33 leitos, localizada na Rua Erly de Almeida Lima, 365, no bairro Camobi, em Santa Maria. Também possui playground com espaço para lazer e recreação, refeitório, lavanderia e um brechó que funciona de segunda à sexta-feira, das 13h30m às 17h30min. A casa possui sete funcionários e conta também com o apoio de parceiros e voluntários. A diretoria não é remunerada.
Hoje, a instituição tem 107 crianças e adolescentes cadastrados, que podem usar a casa sempre quando precisam. Eles chegam até o CACC através de uma triagem realizada pela assistente social do HUSM, que identifica pessoas de baixa renda para receber hospedagem. É o caso de Gleide Moreira da Silva, de Tupanciretã, mãe de John Wesley Silva, 9 anos.
“Quando recebemos o diagnóstico da doença foi um desespero. Não sabíamos para aonde ir, o que fazer… Quando soubemos do CACC, nos tranquilizamos. Encontramos aqui todo o apoio que precisávamos”, revela Gleide.
O primeiro tratamento de John ocorreu de novembro de 2014 a abril de 2015, época em que Gleide pouco voltou a Tupanciretã. Em setembro do ano passado, o menino iniciou um novo protocolo de quimioterapia e não há previsão de quando o tratamento será encerrado.
“O CACC é nossa segunda casa. Junto com os outros pais, nos tornamos uma família aqui dentro. Acabamos chorando juntos, sorrindo juntos e vivendo a mesma situação, embora alguns casos sejam mais simples e outros mais complicados”, destaca Gleide ao ressaltar o relacionamento com os outros hóspedes do CACC.
A autoridade neste tema é a presidente da instituição, Marli Machado Tarragó, que também é uma das fundadoras da casa. Há 20 anos ela está à frente do CACC. Nestas duas décadas, Marli enfrentou desafios gigantescos, como a conquista do terreno junto ao DAER e a arrecadação de recursos para construção da casa. Antes de conquistar sua sede definitiva, a instituição atendia na Rua do Acampamento e, posteriormente, na Rua João da Fontoura e Souza, em Camobi.
“A casa foi construída em 10 meses, sem empréstimo e sem doação de dinheiro público, apenas com trabalho de formiguinha no qual solicitávamos apoio dos empresários e da comunidade santa-mariense. Com o tempo, conquistamos a credibilidade de toda Santa Maria com o nosso trabalho”, afirma Marli.
Hoje, as fontes de renda que mantêm o CACC são o serviço de telemarketing, o brechó e as doações da comunidade. Estas três ações são fundamentais para funcionamento da casa, pois devido à crise econômica não estão ocorrendo repasses dos programas Nota Fiscal Gaúcha e CVI Social.
“Se não captarmos recursos, não temos como manter a casa e honrarmos nossos compromissos. Sempre corremos atrás de projetos e nunca cruzamos os braços. A nossa maior dificuldade é fazer as pessoas enxergarem as instituições com outro olhar, se conscientizando da importância de continuar colaborando”, avalia Marli.
Bazar Solidário visa angariar recursos para o CACC
Sexta-feira (11), na sede do CACC, entre 15h e 17h30min, será realizado o Bazar Solidário. No evento, estarão disponíveis itens de vestuários, calçados, CDs, DVDs, livros e artigos em geral. Todos os produtos são provenientes de doações. A Loja Riachuelo, por exemplo, doou 1,5 mil peças de vestuário para o Bazar.
O Bazar Solidário é organizado pela Darth Vader Legião do Bem, ação social e teatral voluntária para as crianças em tratamento do câncer e outras doenças. Todo o valor arrecadado será destinado para a manutenção do CACC.
Leilão Solidário terá artigos de personalidades estaduais e nacionais
Com o sucesso da arrecadação de artigos para o Bazar Solidário, a Legião do Bem resolveu atravessar fronteiras e entrou em contato com personalidades das passarelas, da música, da televisão e do esporte. O objetivo era solicitar a doação de artigos autografados para a realização de um Leilão Solidário. Deu certo. Em pouco tempo, dezenas de itens de todo o país foram encaminhados a Santa Maria.
Entre os famosos que já enviaram peças para o Leilão estão: a Miss Brasil 2015, Marthina Brandt; a 1ª Princesa do Garota Verão 2015, Marilinda Correa; o apresentador de televisão, Arlindo Grund; a Miss Mundo Brasil 2011, Juceila Bueno; o cartunista Iotti; músicos e bandas como Star Beetles; Sandro & Cícero; Skank; Acústicos & Valvulados; Tequila Baby; Vera Loca; Vitor Ramil; Zé Leandro (Chiquito & Bordonero); Tchê Guri; Gabriel, o Pensador; Giulia Nassa; Gabb Lippert; Laura Schadeck; e atletas como Jovane Guissone; Maria Portela; entre outros.
O pontapé inicial para o Leilão Solidário será realizado no jantar do dia 19 de março, quando serão apresentados os produtos enviados pelos famosos. Conforme o criador da Legião do Bem, Hernán Mostajo, o Leilão deve ocorrer online, na página do CACC (www.cacc.org.br), possibilitando que pessoas de todo o Brasil deem lances pelos artigos.
“Esta é uma proposta inédita, nunca fizemos algo parecido. Entramos em contato com os famosos pelo Twitter, explicamos nossa proposta, a importância de levantar fundos para o CACC e, em pouco tempo, começamos a receber retorno de personalidades do Estado e do Brasil querendo participar do Leilão”, explica Mostajo.
A Legião do Bem hoje é formada por 51 voluntários adultos e 25 mirins (entre 12 e 26 anos). No final do ano passado, o grupo arrecadou e distribuiu 2,5 toneladas de alimentos para sete instituições beneficentes de Santa Maria.
Informações sobre o Leilão Solidário pelo fone (55) 9179-0096.
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