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Dia dos Pais – por Elen Biguelini

Data para comemorar, sim, mas para refletir também

O dia dos pais é celebrado no mundo todo, ainda que em alguns lugares a data seja um pouco diferente. Comemora-se uma figura que marca a vida de todos, tanto aqueles que os têm, como os que não os têm.

Esse dia lembra aqueles que tiveram bons pais, pais presentes, de presentear e homenagear seus progenitores, ao mesmo tempo que lembra àqueles cujos pais faleceram de memorias felizes, lembra aos que foram largados por seus pais da importância da força de suas mães, lembra aqueles cujos avós assumiram o seu cuidado ou àqueles cujos pais não são aqueles que constam em seus registros de nascimento, que o amor paterno é mais importante que o sangue, e que ser pai vai muito além da geração; e lembra aqueles com dois pais a sorte que têm em serem duplamente amados.

Um tema que é relevante lembrar nesta data é a questão da paternidade.

Em 1943 surgia no Brasil o que podemos chamar de primórdios de uma licença paternidade. Foi neste ano que os pais tiveram o direito a um dia de licença remunerada com seus filhos, na ocasião de seu nascimento.

Hoje em dia, um dia parece absurdo. Sabemos que os primeiros dias de um bebê são complicados e não podemos esperar da mãe todo o cuidado com o recém-nascido. Mas em 1943 cuidar do bebê era função exclusivamente feminina. Se a mãe precisasse de ajuda, recorreria às avós, tias e madrinhas da criança. Ao homem havia sido permitido este único dia.

Em 1998 esta licença foi aumentada para 5 dias, pela Constituição Federal. Mas 5 dias ainda não chega perto do necessário para o cuidado com um infante.

Dez anos depois, nova lei permite 20 dias. Ainda não o suficiente, é claro, mas muito mais próximo do necessário! Assim, os pais podem auxiliar as mães neste momento em que a criança ainda depende exclusivamente de seus pais, no qual ela ainda não dorme toda a noite e chora todo o dia.

A sociedade tem evoluído, de modo a perceber que cabe também aos homens o trato com as crianças de todas as idades. Cabe a nós mulheres cobrar de nossos familiares e maridos que eles participem. Devemos conversar com nossos filhos sobre a paternidade e demonstrar a eles que os pais presentes não deveriam ser vistos sob pedestais, como figuras únicas; mas sim como exemplo. Devemos tornar comum a imagem de homens com bebês no colo enquanto suas mães trabalham. Devemos normalizar trocadores e banheiros familiares, para que também os homens possam cuidar da higiene de suas crianças.

Não podemos deixar de lembrar, também, de todas as mães que são também pai. Que batalham, sofrem e lutam não apenas para conseguir colocar comida na mesa de seus filhos, mas para os educar e demonstrar a eles o que é ser um bom homem, ainda que um bom homem não esteja presente.

A sociedade como um todo muito fala sobre os deveres da maternidade, mas pouco discute sobre os deveres da paternidade.

É devido a isto que quando temos um pai merecedor da honra do título de PAI, devemos o honrar de todas as formas, celebrando com eles esta data e agradecendo a presença, o carinho e o amor.

Feliz dia dos pais.

Sobre o histórico da licença paternidade no Brasil

https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2018/02/09/primeira-pec-de-2018-amplia-duracao-das-licencas-maternidade-e-paternida

 (*) Elen Biguelini é doutora em História (Universidade de Coimbra, 2017) e Mestre em Estudos Feministas (Universidade de Coimbra, 2012), tendo como foco a pesquisa na história das mulheres e da autoria feminina durante o século XIX. Ela escreve semanalmente aos domingos, no Site.

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