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Dia dos Pais – por Marcelo Arigony

“Feita a nossa parte, o resto é com eles (os filhos). A vida acha um jeito”

Sobre pais

Neste ano não gastei com presente no dia dos pais. Seria clichê falar da importância do amor paterno e do amor filial. Talvez ressoe desinteressante dizer que em meio século foi meu primeiro domingo com um hiato na cadeira do pai. E que esse vazio retrata minha desconsolação. Felizmente pude conviver com meu pai por 50 anos. Não tenho a pretensão de entender o plano de Deus. Resta-me a crença de que meu pai esteja num lugar melhor. Fica a saudade na varanda. E a certeza de que ele foi o melhor que pôde, nas condições que tinha.

Sobre os filhos e filhas.

Eu fui pai bastante jovem; tenho uma filha adulta, e agora em meados do segundo tempo estou repetindo a empreitada: mais duas filhas pequenas. São experiências muito distintas. Até porque naquela primeira viagem, há quase trinta anos, não era eu. Era outro eu. Tinha outra formação; outras experiências; outras memórias; outros conceitos; outra ideologia.

Então, neste domingo, inventariei minhas atividades filiais e paternas, serpenteei com minhas emoções – ao som de Roberto – e estive pensando em como evoluí. Pensei nas coisas que acertei; pensei nas muitas em que errei – como pai. Mas senti que sempre dei o meu melhor. Assim como aquele outro eu, que foi pai há quase trinta anos, sempre fez o melhor que pôde.

Acho até que esse benquerer paterno é meio egoísta. Esse amor não passa na peneira da alteridade. A gente se preocupa (tanto) com os filhos da gente só porque são da gente.

Mas enfim, já há algum tempo dou de ombros para adversidades. Passei a ser conformado com os acontecimentos da vida. Entender que há variáveis incontroláveis é libertador. Deveras! E funciona muito bem com relação aos filhos. A gente tem que fazer o melhor por eles sim; mas tem uma parte que é com eles, que é dever deles. A gente tem que apoiar, mas não pode ficar carregando no colo; não tem como caminhar por eles.

Não há como viver plenamente sem assumir o risco de viver uma vida plena. Viver é difícil. Viver é arriscado. E cada um tem que assumir os seus riscos, desbravar o seu caminho. Os pais precisam se desprender.

Ainda em tempo, desejo um feliz dia dos pais a todos os que deram o melhor de si, que tentaram fazer o melhor para os filhos. Só isso lhes cabia, independente do resultado. Sugiro libertação. Feita a nossa parte, o resto é com eles. A vida acha um jeito.

(*) Marcelo Mendes Arigony é titular da 2ª Delegacia de Polícia Civil em Santa Maria, professor de Direito Penal na Ulbra/SM e Doutor em Administração pela UFSM. Ele escreve no site às quartas-feiras.

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