Política

JBS. “Vazamento de delação na Globo rendeu R$ 1 bilhão de dólares”, denuncia deputado Paulo Pimenta

“Não adiantava somente saber da delação, ela tinha que ser publicada e não adiantava publicar em um órgão de imprensa com pouca credibilidade. Então, às 17h, fechou o pregão e em seguida sai o furo jornalístico, O Globo publica a notícia. De noite, no Jornal Nacional, reforça a notícia. As ações despencam e o valor do dólar dispara”, disse Pimenta. Foto Gustavo Bezerra / PTnaCâmara

Por Fabrício Carbonel* / Assessor de imprensa do deputado Paulo Pimenta

O deputado Paulo Pimenta (PT) fez um alerta aos integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS para a importância de se investigar o vazamento da delação dos irmãos Batista do grupo J&F no dia 17 de maio e a manipulação dos mercados de ações e de dólares. A preocupação foi manifestada nessa terça-feira (3), durante depoimento do advogado Márcio Lobo, da Associação de Investidores Minoritários do Mercado de Capitais na CPMI. Lobo acusou Joesley e Wesley Batista de usarem o grupo para manipular o mercado e obter lucro pessoal com operações de venda de ações e compra de dólar, em prejuízo dos acionistas minoritários.

“Essa questão do vazamento está sendo secundarizada. Esse golpe – se é que nós podemos chamar assim – para ele dar certo precisava ter várias coisas, inclusive a manipulação do mercado de ações e no mercado de dólares. Primeiro era necessária aquela operação que foi de venda planejada. E tem um detalhe que era chave, as ações só iriam ter uma queda vertiginosa e o dólar só iria disparar se esse vazamento ocorressem no tempo entre o fechamento do pregão às 17 horas de um dia e aberto no outro dia às 9 da manhã. Qualquer vazamento fora desse período estragaria o golpe”, explicou.

O mais grave, na avaliação do deputado Paulo Pimenta, é que tem algum agente público que estava tratando a delação e que vazou essa informação. “Isso valeu muito. E quem foi esse agente público que vazou a delação? Ou não foi? Esse criminoso – porque quem vazou também é criminoso – além de dar um prejuízo de milhões e favorecer os irmãos Batistas para que ganhassem bilhões, pode ter ganhado também muito dinheiro. Quem era esse agente? O procurador que fazia o jogo duplo? Quem eram as pessoas que sabiam que essa delação estava praticamente fechada?, insistiu o deputado que é titular do PT na CPMI.

Ainda na linha de raciocínio do deputado Paulo Pimenta, houve outra questão relevante para o “golpe” dar certo. “Não adiantava somente saber da delação, ela tinha que ser publicada e não adiantava publicar em um órgão de imprensa com pouca credibilidade. Então, às 17h, fechou o pregão e em seguida sai o furo jornalístico, O Globo publica a notícia. De noite, no Jornal Nacional, reforça a notícia. As ações despencam e o valor do dólar dispara. E, no outro dia, quando abre o pregão vão lá (os irmãos Batista) e compram as ações e ganham uma fortuna. O lucro é maior do que o valor da própria multa imposta a eles pelo Ministério Público Federal”.

Paulo Pimenta reforçou que a CPMI tem que tentar compreender esse golpe (vazamento e manipulação). “Até porque o vazamento tem sido um aspecto central destas delações e destas operações. E elas valem muito dinheiro para escritórios, para quem fecha e para quem negocia essas delações. Então, acho que cabe à nossa CPMI investigar essa organização criminosa que atua em muitos casos com ajuda do Estado”, defendeu.

O advogado Márcio Lobo concordou com o deputado Pimenta e afirmou que, preliminarmente, as informações dão conta de que o vazamento rendeu, só na questão cambial, R$ 1 bilhão de dólares nessa operação.

Lobo acrescentou que o vazamento potencializou o mercado e as ações caíram 15% e o dólar subiu 10%. “Os controladores da JBS compraram R$ 473 milhões de dólares na véspera da delação em contratos futuros. No dia seguinte, com a divulgação do acordo de delação, o dólar subiu 10%. Além disso, eles venderam mais de R$ 360 milhões em ações para a própria empresa, evitando prejuízos na véspera da queda do valor das ações e deixando o prejuízo para os acionistas minoritários”, ressaltou.

* Com informações do PTnaCâmara

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6 Comentários

  1. Quase a mesma coisa para o dólar futuro, compra num valor, vaza a delação e depois vende com preço mais alto. Caso da rede Globo foi a necessidade do “furo”, um jornalista divulgou o vazamento num blog de jornal. Logo em seguida, outro jornalista divulgou de manhã que Temer renunciaria de tarde. Mais incompetência do que má fé. Janot precipitou tudo e deixou a PF de fora em instantes cruciais. Deu no que deu. Não esperaram o dinheiro da mala do Rocha Loures chegar no destino. Ficaram “pontas soltas”, pode resultar em absolvições no futuro. Fraquin tem dois anos de toga, um juiz mais tarimbado talvez não deixasse as coisas sairem tanto dos trilhos.

  2. Não tem muito mistério na situação. Para não deixar dinheiro “parado”, empresas podem comprar e vender ações no mercado (ou aplicar em renda fixa, ou outro investimento, é questão de necessidade de caixa, liquidez, rendimento, etc). Para evitar o uso de informações privilegiadas as ações da própria empresa têm tratamento especial. Para que ocorra compra é necessário comunicar a CVM (gera o famoso “fato relevante”, etc). As ações devem ser depositadas em tesouraria ou canceladas. Caso sejam vendidas a posteriori o processo é o mesmo, comunicação à CVM (outro “fato relevante”). Safadões poderiam ganhar nas duas pontas inclusive, vender ações com preço alto, vazar a delação e depois recomprar com preço mais baixo.

  3. Como tem gente que gosta de fazer nascer “pelo em casca de ovo” (por motivação ideológica, claro), só tem de dar um jeito de colocar a Globo no meio, é sempre ela a “culpada”. “Quase cúmplice” nesse caso. Nessa mesma linha de pensamento, os Illuminatis com sede em Curitiba planejaram tudo isso mais uma vez junto com o Lobisomem, a Bruxa Má, o Lobo Mau e o Pirata da Perna de Pau. Aliás, o Lobisomem de Curitiba está passando uns dias de férias em Santa Maria… k k k …

  4. Se não tivesse havido o vazamento da delação, se passariam dois ou três dias ou uma semana, no máximo um mês e o Janot apresentaria a denúncia. E os fatos daí aconteceriam na mesma bola de neve como aconteceu, daria na mesma, os Safadões já tinham vendido as ações esperando exatamente ganhar uma bolada quando a coisa estourasse, dois dias depois ou um mês depois. No dia que estourasse a denúncia no STF as ações despencariam. Não precisariam de horário para isso acontecer, não precisariam da “ajudinha” da Globo.

  5. Vermelhinhos vivem falando da “manipulação do público” (vide Noam Chomsky, um livro de oitenta e muitos com título “manufatura do consenso” em inglês, por exemplo). Aquela história de manchetes garrafais e desmentidos em letra miúda na útlima página. Conceito é discutível hoje em dia, bombardeio de informações é tão grande que todos esquecem tudo muito rápido. Se perguntarem, por exemplo, no calcadão a um transeunte o nome de 5 envolvidos na operação Rodin, duvido que a maioria saiba. E não vai faltar quem ache que a mesma faça parte da “lava a jato”.

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