ELEIÇÕES 2022. Até aqui, na campanha, os que mais arrecadaram foram Onyx, Argenta, Pretto e Leite
Prestação de contas parcial traz a movimentação de recursos dos candidatos
Reproduzido do jornal eletrônico SUL21 / Reportagem assinada por Flávio Ilha
O ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL), candidato preferencial do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao governo do Rio Grande do Sul, declarou que tem a campanha mais cara entre todos os postulantes ao Palácio Piratini. Lorenzoni informou ao TSE, por meio de relatório financeiro parcial apresentado no dia 13, que arrecadou R$ 9,16 milhões nos primeiros 30 dias de campanha, de um teto legal de R$ 11,5 milhões determinado pela legislação eleitoral.
Dos R$ 9,16 milhões arrecadados, Onyx já gastou R$ 5,9 milhões – metade dos recursos destinados a conteúdos audiovisuais e gráficos. A prestação de contas parcial de Lorenzoni indica que a maior fonte de arrecadação da sua campanha é o PL, que doou R$ 8,73 milhões ao candidato. Mesmo com uma campanha milionária, o candidato não consegue superar a barreira dos 25% de preferência entre o eleitorado gaúcho segundo pesquisa Ipec divulgada no último dia 2 de setembro.
Entre as pessoas físicas, a maior doação a Lorenzoni veio do empresário gaúcho Gilson Lari Trennepohl, vice-prefeito de Não-Me-Toque, no noroeste do Estado, e presidente do Conselho de Administração da Stara Máquinas e Implementos Agrícolas. Trennenpohl, investigado pela Justiça eleitoral por custear tratores para o desfile de 7 de Setembro, em Brasília, doou R$ 300 mil para a campanha de Lorenzoni.
O empresário, um dos expoentes do agronegócio nacional, também abasteceu os cofres da campanha de reeleição do presidente Bolsonaro, doando R$ 350 mil para o candidato. Ele é o segundo maior doador individual do presidente, perdendo apenas para o ex-piloto de Fórmula-1 Nelson Piquet.
O bilionário Rubens Ometto Silveira Mello, dono da Cosan, que é a maior produtora de etanol do país, também está financiando a campanha de Onyx, com uma doação de R$ 100 mil. Mello tem uma fortuna avaliada em R$ 46 bilhões e está na lista da revista Forbes de 2021 como um dos dez homens mais ricos do Brasil. O empresário é um dos mais ativos financiadores de campanhas bolsonaristas, tendo doado R$ 200 mil para Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato ao governo de São Paulo, e R$ 100 mil à ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina (PL), candidata ao Senado pelo Mato Grosso do Sul.
O prazo para a primeira prestação de contas à Justiça eleitoral venceu na terça-feira (13). Segundo informações do TRE do Rio Grande do Sul, 90% dos candidatos a todos os cargos eletivos no Estado apresentaram dados contábeis no prazo estabelecido. Quem descumprir o prazo está sujeito a uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije), a ser proposta pelo Ministério Público e que pode resultar na cassação do registro da candidatura até o ato da diplomação – se o denunciado for eleito.
A Aije tem como finalidade coibir e apurar condutas que possam afetar a igualdade na disputa entre candidatos em uma eleição, como o abuso do poder econômico ou de autoridade. Se for julgada procedente, mesmo após a proclamação dos eleitos, a inelegibilidade do candidato pode ser declarada, com a inelegibilidade para as eleições a se realizarem nos oito anos seguintes ao pleito no qual ocorreu o fato.
Além disso, está prevista a cassação do registro ou diploma do candidato diretamente beneficiado. A reportagem do Sul21 apurou que Lorenzoni, o ex-governador Eduardo Leite (PSDB) e o candidato do PCO ao governo do Estado, César Augusto Pontes Ferreira, não entregaram as declarações no prazo. A empresa responsável pela contabilidade da campanha de Leite garante que a prestação de contas foi entregue no prazo certo e responsabiliza o sistema da Justiça Eleitoral pela demora para processar e disponibilizar os dados.
O ex-governador, que lidera as pesquisas de intenção de voto ao governo segundo o Ipec, com 38% de preferência do eleitorado, teve o menor volume de despesas até agora entre os principais postulantes ao Piratini. Leite, por meio de relatório financeiro parcial apresentado no dia 10 de setembro, declarou gastos de R$ 918 mil ao TSE, de uma arrecadação total de R$ 2,82 milhões. 99% dos recursos, segundo a contabilidade da campanha, foram doados pelo PSDB e pelo MDB, que indicou o vice de Leite.
A segunda campanha mais cara é do empresário do setor calçadista Roberto Argenta (PSC), que já desembolsou R$ 3 milhões de um total arrecadado de R$ 5,9 milhões. Na direção contrária de todos os outros candidatos, Argenta recebeu recursos irrisórios – R$ 30 mil – do fundo partidário do Solidariedade, que está coligado à sua campanha pelo governo do Estado, e somas vultuosas de sócios nos seus negócios.
O empresário Heitor Vanderlei Linden, sócio de Argenta na Calçados Beira-Rio, doou R$ 2,6 milhões ao candidato – é o maior doador individual de todas as campanhas eleitorais pelo país. Alexandre Grendene, acionista minoritário da empresa de Argenta, também fez um aporte milionário – R$ 1,4 milhão –- à campanha do PSC. Juntos, os dois sócios de Argenta são responsáveis por 67% dos recursos do candidato, que também tirou R$ 500 mil do próprio bolso para abastecer sua candidatura. Mesmo com fartura de recursos, Argenta segue estacionado nos 2% em todas as pesquisas eleitorais.
O candidato do PT, Edegar Pretto, recebeu R$ 3 milhões da direção nacional do partido, e mais R$ 210 mil do PSOL, além de doações de políticos – entre eles R$ 150 mil dos deputados federais Paulo Pimenta e Maria do Rosário, R$ 100 mil de Elvino Bohn Gass e R$ 134 mil da vereadora caxiense e candidata à Câmara dos Deputados, Denise Pessoa. No total, Pretto declarou arrecadação de R$ 4 milhões para gastos, até a primeira parcial, de R$ 1,54 milhão.
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