Por Pedro Pereira
Nesta sexta-feira (9), as jogadoras do Desterro Atlantis, de Florianópolis, vão se deslocar por pouco menos de 800 quilômetros para representar o Estado de Santa Catarina na Copa RS de Flag Football Feminino de 2022 – que começa no sábado (10). Em maio, as gurias da Ilha da Magia finalizaram o Gauchão invictas mas, por questões de regulamento, não saíram com o troféu. Agora, com a possibilidade de conquistar o título, só saem do RS com a taça em mãos. Este site fará a cobertura completa da competição.
Em 2016, o Desterro Atlantis foi fundado por Leonardo Lorenzoni, Vinícius Zanon, Bruna Ritscher e Gabriela De Toni, entusiastas do esporte. Na época, os cofundadores do time de Floripa vestiam o uniforme do São José Istepôs (atual Istepôs FA), e Bruna e Gabriela eram colegas de Lorenzoni na faculdade de jornalismo da UFSC, mas acompanhavam os jogos do amigo. Por terem interesse na modalidade, as estudantes de comunicação social decidiram começar a praticar e os atletas auxiliaram na realização da vontade.
Por ser um esporte mais caro, muito por causa dos tradicionais equipamentos de proteção utilizados, como também outros fatores que complicariam a evolução do time, o grupo decidiu formar uma equipe de flag football para as gurias. “Fazer um time de futebol americano feminino seria muito trabalhoso, dificilmente teria público, não teriam campeonatos e seria muito custoso. A gente buscou alternativas para elas jogarem um esporte da bola oval que a gente pudesse fazer de uma maneira mais fácil”, relembrou Lorenzoni, que atualmente comanda a comissão técnica dos times de flag do Coritiba Crocodiles.
A existência de uma divisão de flag feminino no Timbó Rex – maior rival do Istepôs em Santa Catarina -, o Timbó Reds, também serviu de motivação para a criação da equipe. “A gente queria que tivesse um time radicalmente diferente das Reds para ter a rivalidade. Se elas eram vermelhas, nosso time tinha que ser azul. Se elas eram de Timbó, com esse negócio de ‘cidade do interior’, a gente tinha orgulho de ser da capital”, disse o cofundador.
O nome “Atlantis” refere-se à ilha perdida mencionada em obras do filósofo Platão, e foi escolhido para, de acordo com Lorenzoni, “deixar claro que a equipe era de uma ilha”. Já “Desterro” remete ao antigo nome da cidade de Florianópolis que, após uma chacina orquestrada por Floriano Peixoto, teve seu nome alterado pelo falecido Presidente da República para “mostrar ao povo quem manda”. Segundo o head coach dos Crocodiles, usar o nome da capital de Santa Catarina não seria bem aceito pelos cidadãos mais antigos.
Quase seis anos depois da fundação do time, as catarinenses disputaram o Campeonato Gaúcho de Flag Football Feminino, neste ano, a convite da própria Federação Gaúcha de Futebol Americano (FGFA), e vão fazer parte da Copa RS, no próximo final de semana (10 e 11). Segundo Ismael Ferreira, presidente da FGFA, a experiência de contar com o Desterro Atlantis em torneios gaúchos é positiva e somente agrega ao Rio Grande do Sul.
“A presença delas só engrandece as competições, visto que é uma das melhores equipes do país e é um intercâmbio interessante para 2022, uma vez que as nossas equipes não disputaram o campeonato regional. Ter uma equipe de outro Estado pode funcionar como um balizador de como está sendo a retomada do esporte aqui no RS, depois da paralisação em função da pandemia”, declarou o membro da diretoria da Federação Gaúcha.
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Diferentemente do que aconteceu no Campeonato Gaúcho – que o time de Floripa, apesar de ter deixado Carlos Barbosa e Cachoeirinha invicto, não levou o título para casa -, a situação será diferente no certame do segundo semestre. De acordo com o coordenador defensivo do Atlantis, Unírio Santos, uma votação envolvendo representantes da FGFA e das equipes aconteceu e foi decidido que os catarinenses poderão ser campeões da Copa RS. “É interessante que a gente pudesse disputar o título porque criaria mais competitividade. É muito mais interessante jogar sabendo que, se perder, está eliminado”, contou o membro da comissão técnica.
Sobre o preparo, Santos fala que a equipe, enquanto treinava para a Copa RS, focou bastante na disputa da Super Final da Copa do Brasil, que aconteceu em 27 de agosto – e o Desterro Atlantis terminou em quarto lugar. Adicionando mais períodos de práticas presenciais na rotina e, inclusive, organizando treinos mais táticos de forma online, o técnico defensivo classifica a preparação como “intensa”.
Trazendo à tona nomes como Santa Maria Soldiers, pela tradição, e as atuais campeãs do Carlos Barbosa Ximangos, o coordenador defensivo acredita que será mais difícil, desta vez, pois os times gaúchos vão estudá-las mais do que no Gauchão. Ainda, entende que não há tanta diferença no nível de jogo do flag do Rio Grande do Sul para o de Santa Catarina. “Eu não diria que tem uma grande disparidade. É mais um gap (lacuna, em tradução literal) de experiência. Logo essas coisas vão mudar, os times (gaúchos) tendem a bater de frente (com os catarinenses)”, confessou Santos.
Presente no Atlantis desde o início da equipe, a presidenta e atleta – nas posições de center, wide receiver e safety – Gabriela Bankhardt explica a importância da representatividade que transmite para as diversas admiradoras do esporte da bola oval, na região. “Eu me sinto muito contente em ter essa representatividade. É muito importante ter pessoas que ocupem esses espaços e que sirvam como incentivadoras para que a gente possa continuar sempre melhorando e crescendo. No flag, por ser um esporte amador que está sempre em constante crescimento, é muito bom estar em contato com pessoas que a gente vê fazendo a diferença”, revelou a jogadora.
As Gurias da Ilha jogam sua primeira partida da Copa RS às 9h30min, contra o Lions Flag Football, no sábado (10). Todos os jogos acontecem no Estádio Municipal Miguel Waihrich Filho, em Júlio de Castilhos, e serão transmitidas no canal oficial da FGFA, no YOUTUBE. Para conferir o guia completo do campeonato, basta clicar AQUI.
Timbo, terra da saudosa Thapyoka. Casa noturna que recebia excursões (mais de um onibus as vezes) de Floripa. Que no antanho se chamava Nossa Senhora do Desterro. Que lembra outra cidade, Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba.