O que comemorar neste 20 de Setembro? – por Rodrigo Decimo
“O ideário de que lutar por um mundo melhor é um dever de cada cidadão”
Sou de Uruguaiana, terra da Califórnia da Canção Nativa, a mãe dos festivais de música tradicionalista. Há aproximadamente quatro décadas estou em Santa Maria, chão da Tertúlia, outro evento de importância histórica, no qual surgiram clássicos do nosso cancioneiro como o “Canto Alegretense”, “De Como Cantar um Flete” e “Coração do Rio Grande”, entre tantos. Neste ano, inclusive, teremos mais uma edição do festival terrunho, de 4 a 6 de novembro, na Praça Saldanha Marinho.
Desde criança, portanto, tenho contato com a cultura própria do Rio Grande do Sul e sei da importância dela para a afirmação de valores e, o que muitas vezes se esquece, para a economia. Afinal, festivais, bailes, shows e rodeios também são propulsores da geração de renda e emprego.
Chegamos a mais um 20 de Setembro, quando, a partir das 8h, Santa Maria terá a retomada do Desfile Farroupilha depois de dois anos de pandemia. A população está convidada a prestigiar as entidades que passarão pela Avenida Nossa Senhora Medianeira.
Mas, de fato, qual a importância de se celebrar o 20 de Setembro, data que marca o início da Revolução Farroupilha em 1835? Na frieza da história, o objetivo dos líderes locais não foi atingido como planejado. O reconhecimento e o fomento à economia do Estado, na época, não vieram como esperado. Porém, os 10 anos de sangrentas batalhas deixaram mais do que um legado de cunho tributário ou logístico, como talvez fosse esperado pelos revolucionários. A chamada Guerra dos Farrapos deixou para nós, população do Rio Grande, o ideário de que lutar por um mundo melhor é um dever de cada cidadão. Acomodar-se diante da injustiça não faz parte do DNA gaúcho.
Para além disso, o movimento criado por Paixão Cortez, Barbosa Lessa, Glaucus Saraiva e outros gaúchos, em meados do século passado, recuperou valores de pertencimento e cultura própria. O reforço da identidade local, essencial para a preservação da memória e do modo de vida de um povo, também é celebrado nesta data.
Há muitos motivos para comemorar a data. Ainda mais em Santa Maria, lugar onde nasceu, em 1849, João Cezimbra Jacques, militar e escritor pioneiro na organização dos costumes e da linguagem característica do extremo sul brasileiro em obras literárias. Ele nasceu onde hoje está a Rua do Acampamento. Em 2022, completaram-se 100 anos da morte dessa personalidade, que, inclusive, foi tema de merecida homenagem na nossa Câmara de Vereadores.
É hora de celebrarmos aquilo que não nos faz um povo melhor ou pior que qualquer outro, mas que nos torna únicos: o amargo doce que sorvo num beijo ardente em lábios de prata; o céu, o sol, o sul e a terra e a cor; e a gente que lida com o gado e cuida da plantação, que veio da guerra e cuida desta terra como quem cuida do coração.
Vamos celebrar o 20 de Setembro! Viva o Rio Grande!
(*) Rodrigo Decimo é empresário, ex-presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Santa Maria e Vice Prefeito Municipal no exercício da Prefeitura.
Nota do Editor: a foto que ilustra este texto é de João Alves, da Assessoria de Imprensa da Prefeitura Municipal.
ATENÇÃO
1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.
2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.
3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.
4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.
5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.
OBSERVAÇÃO FINAL:
A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.