Cafeterias – por Marcelo Arigony
E a tal nova política do “café com leite: remasterizada, claro!”
Cafeterias, a nova velha fronteira. Cada vez mais glamourizadas. Em tempos de balada segura, pode ser o novo hit contemporâneo. Os happy hours estendidos nas cafeterias vão ser mais que da hora, logo, logo. Buenos Aires e Paris que se cuidem; perdió!
Do jeito que o álcool virou vilão, estamos prestes a viver um tempo digno daquele estudado na sétima série primária, conhecido como política do café com leite; remasterizado, claro.
Já pensou que bombástica a quarta do café na Cafeteria Brasilis: tome cinco, e o sexto é por conta da casa. Para incentivar o movimento, até as 19h mulher de minissaia se encafeza sem pagar nada. Haja fígado, mas que beleza!
Ou: traga seus amigos para comemorar o aniversário no Café da Tia, o aniversariante não paga, tem rodízio de pão e café curto, mas não passa o longo. Quem sabe esse café até traga um brilho novo às idéias…
E os tipos de cafés especiais que vão surgir: além dos já comuns cappuccino, mocaccino, não esquecendo o descafeinado, deve haver o pilsen, o filtrado doce, o moído à mão, e talvez os coloridos: red, Black, Green, gold, envelhecidos 8, 12, e 24 anos…
Também vem aí café com sorvete, com milho verde, café no palito, tábua de grãos de café… E café a metro será servido em torres e longas tulipas de cristal, para quem desejar consumir à razão de hectômetros.
E as jukebox? Você coloca uma ficha e a máquina toca Brasileirinho, ou Aquarela do Brasil, enquanto serve automaticamente um café carioca espumado e quentinho, que belícia!
Acho que vai rolar até cartão de fidelização, dando direito ao camarote do café espumado premium e acúmulo de milhas em dobro no pagamento com cartão coffee black. Ah, e nesses ambientes vip o cliente pode também trazer sua xícara preferida de casa.
Para os desavisados, nada de brunch etílico. A droga do momento será a cafeína, produzida e industrializada aqui na pátria mãe, e exportada para o mundo todo. A Bolívia sem dúvida vai ter que rever sua política agrícola.
E a influência na macroeconomia. Coisa grande. Com a explosão das cafeterias no Brasil, o café vai ser uma commodity internacional ainda mais valorizada. A Vale do Café Doce e a Petrocafebrás vão prospectar e explorar essa iguaria oportuna, seguidas de perto pela CafeOGX. Tudo com vista a faturar na Copa do Mundo. A bolsa do café vai movimentar fortunas. Devem até mudar o nome mascote da copa para pingado ou Macchiatinho.
Agora, cá entre nós, melhor do que um café quente e forte, passado à mão, só um sagu com creme.
(*) Marcelo Mendes Arigony é titular da 2ª Delegacia de Polícia Civil em Santa Maria, professor de Direito Penal na Ulbra/SM e Doutor em Administração pela UFSM. Ele escreve no site às quartas-feiras.
Não é para mim. Olhando daqui é um amontoado de superficialidades e bobagens na tentativa de ser engraçado. Espaço preenchido, missão cumprida. Mas o óbvio não é dito. Brasil exporta o melhor café produzido em Terra Brasilis, tupiniquins ficam com a reba e se vangloriam de beber ‘um dos melhores cafés do mundo’. Sem falar nos/nas operadores(as) do equipamento. Na Italia uma certificação ‘quente’ de barista requer um curso de um mes. Com estágio pula para 6 meses. No Brasil (com as devidas exceções, óbvio) é meia hora, coloca agua aqui, aperta o botão ali, coloca o café acolá e tá feito o carreto. Com um café reba mais barato que o marketing que o sustenta.