Reproduzido do jornal eletrônico SUL21 / Reportagem de Joana Berwanger, com arte de Matheus Leal
Nos últimos sete anos e meio, 68,3% das ocorrências de roubo e furto de armas de fogo no Rio Grande do Sul aconteceram no interior de residências e condomínios. Os dados são da Polícia Civil. Dos 8.249 casos registrados entre janeiro de 2015 e agosto de 2022, 5.635 integram a categoria. Isso significa que quase 7 em cada 10 armas levadas por criminosos foram tiradas de dentro de residências no RS, de acordo com dados da Secretaria da Segurança Pública, obtidos pelo Sul21 através da Lei de Acesso à Informação.
O restante das ocorrências registradas nos últimos sete anos e meio indicam que o furto ou roubo desses equipamentos aconteceram em vias públicas (6,02%), estabelecimentos comerciais (5,39%), estabelecimentos de ensino (0,35%), casas de entretenimento, como festas e shows (0,29%), hospitais e clínicas (0,23%), interior de coletivos e metrôs ou rodoviárias (0,08%), além de outros espaços não especificados (19,29%). No caso das residências, em 91,72% das ocorrências, os equipamentos foram furtados, ou seja, sem uso de violência e muitas vezes sem a presença da vítima. Já em 8,26% dos boletins, os criminosos cometeram o crime de roubo, quando há a prática de grave ameaça ou lesão corporal. Somente um caso registrou roubo com morte (latrocínio), em 2017, na cidade de Tapes, no Sul do Estado.
Os dados obtidos pelo Sul21 também indicam que, dos 497 municípios registrados no RS, 473 possuem pelo menos uma ocorrência de roubo ou furto de arma de fogo, o equivalente a 95,17% das cidades do estado. Porto Alegre concentra o maior número de casos, com 747 registros. Ao total, a Polícia Civil constatou que 399 revólveres, 215 pistolas, 40 espingardas, 8 carabinas, 6 rifles, 1 fuzil e outros 85 armamentos não identificados foram furtados ou roubados na Capital. Além disso, as ocorrências indicam que residências foram 51,27% dos locais-alvo de criminosos.
“Uma arma dentro de casa não garante segurança”, defende Natalia Pollachi, coordenadora de projetos do Instituto Sou da Paz. “A gente vê, no geral, que as pessoas têm muita dificuldade de reagir no momento de um crime, principalmente porque a pessoa que está atacando espera você estar distraído. Ele não vai te atacar quando você está de pé, com a arma na mão, pronto, esperando alguém te atacar. Essa arma tem dificuldade de uso para defesa pessoal”, completa.
Apesar disso, o número de pessoas armadas registradas como caçador, atirador esportivo e colecionador (denominados pela sigla CAC) quase dobrou em menos de dois anos no RS, como MOSTROU o Sul21, em reportagem publicada em julho de 2022. Em junho de 2020, o estado tinha 35.375 pessoas sob tal denominação e, em novembro de 2021, já eram 59.818, um aumento de 69,1%.
Para Francisco Amorim, jornalista formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também cursou o mestrado e o doutorado em Sociologia, os índices coletados pela reportagem também batem de frente com a premissa de que ter uma arma próxima garante a segurança do portador, uma vez que, em 8,26% das ocorrências, o roubo foi feito mediante grave ameaça ou lesão corporal. A pedido da reportagem, o cientista, que apresentou sua tese sobre as transterritorialidades do narcotráfico na América Latina, analisou os dados fornecidos pela Polícia Civil.
“Mesmo a pessoa estando no mesmo espaço da arma, isso não foi suficiente para garantir [que o crime não ocorresse]”, explica. De acordo com a lei brasileira, a posse de arma de fogo na residência ou no local de trabalho requer que o proprietário disponha de um local seguro para armazenar esse equipamento. Caso o ambiente também seja habitado por crianças, adolescentes ou pessoas com deficiência, o armamento deve ser guardado em um cofre ou em um local seguro com tranca, obrigatoriamente. Na visão de Amorim, os 91,72% dos casos de furto desses equipamentos no Rio Grande do Sul mostram que “não houve a posse ou a tutela adequada da arma e, por algum motivo, houve a oportunidade de ela ser levada na ausência [do proprietário]”.
“Você não é um policial, você não vai andar armado em todos os momentos do seu dia. Você vai ter restrições, seja ela cotidiana, seja legal, de não poder entrar em um lugar com ela, seja nas atividades mais comezinhas”, aponta. “O furto revela que, mesmo que você tenha um porte adequado e você esteja usando aquela arma eventualmente para segurança, quando você se move, você não move a sua coleção”, completa…”
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Basta olhar os dados de 2020. Onde estão as 54 armas roubadas de empresa de vigilância desativada?
https://www.grupooceano.com.br/noticias/rio-grande/policia-civil-investiga-furto-de-54-armas-em-empresa-de-seguranca-privada-em-rg-17390/
Nenhum órgão faz corretamente a sua parte, e ainda pretendem desarmar o cidadão. Risível! kkkkkk
Informação errada. A maior parte das armas é roubada de dentro de estabelecimentos comerciais. Os dados brutos não correspondem aos gráficos apresentados pela ONG com financiamento estrangeiro.
Claudemir com P. fazendo ‘campanha’ anti-armas. Kuakuakuakuakua! Bueno, armas só podem ser furtadas onde elas existem, obvio. O que é uma falha de segurança publica, se a PC atuasse para reprimir o roubo a residencias o numero seria menor. Alas, duvido que alguém entre em algum lugar só para roubar armas. Alas, o numero pode de furtos de armas pode até ser maior. Ninguém vai declarar o furto de uma arma ilegal em casa. Podem até acabar com o mercado legal, o ilegal irá florescer. É melhor ir para a cadeia do que ir para o cemiterio. Simples assim.