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Cabelos brancos e o sinal aberto – por Michael Almeida Di Giacomo

O articulista e algumas explicações para as ações pró-intervenção militar

É surreal o tanto de pessoas que ficam em frente aos quartéis pedindo intervenção militar e denunciando uma suposta “fraude” na eleição presidencial – o mesmo pleito que elegeu grandes bancadas bolsonaristas.

O grau de deterioração cognitiva das pessoas é tamanho que não importa se está chovendo ou um calor de 38 graus, a turma do golpe marcha, busca fazer contato com extraterrestres, e ao som do hino nacional ensaia um baile da terceira idade.

Os bolsonaristas restaram por desnudar a sua veia golpista e antidemocrática. Esse é um fato que não era desconhecido por quem vive o mundo da política, ou seja, a turma do capitão tem seu ditador de estimação e quer que ele se perpetue no poder. Por isso, é preciso estar sempre vigilante.

Parece, ao menos é o que se vê em frente aos quartéis, que o grande número de desocupados a vilipendiar a democracia brasileira é formado por idosos. Alguns, militares da reserva, outros a ocupar o tempo que em anos passados dedicavam às Casas de bingo – hoje proibidas no país.

Claro, há também algumas pessoas de menos idade. E, além de serem golpistas, o que todos têm em comum?

Não aceitam viver em uma sociedade plural. Em um mundo onde a trabalhadora doméstica consegue viajar de avião, onde seu filho tem a oportunidade de cursar uma graduação em uma universidade pública, onde uma pessoa negra pode usufruir o mesmo espaço público ou privado que uma pessoa branca.

Eles não se sentem à vontade em viver em um país onde a miséria é combatida com a mesma intensidade que a classe dominante se locupleta das nossas riquezas. Uma nação onde as garantias e direitos fundamentais irradiam seus efeitos a todos e todas.

Usam seus cabelos brancos para legitimar um grau de autoridade que o tempo dá aos que envelhecem, mas, no caso deles, serve somente para chafurdar no passado autoritário.

Por isso, nada mais atual que lembrar Rui Barbosa, “ […] os canalhas também envelhecem”.

Eles perderam, e o sinal está aberto para nós.

(*) Michael Almeida Di Giacomo é advogado, especialista em Direito Constitucional e Mestre em Direito na Fundação Escola Superior do Ministério Público. O autor também está no twitter: @giacomo15. Ele escreve no site às quartas-feiras.

Nota do Editor: a imagem (sem autoria determinada) que ilustra este artigo é uma reprodução obtida na internet. Mais exatamente AQUI.

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4 Comentários

  1. ‘Eles perderam, e o sinal está aberto para nós.’ Se está aberto é porque está verde, sinal para ir em frente. Se estivesse vermelho seria para ficar parado. Estagnando. Kuákuakuakuakua!

  2. Rui Barbosa? Idolo dos causidicos? A tietagem mostra bem quem são. Diario do Congresso Nacional de 8/11/1914. ““Uma das folhas de ontem estampou em fac-símile o programa da recepção presidencial em que, diante do corpo diplomático, da mais fina sociedade do Rio de Janeiro, aqueles que deviam dar ao pais o exemplo das maneiras mais distintas e dos costumes mais reservados elevaram o corta-jaca à altura de uma instituição social. Mas o corta-jaca de que eu ouvira falar há muito tempo, que vem a ser ele, Sr. Presidente? A mais baixa, a mais chula, a mais grosseira de todas as danças selvagens, a irmã gêmea do batuque do cateretê e do samba. Mas nas recepções presidenciais o corta-jaca é executado com todas as honras de música de Wagner, e não se quer que a consciência deste país se revolte, que as nossas faces se enrubesçam e que a mocidade se ria!”

  3. Fatos notórios não necessitam de prova, pelo menos é o que falam por aí. Esquerda é um amontoado de ignorantes com problemas cognitivos. Logo é só cruzar e esperar a chuva de cerveja e picanha.

  4. Molusco com L., o honesto, vai ser diplomado agora em Dezembro e tomara posse em janeiro. Militares não irão intervir, mais do que óbvio. O que leva a duas questões, por que existem manifestações na frente dos quarteis e por que isto incomoda tanto alguns? Sim, porque não irão mudar de ideia só por sairem de onde estão. A repressão nas redes sociais só faz aumentar o ressentimento e é inócua, sempre há uma maneira.

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