A tecnologia 5G vai melhorar a comunicação na chamada internet das coisas. É bom, porque a comunicação na internet das pessoas está complicada. As coisas vão melhorar; as pessoas, não sei. A rede mundial de computadores possibilitou que chegássemos a este ponto, uma sociedade totalmente conectada.
Tal avanço permitiu que a comunicação humana passasse à quase instantaneidade, propiciou uma potente ferramenta à ciência, que deu passos gigantes no objetivo de criar produtos sofisticados, produzir remédios, proporcionar novos meios de entretenimento. Mas há que se considerar também que deu equipamento e voz às imbecilidades, tais como o negacionismo.
Convenhamos, isso se torna um perigo monstruoso, quando se trata de atentado ao estado direito, à democracia ou ao humanismo. Por isso minha ironia: as coisas, com a tecnologia 5G, vão melhorar.
Claro, caro leitor, imaginando e confiando que não vai haver fake news entre a geladeira e a cafeteira, numa trama doméstica contra o proprietário humano. Nem tudo é facilidade e aventura no mundo da automação e dos equipamentos elétricos e/ou inteligentes. Basta ver, por exemplo, o que vem acontecendo com o carro elétrico, que prescinde de motorista e que se desloca lépido por ruas congestionadas pelo mundo.
Já se registraram acidentes fatais, que, é preciso reconhecer, estatisticamente são em números muito inferiores que os havidos com carros convencionais. E todos sabemos, em razão de nosso humanismo compartilhado, a fatalidade (ou acaso) está presente nos grandes e pequenos desastres. Considerando que tais aparelhos exigem cada vez mais tecnologia de ponta, ainda vai haver espaço e ambiente para que mais e mais veículos automáticos e autômatos estejam no cotidiano.
Não podemos esquecer que, tendo um início bem-intencionado, no meio acadêmico, a internet evoluiu – ou involuiu – com mentes brilhantes se dedicando em explorar, achacar, perseguir os seus pares (ou seja, nós, os simples mortais). A chamada internet profunda, com seus hackers, haters, terroristas digitais, fabricantes de falsidades, enfim, da qual, assim como do inferno (ao menos o descrito por Dante Alighieri), pouco sabemos.
Mesmo aqui no Brasil, tivemos, no centro do poder, em Brasília, uma indústria de fake news, com o chamado gabinete do ódio. Neste caso, fico torcendo para que, por aqui, não evolua a “internet do coiso”, e que a paródia fascista não retorne ao campo político.
Também precisamos perguntar: a quem interessa uma evolução desmedida da tecnologia? Que benefícios para a população geral, para o planeta podem advir de uma total robotização do mundo?
É uma realidade que a Inteligência Artificial já toma conta de quase tudo. Os algoritmos já formam uma espécie de consciência tecnológica por trás de coisas que nem imaginamos. Não apenas nos aplicativos de redes sociais, com os quais nos acostumamos, rapidinho, nas últimas duas décadas deste século.
Já circulam sem pudor, por todas as mídias, imagens, textos, músicas, totalmente criadas artificialmente. Semana passada, li a notícia de que uma agência de modelos não contrata mais pessoas (gente como a gente, de carne e osso), porque passou a usar a inteligência artificial de programas capazes de criar, dar “vida” a manequins feitos de algoritmos. E, pelas fotos que apareciam na matéria, são convincentes.
Os aplicativos de textos estão chegando ao requinte da forma literária. Em breve os jornais não vão precisar mais de colaboradores, pois terá uma equipe feita de “colabots”, redigindo comentários de economia, moda, política e crônicas. E o que será da Inteligência Natural, como a desse velho escriba?
E aí retorno à pergunta: a quem interessa? Quando só houver escritores que escrevem obras digitais para leitores digitais feitos, ambos, de autômatos, o que estaremos fazendo? Espero que não seja, apenas, brincando em um celular 5G, de última geração, enquanto as coisas vão tomando conta do resto (até o dia em que a cafeteira, em conluio com o aspirador de pó e sob o comando de uma Alexa, nos expulse de casa).
(*) Orlando Fonseca é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura e Mestre em Literatura Brasileira. Foi Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados e prêmios literários, entre eles o Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela Da noite para o dia.
Em tempo. Um ‘intelectual’ da urb afirmou que no Brasil ‘1% da população tem 90% da riqueza e 90% da população tem 1% da riqueza’. Bom, sumiram 9% da população, a conta não fecha. Os dados corretos do World Inequality Report são 1% da população teria 48,9% da riqueza. No geral 10% da população teria 79,8% da riqueza, os 40% intermediarios teria 20,6% da riqueza e os 50% da população mais desprovida teria -0,4% da riqueza. Sim o relatorio do ano passado tem estes dados. Conclusão diferença entre os 10% do topo para os 50% inferiores da população seria de 29 para 1. A mesma do Chile. França 1 para 7 e Alemanha 1 para 10. India 1 para 22. Mexico 1 para 31 (Brasil não é ‘maior do mundo’). Africa do Sul 1 para 63 (o relatorio apresenta invertido assim). Turquia 1 para 23. EUA 1 para 17. O que relembra as ‘fake news’, misturar opinião com dados falsos para a esquerda é microfone aberto. Vermelhos não podem jogar fora uma boa reputação que não têm.
Sistema de educação brasileiro precisa ser repensado com urgencia. Não ficar 10 anos debatendo. Reforma do ensino medio, por exemplo. No papel é bonito. Na pratica já me disseram que se antes era um pacote de KiSuco por caixa d’agua agora é meio pacote na mesma medida de agua. Cada reforma ao inves de melhorar torna mais superficial. Pior, os que se formam no sistema diluido serão os/as professores(as) da geração seguinte. O nivel está em espiral descendente.
Desenvolvimento tecnologico não tem indicios de que vá parar. Bill Gates afirmou que os problemas atuais serão resolvidos em dois anos. Há um efeito avalanche, muita gente trabalhando no mesmo setor ao mesmo tempo. Area de humanas nos EUA está arrasada. Uma seita do politicamente correto tomou conta dos departamentos e de lá não sai nada que não seja ideologicamente conforme. Pessoal das humanas daqui, das sociais aplicadas, das artes e letras, estes serão os atingidos mais rapidamente. Muita gente ‘pastel de vento’ vai cair do pedestal. Submediocres fingindo ‘intelectualidade’ já eram. Corpo discente com Google no celular já era dificil, agora com IA vai ser ‘o bicho’.
Maioria não se dá conta, mas juntando a Alpaca (IA de Stanford equivalente ao ChatGPT 3.5), um robo da Boston Dynamics (ou equivalente japones), um chip 5G (acesso a internet, o que evitam porque é perigoso) e um sintetizador de voz temos robos de Guerra nas Estrelas (a franquia de filmes). De onde sairia o sintetizador de voz? Já existe. Existe um site, ‘The Infinite Conversation’, onde através de deep fake é apresentada um debate ininterrupto (em ingles) entre Werner Herzog (o cineasta) e Slavoj Žižek (o filosofo de esquerda). Cada um é representado por uma inteligencia artificial e a voz de cada um tem o sotaque caracteristico (e maneirismos) de cada um. Ou seja, as peças do Lego estão prontas.
Fundação Bill e Melinda durante a pandemia distribuiu 319 milhões entre orgãos de imprensa relevantes. No ‘The Guardian’ é chamado de Santo Bill (jornal ganhou 13 milhões). Bill Gates é isoladamente o maior proprietario de terras araveis com recursos hidricos dos EUA (dizem que continua comprando). Fatos. Alas, o Washington Post é propriedade do Jeff Bezos da Amazon. Ou seja, não é só filantropia que estes dai fazem.
Empresa que produziu o ChatGPT era sem fins lucrativos. Não conseguia grana para ir adiante. Virou uma ‘capped-profit’, uma empresa de lucros limitados (na pratica não tem muita diferença). No inicio da empresa Elon Musk tinha 100 milhões investidos no empreendimento. Depois da mudança a Microsoft colocou 1 bilhão (tudo dolares). Fala em colocar mais 10. Bill Gates tem acesso antecipado aos resultados. Diz ele (entrevista está no canal da MS do youtube) que ainda existem problemas de contexto (depois que conta uma piada a IA não leva nada mais a serio) e tem problemas com matematica (falta melhorar a abstração). Porem perguntou ao GPT4 ‘o que dizer a um pai/mãe de uma criança doente?’ e ficou impressionado com a resposta.
Inteligencia do velho escriba, ressalvada a diferença no conceito de ‘inteligencia’, vai morrer. Como todo mundo. AI não está avançada o suficiente e nem atingiu consciencia para treinar um computador para se comportar como se fosse um dejus. Sem problema, humanidade vai seguir e o escriba será esquecido. Como todo mundo. No maximo vira nome de rua. CV edita uma lei ‘mudamos o nome do Beco das Sete Facadas para….’. Ou vira nome de escola. Olavo Bilac tem a duvidosa honra de nomear uma ruina em SM.
Agencia de modelos chama-se Deep Agency. É dos Paises Baixos, holandesa. Não acredito que sejam favas contadas. Muita coisa pode acontecer. Industria de audiovisual ianque andou abusando do CGI e perdeu dinheiro. Pode ser algo geracional.
‘a quem interessa uma evolução desmedida da tecnologia?’. Assim nasce mais uma teoria da conspiração. Nada novo, os ludistas que o digam. As redes sociais já estão em decadencia. Em voga agora está o TikTok, uma versão em video dos 140 caracteres iniciais do Twitter. Um influencer ianque explicou o busilis no Youtube. ‘Se tenho 10 mil seguidores e ganho 10 dolares de cada um por ano o total é 100 mil, não dá para ficar rico mas dá para viver bem.’ Se ‘traduzirmos’ para o Brasil, tirando a beirada do Estado, dá mais ou menos (se não errei as contas) algo como 5 mil por mes. Há jovens mulheres que ganham 100 mil dolares (algumas muito mais) por mes mostrando o corpo em sites proprios ou no OnlyFans (pelo menos até a IA diminuir o mercado delas).
Internet das coisas não decolou. Carros eletricos que andam por ai são nivel 3, ou seja, motorista deve estar pronto a intervir a qualquer momento. A inteligencia artificial não ‘ja toma conta de quase tudo’. Até porque existe um problema de segurança que a maioria não presta atenção. O que acontece é o mesmo que aconteceu com outros avanços tecnologicos. Marketeiramente muita gente entrou no esquema ‘não fazemos inteligencia artificial, vamos criar uma narrative e mudar a semantica para chamar o que fazemos de inteligencia artificial’. Tem até causidico chamando planilha de calculo de custos de IA. Alas, o mesmo já aconteceu com inovação, sustentabilidade, responsabilidade social e muitas outras coisas antes.
O que se segue é um festival de fake news. Algo comum na cidade, inclusive na Sala Vermelha do Diario Vermelho. Por lá é permitido inventar os proprios fatos desde que seja em prol da ‘causa’. Alas, ‘jornalista’ (que também é contra fake news) presente só fica assistindo.
Ideologia não se comenta, até porque é uma repetição e uma chatice total. Chamar a propria ideologia de ‘humanismo’ também não se comenta, não engana ninguém. De imbecilidades os vermelhos entendem muito.