A grande pergunta – por Orlando Fonseca
Semana passada, as gigantes da tecnologia e importantes pesquisadores de inteligência artificial, incluindo o CEO da Tesla, Elon Musk, o pioneiro Yoshua Bengio e Steve Wozniak (cofundador da Apple) se uniram a acadêmicos em uma carta aberta, coordenada pela organização sem fins lucrativos Future of Life Institute. O documento pede uma moratória de seis meses no desenvolvimento da chamada Inteligência Artificial, prazo que daria ao setor tempo para definir padrões de segurança para o design e evitar possíveis danos das tecnologias de IA mais arriscadas. Se eles, que ganham bilhões de dólares entenderam que é bom se preocupar com algo, acho que devemos pôr os neurônios de molho.
São as perguntas que mudam o mundo, não as respostas. Estas se incorporam à vida, ao cotidiano, ao mundo, enfim. O que impulsiona o ser humano no processo civilizatório e no progresso é esta mania que temos de pôr em questão tudo que está aí. Uns mais, outros menos, mas todos temos um pé atrás com a realidade. A ponto de que alguns, com os dois pés atrás, chegam a negar o que os fatos afirmam definitivamente. Deixando os negacionistas de lado, perguntar é o que nos põe em movimento na busca de soluções. Por isso é que a atitude das empresas causaram desconfiança em alguns. Por mim, fico com a ideia de que a parada é uma tomada de consciência. Pelo sim, pelo não, a inteligência natural falou mais alto.
Tudo começou a esboçar dimensão de dúvida, quando o ChatGPT ganhou os computadores domésticos mundo afora. E isso que este aplicativo é ainda um invento que parece uma brincadeira de gurizada no colégio, diante do que está para vir, com programas muito mais poderosos, quando se trata de produção criativa. Eu diria que o embate Inteligência Artificial x Inteligência Natural está começando, e, a julgar como boa a intenção da pausa pedida pelas corporações, pela primeira vez, vemos a prudência superar o deslumbramento, instalando o que nos é peculiar: indagações primordiais. Há muito que as máquinas vêm ocupando o espaço de ação do ser humano, causando desemprego em massa, em vários setores, desde a agricultura até nas agências de publicidade e marketing (peças publicitárias ou modelos humanos). No fundo, este é o temor primário: a substituição.
Desde Isaac Asimov, em 1950, a convivência entre humanos e robôs tem sido problematizada pela literatura. O inglês Ian McEwan, em seu excelente romance, “Máquinas como eu”, leva ao paroxismo as questões éticas com a emulação de humanoides, convivendo, como se fosse natural, com humanos. Aliás, foi Asimov, que estabeleceu em seu livro de contos, “Eu, Robô” as célebres Três Leis da Robótica: 1. um robô não pode ferir um humano ou permitir que um humano sofra algum mal; 2. os robôs devem obedecer às ordens dos humanos, exceto nos casos em que essas ordens entrem em conflito com a primeira lei; 3. um robô deve proteger sua própria existência, desde que não entre em conflito com as leis anteriores.
No meu entendimento, usando apenas a Inteligência Natural, o limite para se ter um assombro com a IA é a pergunta. A ciência teve um salto, no século XVII com a chamada “dúvida cartesiana”, célebre proposição racionalista de Descartes sobre o método científico. Por enquanto, tirando os diálogos coloquiais, os robôs produzem perguntas como fórmula de convívio, resultante de algoritmos. Para que cheguemos ao estágio em que as perguntas levem a uma nova tese, um novo teorema, uma nova fórmula, a um novo padrão estético, precisamos da tal dúvida primordial, em que se coloca em questionamento o que está dado. E isso depende de autoconsciência e vontade. Por enquanto, é o que falta aos autômatos e máquinas pensantes (que pensam que pensam). Quando surgir o Bot Perguntador, provido de consciência e de volição e começar a pôr em questionamento a nossa existência, aí estaremos ferrados. No momento, basta saber que as corporações tenham se dado conta de algo, e pedem para que, primeiro, se tenha a resposta para esta hipotética – e ameaçadora – pergunta.
(*) Orlando Fonseca é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura e Mestre em Literatura Brasileira. Foi Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados e prêmios literários, entre eles o Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela Da noite para o dia.
Italia proibiu o ChatGPT. Nada que não possa ser ‘contornado’ por lá. O assunto ‘regulamentação’ surge. Como um bando de analfabetos funcionais vai regular uma coisa que não tem perigo nenhum de entenderem? Chamando, como de costume,’especialistas’ escolhidos a dedo? No maximo a preocupação é ‘como tiraremos uma beirada desta bagaça’. ‘Como isto coloca grana no meu bolso’. Total zero. O mundo não termina amanha. Tecnologia demora a se difundir pelo mundo. Como sempre os tupiniquins estão atrasados. Menos no marketing.
Deixando de lado a analise puramente economica marxista, Alex Garland dirigiu Ex Machina. Num podcast afirmou que era ‘a very smart guy’. Arrogancia tem que ser merecida como diria o Dr. House. Sim, de fato o sujeito é muito inteligente. Problema é a dificuldade de entender os filmes dele. No filme citado os pontos principais são abordados e explicados. Alas, Alex Garland é neto pelo lado materno do biologista Peter Medawar. Ganhou o Nobel em 1960. Nasceu em Petropolis, RJ, mas renunciou a cidadania antes da premiação.
Foi feito um teste de QI no ChatGPT (revista Scientific American). O QI verbal da IA resultou em 155. Superior a 99,9% da galera (amostra blá blá blá). Pergunta é como diferenciar a inteligencia artificial da natural?
Indagações nunca cessaram. Só foram para inutilidades. Como o ‘o’ e o ‘a’ no final das palavras. Grande parte das indagações filosoficas relevantes foram parar na ciencia da computação (o que é consciencia? como determinar que existe consciencia?) ou na fisica. Einstein era estudioso de Espinoza. Bohr era versado em Kierkegaard.
Chance maior é que o abaixo assinado seja, como a maioria deles é, irrelevante. Imagine uma empresa com milhões em folha de pagamento de cientistas da computação pagando salário para não fazerem nada. Politicos não se sabe o que podem fazer. Podem até montar um circo para dar impressão que estão fazendo alguma coisa e fazerem absolutamente nada. Sim, porque uma empresa americana com dinheiro americano está ‘na frente’. Irão dar tempo para os chineses tirarem a diferença? Não creio.
Vermelhos irão dizer que existem meia duzia de ‘fobias’ na piada. Podem ir tomar suco de caju.
Logo ‘as gigantes da tecnologia e importantes pesquisadores de inteligência artificial’ viraram a piada do cabo véio. Pediram para o cabo véio dar instrução para os recrutas de FNFAL no quartel. Cabo véio largou esta ‘O FAL, fuzil tomático leve se divide em 7 partes; me lembro de 5, vou falar duas: facãozinho e bainha’.
O pioneiro além de desconhecido é canadense. Steve Wozniak é, pelos padrões vermelhos tupiniquins, um ‘rentista’. Vive majoritariamente da grana que fez com a participação na Apple.
Por partes como diria Jack, o estripador. Elon Musk é CEO da Tesla, da SpaceX, do Twitter, da Starlink, da Neuralink, talvez ainda da The Boring Company, uns trocos na OpenAI. Independente disto tudo ele é tretado com o Bill Gates (que andou apostando na bolsa contra a Tesla), com o CEO da OpenAI, com o Partido Democrata (tirou empresas da California, não apoiou o partido como as grandes montadoras) e mais uma galera.