Desfazer a ruína e construir a memória – por Jorge Pozzobom

Na última quinta-feira (13), o Conselho Gestor do Fundo para Reconstituição de Bens Lesados (FRBL), presidido pelo Ministério Público Estadual, classificou o projeto do Memorial às Vítimas da Kiss. Receber essa notícia significa muito para mim. Construir esse Memorial é um objetivo nosso desde o início da minha gestão, em 2017. Digo nosso porque essa é uma construção coletiva, junto ao meu vice-prefeito, Rodrigo Decimo, e à Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), entre outras pessoas que estão engajadas nesse projeto.

Em janeiro deste ano, Rodrigo e eu levamos o projeto ao governador Eduardo Leite, em visita ao Palácio Piratini, e explicamos a ele que estávamos aguardando o parecer do FRBL. Na semana seguinte, nas solenidades que marcaram uma década da tragédia, junto ao Gabriel Barros, presidente da AVTSM, assinamos um Termo de Compromisso para a construção do Memorial. Naquela ocasião, na Praça Saldanha Marinho, demos mais um passo rumo a esse objetivo, o qual eu acredito que esteja cada vez mais próximo de se realizar.

Nesta segunda-feira (17), estive no Ministério Público, em Porto Alegre, para receber a documentação oficial que contempla o valor destinado à construção do Memorial. Fiz questão, também, de agradecer pessoalmente pelos 11 votos em favor do projeto. Construir esse espaço, antes de tudo, significa mais um gesto de carinho e solidariedade aos familiares das vítimas e aos sobreviventes do incêndio na Boate Kiss. Queremos transformar aquele espaço onde funcionava a boate.

Reforço, ainda, que o Memorial terá um significado não somente para Santa Maria, mas para o mundo inteiro. O que aconteceu aqui não pode ser esquecido, principalmente porque incêndios semelhantes continuam ocorrendo, a exemplo da tragédia em Kostroma, na Rússia, em novembro do ano passado. Por isso, mais do que ninguém, precisamos ser exemplo de iniciativas de prevenção, conscientização e empatia. Não dá para simplesmente virar a página. Essa história diz respeito a todos nós, santa-marienses.

O Memorial será construído na Rua dos Andradas, onde funcionava a Kiss. O projeto arquitetônico, escolhido por meio de um concurso do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-RS), prevê um jardim naturalista circular de flores e um auditório. A sua volta, 242 pilares de madeira, cada um representando uma vítima da tragédia. Quando o projeto foi aprovado, nosso vice-prefeito era presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Santa Maria (Cacism), que participou ativamente na escolha do vencedor do concurso.

Nosso empenho é para que o Memorial seja um local de homenagens e reflexão. Não estamos sozinhos nisso. É com o apoio de muita gente, de todos vocês, que iremos desfazer a ruína para construir a memória.

(*) Jorge Pozzobom é o Prefeito Municipal de Santa Maria. Sua trajetória como agente político começou com dois mandatos de vereador, tendo depois se alçado, pelo voto popular, à Assembleia Legislativa. Em meio ao segundo período, em 2016, foi eleito para conduzir o Executivo santa-mariense. Em novembro de 2020 foi reeleito para novo mandato. Ele escreve no site às terças-feiras. 

Nota do Editor: a foto que ilustra este artigo é de Marcelo Oliveira, da Assessoria de Imprensa da Prefeitura.