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São 100 dias de menos armas e mais vida – por Valdeci Oliveira

“Recomeço de um ciclo onde o povo brasileiro voltará a ser protagonista"

Há um entendimento nos meios políticos de que quanto pior o governo anterior mais fácil será para quem o sucedê-lo, principalmente se este for oposto ao que saiu. Mas há de se considerar que também há necessidade de maior esforço para atender aos anseios de quem ficou desassistido pelo caminho. No caso do governo federal, foram vários. E a primeira dessas necessidades foi trazer de volta a esperança que, ano após ano, foi soterrada pela insensatez, pelo radicalismo e pela insensibilidade.

Não se trata de uma tarefa das mais simples. Além de vontade e capacidade, pré-requisitos essenciais, é preciso muito diálogo e negociação para evitar que a urgência posta não fique totalmente refém do tempo da política. São ‘tempos’ diferentes –  e com muitos desafios a serem superados

Na próxima segunda-feira (10), completam-se 100 dias de governo do presidente Lula. Nesses pouco mais de três meses, temos presenciado um esforço pouco visto na história recente da República brasileira – e muito diferente do primeiro mandato, em 2003 – para garantir a democracia, reconstruir o país, unir o povo, resgatar a cultura de paz e estabelecer uma série de políticas públicas que foram dizimadas ao longo dos últimos quatro anos e que extinguiram o acesso da maioria da população a direitos básicos.

Nesses cem dias, marca que tradicionalmente se busca fazer uma análise dos primeiros passos dos governos, as sinalizações do terceiro mandato do presidente Lula é de que o Brasil voltou a cuidar, com muito vigor, do meio ambiente e das pessoas, tendo a união e a reconstrução como norte.

Com as contas estouradas na mesma proporção das enormes carências e com o outrora respeito internacional a ser reconquistado, o momento pode ser ilustrado com o velho exemplo de trocar o pneu com o carro em movimento. Trata-se de reconstruir o país, verbo transitivo direto que aqui vira sinônimo de restabelecimento das civilidades política e social e crescimento econômico com distribuição de renda e justiça fiscal. 

A propósito da desculpa reducionista de quem saiu de que o dano foi causado pela pandemia e pela guerra na Ucrânia, não há tempo a perder. O atraso a que fomos jogados enquanto sociedade precisa ser superado. Aliás, foi para isso que a maioria dos eleitores e eleitoras fez o L no ano passado.

E as respostas estão sendo dadas.

O Brasil voltou a ser protagonista nos fóruns internacionais; nossas posições voltaram a ser consideradas e respeitadas e deixamos no passado a pecha de pária internacional, com nossa política externa voltando aos trilhos.

Internamente, se retomou o Minha Casa, Minha Vida e Mais Médicos, programas que foram desfigurados de tal maneira que não tinham sequer o direito de fazer uso dos seus nomes originais. O novo Bolsa Família – que substituiu o eleitoreiro Auxílio Brasil – chegou com força e capilaridade: só no RS, mais de 603 mil famílias estão tendo acesso ao benefício em 497 municípios, com R$ 405 milhões indo diretamente para o mercado de consumo, pois é com comida e itens básicos de higiene que quem recebe gasta. Em Santa Maria, por exemplo, foram injetados R$ 10 milhões no mês de março.

A discussão de uma política industrial que atenda aos interesses nacionais, a retomada do aumento real do salário mínimo vinculado ao crescimento do PIB, a volta o Zé Gotinha e das campanhas de vacinação, a garantia e aumento de recursos para o fornecimento de merenda escolar pelos municípios, o resgate do Programa de Aquisição de Alimentos e a recriação do Conselho Nacional Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) também ilustram esses cem dias.

Da mesma forma, é simbólica desse novo tempo a proposta de uma âncora fiscal que substitua o famigerado teto de gastos, que desde 2016 vem se mostrando errático e ineficaz ao congelar por duas décadas os investimentos públicos, incluindo infraestrutura, educação, segurança, moradia e saúde. E sobre saúde – setor fundamental para a defesa da vida – estamos falando numa perda de R$ 40 bi no período – o que mostra, também, que a queda de braço com o Banco Central e sua política suicida de manter os juros brasileiros como os maiores do planeta é uma medida necessária e correta.

Se formos pontuar cada uma das ações do chamado Lula 3, estamos falando de mais de 250 iniciativas, que ainda vão do combate ao trabalho análogo à escravidão, às queimadas e ao garimpo ilegal passando pelo apoio às regiões castigadas por estiagem ou inundações, endurecimento da política armamentista, retomada do Pronasci com foco na redução de feminicídios, aos investimentos no combate à violência e ao racismo contra os negros, negras, do atendimento e proteção dos povos originários, pelos mutirões para cirurgias eletivas do SUS e pelo reajuste das bolsas de ensino superior e pesquisa.

Aos que afirmam que esse conjunto todo se trata de políticas públicas revisitadas, dou de ombros e digo: esse é apenas o recomeço de um ciclo onde o povo brasileiro voltará a ser protagonista de seu próprio destino.

(*) Valdeci Oliveira, que escreve sempre as sextas-feiras, é deputado estadual pelo PT e foi vereador, deputado federal e prefeito de Santa Maria.

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3 Comentários

  1. 100 dias de inação e paralisia. 100 dias de maquiagem marketeira no que ja existia. Armas? Quanta ‘genialidade’! Um ataque a faca numa escola e outro a machadinha numa creche. Ideologia podre de gente com problemas cognitivos que resolve nenhum problema.

    1. Verdade Brando ! Só narrativas e manchetes . O deputado deveria explicar a votação UNANIME do projeto de aumento dos professores . Fez discurso contra, mas votou a favor Voltou o jogo das tesouras?= PSDB x PT ?

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