A importância da Primeira Infância no Desenvolvimento Humano – por Roberto Fantinel
“Novo edital do Programa ‘PIM’ possibilitará expansão da política para todo RS”
Ao escrever para esta coluna me deparei com uma realidade comum, mas não para uma parcela da população gaúcha que ainda desconhece que a primeira infância, compreende o período desde o nascimento até os seis anos de idade e, é uma fase crucial no desenvolvimento do ser humano. Nesse estágio inicial, ocorrem transformações significativas no cérebro, na cognição, na linguagem e nas habilidades sociais e emocionais. A primeira infância é um período de rápido crescimento e aprendizado, no qual as bases para o desenvolvimento futuro são estabelecidas. Pesquisas científicas têm demonstrado que as experiências vividas nessa fase têm um impacto duradouro. Portanto, investir na primeira infância é essencial para promover o bem-estar e o desenvolvimento saudável das futuras gerações.
Nesta semana, o Governo do Rio Grande do Sul anunciou uma ferramenta para aprimorar os cuidados com as nossas crianças. O “Dashboard da Primeira Infância” que reúne dados atualizados, contemplando as cinco dimensões do cuidado integral da primeira infância. A ferramenta vai auxiliar os gestores estaduais e municipais a trabalharem e melhorarem as políticas voltadas para essa faixa etária em todo o estado. Além disso, ajudará a definir metas para o Plano Estadual da Primeira Infância.
Cuidar da primeira infância é compreender que durante os primeiros anos de vida, o cérebro passa por um processo de desenvolvimento acelerado. As conexões neurais são formadas a uma taxa surpreendente, e a qualidade das interações e estímulos ambientais desempenha um papel fundamental na formação dessas conexões. Estímulos adequados e enriquecedores, como interações afetivas, brincadeiras, leitura e exposição a diferentes estímulos sensoriais, contribuem para o desenvolvimento de um cérebro saudável e resiliente. Desta forma, nosso foco enquanto Secretaria de Assistência Social do RS são as crianças que pertencem a famílias pobres. Pois, é nesta idade que começam a explorar o mundo ao seu redor, adquirindo habilidades como a resolução de problemas, a compreensão de conceitos numéricos e a linguagem. A exposição a um ambiente rico em estímulos verbais e oportunidades de interação social favorece o desenvolvimento da linguagem e a construção de um vocabulário robusto, facilitando a expressão de pensamentos e emoções e nós precisamos fazer com que esta realidade chegue para todas as crianças gaúchas.
Crianças das famílias de baixa renda sofrem impacto duradouro da pobreza e têm maior risco de mortalidade infantil, desnutrição crônica, atraso de desenvolvimento, baixa escolaridade e gravidez na adolescência, em comparação com crianças de famílias mais ricas em países de baixa e média renda. É o que mostra estudo da Universidade Federal de Pelotas publicado na série Optimising Child and Adolescent Health, da revista The Lancet.
Por tanto, o novo edital do Programa Primeira Infância Melhor (PIM), vai possibilitar a expansão da política para todo o estado. Com um repasse adicional de R$ 6,9 milhões por ano, a meta é chegar a 43 mil gestantes e crianças atendidas pelo programa. A primeira infância também é um período crítico. Um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram, por exemplo, que 8,6% dos estudantes do ensino médio matriculados nas escolas da rede pública pertencem a famílias com renda per capita na faixa dos 20% mais ricos do país. O índice é maior que o dobro da situação inversa: só 3,8% dos estudantes de famílias pobres estudam em escolas particulares. Na rede privada, 52,3% dos estudantes pertencem à faixa de renda mais rica. O bom desempenho de estudantes de escolas públicas federais, técnicas e militares em exames como o Enem e vestibulares também atrai famílias com melhor condição financeira.
Assim, compreende-se que dar uma atenção maior a Primeira Infância Pobre é um meio de transformar a realidade do nosso estado em um futuro muito próximo. Além disso, o investimento na primeira infância é uma estratégia eficaz para combater desigualdades sociais, pois pode ajudar a reduzir disparidades de desenvolvimento entre crianças de diferentes contextos socioeconômicos.
(*) Roberto Fantinel é deputado estadual licenciado pelo MDB. Oriundo de Dona Francisca, onde foi vereador, é ex-presidente da Juventude do MDB/RS, integrante do Diretório Municipal do MDB/SM e ex-assessor do governo gaúcho, na gestão de José Ivo Sartori. Foi presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa e é o atual secretário estadual de Assistência Social. Ele escreve no site, semanalmente, aos sábados.
Fantinel deveria estampar a nota de tres reais.