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CLIMA. Radar meteorológico da UFSM monitora um raio de até 100 km na região central do Rio Grande

Instalação aconteceu no mês de junho, através de parceria entre Brasil e China

Radar D3SR foi instalado na Área Nova do Colégio Politécnico, um dos pontos mais altos da Universidade (Foto Ana Alicia Flores)

Por Gabriela Leandro e Mariana Henriques / Da Agência de Notícias da UFSM

Desde o mês de junho, um radar meteorológico passou a fazer parte da UFSM. Após dois meses a caminho do Brasil, o equipamento, que tem como finalidade o estudo de nuvens, chuva e ventos na região centro do Rio Grande do Sul, foi instalado na Área Nova do Colégio Politécnico.

Tecnologia de impacto

Situada em uma área de latitude média, ou seja, compreendida entre o Trópico de Capricórnio e o Círculo Polar Antártico, a região sul do Brasil está em um local considerado único no mundo para fenômenos meteorológicos, possuindo uma das maiores atividades meteorológicas da américas. Vagner Anabor, professor do Programa de Pós-Graduação em Meteorologia da UFSM, explica que essa localização específica faz com que tenhamos fenômenos meteorológicos interessantes em todas as estações do ano, o que torna os estudos sobre o tema realizados aqui ainda mais relevantes. 

Área de abrangência do radar, no centro do território gaúcho (Foto Ana Alicia Flores)

Para contribuir com a pesquisa, o radar D3SR foi instalado na Área Nova do Colégio Politécnico, um dos pontos mais altos da Universidade, permitindo a detecção, monitoramento e medição de hidrometeoros, ou seja, chuva, granizo, neve e nuvens, em um raio de até 100km a partir de seu ponto base. Dessa forma, pode fazer medições precisas em uma distância que abrange toda a Quarta Colônia e cidades como São Pedro do Sul, São Vicente do Sul, São Gabriel, São Sepé, Caçapava do Sul, Cachoeira do Sul, Sobradinho, Júlio de Castilhos e Tupanciretã. 

Vagner explica que o equipamento funciona como uma espécie de tomógrafo, que gera imagens de alta resolução do interior de nuvens, possibilitando enxergar dentro delas para identificar de que tipo de substância ela é formada: água líquida, granizo ou neve, por exemplo. Na prática, o novo radar poderá contribuir com previsões do tempo mais precisas, permitindo conhecer o comportamento de sistemas precipitantes a longo prazo. Os resultados dessas análises têm impacto direto para a agricultura, geração de energia e disponibilidade de água para recursos humanos e animais. Também, através do equipamento, é possível estudar o impacto das partículas vindas das queimadas da amazônia nas mudanças climáticas gaúchas, especialmente no setor da agricultura. Com ele, também será possível identificar fenômenos únicos que nunca foram identificados, pois é a primeira vez na história que existe um radar com essas características na região sul do Brasil, complementa Anabor.

Veja como funciona o radar na matéria produzida pela TV Campus:

Por dentro do funcionamento do radar

Vagner Anabor explica que os radares de nuvens são um tipo de equipamento de sensoriamento remoto de sensor ativo. Ou seja, ele emite ondas eletromagnéticas e recebe um sinal de retorno, permitindo, assim, identificar características do objeto detectado e também sua velocidade. 

Pesando aproximadamente 7 toneladas e com dimensões relativamente pequenas para um equipamento deste porte, o docente responsável explica que o sistema do equipamento é moderno e ultra avançado, o que permite medições qualificadas. “Ele possui um novo sistema de transmissão de estado sólido e eletrônica moderna, tornando-se um equipamento compacto e de baixa potência elétrica, apenas 6kW, muito menor do que os antigos radares meteorológicos”, ressalta o professor. 

Vagner Anabor explica o funcionamento do novo radar, permitindo a detecção, monitoramento e medição de hidrometeoros, ou seja, chuva, granizo, neve e nuvens em umraio de até 100 km a partir do seu ponto base (Foto Ana Alicia Flores)

Além disso, para que faça as medições adequadas, utiliza duas faixas, ou bandas do espectro eletromagnético: a banda X com frequência de 9,5GHz e comprimento de onda λ~3cm e a banda Ka, com frequência de 35GHz e comprimento de onda λ~8,5mm. Ambas são emitidas simultaneamente e possuem dupla polarização. Isso quer dizer que as ondas eletromagnéticas emitidas são polarizadas horizontal e verticalmente, permitindo medidas precisas sobre as características físicas dos hidrometeoros. Essa varredura volumétrica permite entender a circulação em diferentes camadas da atmosfera.

Outra característica do equipamento é possuir um sistema de medição que utiliza o efeito Doppler. “Na escola aprendemos sobre este efeito e o principal exemplo utiliza ondas sonoras, quase sempre em um caso onde calcula-se a diferença de fase entre ondas sonoras de uma ambulância que se aproxima ou se afasta de um observador. A polícia também utiliza esta técnica direcionando seu radar e emitindo ondas eletromagnéticas para um veículo e detecta sua velocidade. Então esta é uma técnica comum que também é empregada na maioria dos radares meteorológicos modernos”, explica Anabor. No radar, o efeito Doppler se manifesta através da diferença de fase entre a onda eletromagnética emitida e refletida pelos hidrometeoros em direção a antena. Assim é possível estimar a velocidade de gotas, granizo, ou outras partículas carregadas pelo vento, ou seja, a própria velocidade do vento, complementa o coordenador…”

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