DestaqueSaúde

SAÚDE. Alta internação de crianças expõe desafio de ampliar vacinação contra a gripe no Rio Grande

Apesar do imunizante ser gratuito, seguro e eficaz, baixa adesão surpreende

Campanha contra influenza iniciou em 4 de abril e, na Capital, por exemplo, está muito longe da meta (Foto Robson da Silveira/PMPA)

Reproduzido do jornal eletrônico SUL21 / Reportagem assinada por Luciano Velleda

No dia 21 de junho, quando o solstício de inverno no Hemisfério Sul marcou o início dos meses mais frios do ano, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) alertou que o período exigiria maiores cuidados com doenças respiratórias. No caso da gripe, naquele momento já se sabia que a cepa predominante em circulação era a A (H1N1), a mesma que originou a pandemia de gripe em 2009.

A cepa H1N1 historicamente causa mais prejuízos à saúde em comparação aos outros subtipos de influenza. Em que pese a vacinação estar disponível, gratuitamente, desde meados de abril, a baixa adesão da população à imunização contra a gripe já causava o temor de altos números de infecções e agravamentos da doença.

Não deu outra. Desde então, o que se viu no Rio Grande do Sul foram emergências hospitalares lotadas e um grande aumento nas internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Cerca de 15 dias depois do começo do inverno, o governo estadual declarou estado de emergência em saúde pública, em todo o território do RS, devido à elevada hospitalização de crianças por doenças respiratórias.

As causas para o cenário enfrentado em 2023 são variadas.

Uma delas, todavia, causa particular preocupação e espanto em médicos e gestores da saúde: a baixa cobertura vacinal contra a gripe dos grupos prioritários. A vacina trivalente contra o vírus influenza continua sendo a melhor alternativa para evitar formas graves da infecção. O imunizante estimula a produção de anticorpos para as três cepas principais: A (H1N1), A (H2N3) e B. Em Porto Alegre, dados do final de junho mostravam que apenas 32,5% das crianças tinham sido vacinadas – a meta é próxima de 90% (confira a situação dos grupos prioritários abaixo).

“Não conseguimos alcançar a meta em nenhum grupo”, lamenta Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e membro do Comitê de Infectologia da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SP-RS). “Tenho certeza que essa baixa cobertura vacinal está levando a mais casos de internações. A gente não consegue entender por que as pessoas não estão se vacinando.”

Até o último dia 10 de junho, data usada pelo governo estadual para o embasamento epidemiológico do decreto de emergência, o RS apresentava 2.806 casos de SRAG em crianças até 11 anos, sendo 642 registros de internações em UTI. No mesmo período, em 2022, foram 2.279 casos e 581 internações em UTI. Já em 2021, foram 1.905 casos e 435 internações. Os dados demostram um aumento do número de casos de SRAG, sendo o maior desde o começo da série histórica em 2017 para a faixa etária até 11 anos.

Apesar de dizer ser difícil compreender os motivos pelos quais os gaúchos, mesmo sabendo dos riscos e tendo a vacina gratuitamente à disposição, não se imunizam, o médico levanta algumas hipóteses. Uma delas é o que chama de “fadiga” da população após os anos de pandemia de covid-19. As pessoas estariam cansadas do assunto de doenças respiratórias e vacinas.

“Parece que há um relaxamento dos cuidados e o inverno, com ambientes mais fechados, facilita a transmissão”, analisa o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Aliado ao cansaço com o tema, Cunha acrescenta outro elemento para tentar explicar a baixa adesão da população à vacina contra a gripe: as fake news. Durante toda a pandemia de covid-19 e o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, os grupos antivacinas, que sempre foram minoritários no Brasil, ganharam protagonismo – contando, inclusive, com amplo apoio do ex-presidente.

“As fake news abalaram a confiança em todas as vacinas. Estudos mostram que os grupos antivacinas têm mais divulgação do que os grupos pró-vacina”, comenta o membro do Comitê de Infectologia da Sociedade de Pediatria do RS.

Além dos baixos índices de vacinação dos grupos prioritários, o médico acrescenta outros elementos que devem ser considerados ao analisar o alto número de crianças internadas neste inverno. Cunha pondera que, principalmente durante 2020 e 2021, os dois primeiros anos da pandemia, o isolamento social fez com que muitas crianças, principalmente as menores, não tivessem contato com vírus de doenças respiratórias, incluindo os da gripe, a meningite e o vírus sincicial, causador de infecção aguda nas vias respiratórias que podem afetar os brônquios e os pulmões.

Ao não ter contato com esses vírus, as crianças acabaram se tornando mais suscetíveis agora, com o relaxamento das medidas não farmacológicas de proteção (uso de máscara, lavar as mãos) e circulação sem restrições.

“As crianças são as que mais têm internado por influenza, covid e vírus respiratórios. Talvez por terem ficado afastadas, agora estão se infectado mais”, explica Cunha…”

PARA LER A ÍNTEGRA, CLIQUE AQUI.

Artigos relacionados

ATENÇÃO


1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.

2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.

3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.

4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.

5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.


OBSERVAÇÃO FINAL:


A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo