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CÂMARA. Comissão da OAB de SM se manifesta contra os projetos de Roberta Leitão sobre aborto

Vereadora diz ser vítima de perseguição política promovida por procurador

Comissão da OAB diz que Roberta Leitão “se debruça em uma cegueira deliberada” em projetos sobre aborto (Foto Isadora Pilar/Câmara)

Por Maiquel Rosauro

A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio Grande do Sul (OAB/RS), subseção de Santa Maria, protocolou na Câmara de Vereadores um parecer manifestando-se contra a tramitação dos projetos de lei de Roberta Pereira Leitão (PP) sobre aborto. A entidade alega que ambas propostas são inconstitucionais e reivindica que as matérias sejam derrubadas pelo Parlamento. Por outro lado, a parlamentar diz ser vítima de perseguição política.

O PL 9647/2023 propõe a possibilidade de mulheres grávidas, vítimas de abuso sexual, terem que ouvir os batimentos cardíacos do nascituro antes de abortar. Já o PL 9648/2023 determina a fixação de cartazes educativos sobre aborto em unidades hospitalares de Santa Maria que realizem a prática e em consultórios médicos onde gestantes são atendidas.

“De plano, cumpre ressaltar que os referidos projetos são flagrantemente inconstitucionais. Isso, pois, que adentram em matéria privativa da União e/ou matéria concorrente da União, Estados e DF, não havendo que se falar em legislação de interesse local. Ademais, acabam por afrontar o princípio da dignidade da pessoa humana, fundamento maior da Constituição da República Federativa do Brasil, conforme dispõe o art. 1º, III, bem como outros direitos e garantias individuais previstas no texto constitucional”, diz trecho do parecer da OAB.

O documento também destaca que os projetos contrariam diretrizes de atendimento pelos profissionais de segurança pública e da rede de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS).

“Mais grave que isso, inescusavelmente afrontam o princípio da dignidade humana, fundamento da República Federativa do Brasil (Art. 1º, III da CF/88) e o Art. 5º, III da CF/88, pois submetem a gestante – que diante das hipóteses legais ou corre risco de vida, ou foi abusada sexualmente – a tratamento desumano ou degradante. Dada a evidente vulnerabilidade que constitui a gestante em tal condição, não há nenhuma justificativa técnica capaz de fundamentar tal aberração normativa”, diz o parecer.

Ainda segundo a OAB, as propostas são violadoras de direito e pretendem sujeitar a mulher, vítima de violência sexual, a nova violência. O órgão aponta que os projetos nada abordam sobre o amparo psicossocial afetivo às gestantes.

No parecer é ressaltado o Decreto 7.958/13, que estabelece diretrizes para o atendimento humanizado às vítimas de violência sexual por profissionais do SUS, que indica a realização de um atendimento humanizado, respeitando a dignidade da pessoa, a não discriminação, sigilo e privacidade; além de propiciar um ambiente de confiança e respeito à vítima.

“Pode-se notar o total desconhecimento do regramento jurídico nacional ao qual a proponente, ao apresentar tais projetos de lei, se debruça em uma cegueira deliberada. Ao formular tal projeto legislativo, tergiversando sob justificativa inconsistente, objetiva claramente propagar medidas que desestimulem – a qualquer custo e sem qualquer embasamento técnico – o exercício de um direito porparte das vítimas de violência sexual”, diz o parecer.

Por fim, o parecer reivindica que os projetos sejam derrubados de tramitação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.

LEIA A ÍNTEGRA DO PARECER DA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS DA OAB/SM.

Perseguição política

Roberta usou a tribuna do Poder Legislativo, na sessão desta quinta-feira (31), para tratar sobre os pareceres da Procuradoria Jurídica do Parlamento, que manifestou-se contrária à tramitação das propostas. Ela ressaltou que é vítima de perseguição política.

Sobre o projeto dos cartazes educativos sobre aborto, ela criticou o procurador jurídico Lucas Saccol Meyne, que estaria promovendo uma partidarização e ideologização da matéria.

“É competência do Município legislar sobre isso, é competência do vereador legislar sobre isso. Não é competência, com a máxima vênia, de o procurador desta Casa decidir sobre mérito do que vai ter no cartaz”, disse a progressista.

Em relação à proposta que abre a possibilidade de mulheres grávidas, vítimas de estupro, terem que ouvir os batimentos cardiácos do nascituro antes de abortar, ela voltou a atacar Meyne, mesmo sem citar o nome do advogado. Ela disse que o parecer jurídico é político e ideológico e ainda criticou o assessor superior da Procuradoria, Fábio Fleck Borba.

“Lembrando que o procurador da Casa é indicação da Mesa Diretora e o assessor jurídico, assessor especial da Procuradoria, é indicação da Mesa Diretora. Um indicado pelo governo Jorge Pozzobom e outro pelo PT”, disse Roberta (Meyne é indicação da gestão tucana e Borba é o indicado pelos petistas – além dos servidores comissionados, a Procuradoria ainda é composta por servidores de carreira e estagiários).

A vereadora ainda disse que é perseguida pela Procuradoria Jurídica por ser líder da oposição e que na sua proposta “faz a ultrassonografia a mulher que quiser”.

Em sua explanação, Roberta não comentou sobre o parecer da Comissão de Direitos Humanos da OAB/SM.

Abaixo, confira na íntegra a manifestação da parlamentar:

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Um Comentário

  1. Da séria série ‘não contavam com a minha astucia’. Primeiro, alegar ‘perseguição politica’ é algo que nenhum politico(a) alegou antes na historia da Republica. Segundo, por incrivel que pareça, há chance de ganhar alguns votos com esta historia. Não é possivel exigir que as pessoas sejam racionais 100% do tempo. Terceiro, criatura pode realizar o procedimento em Santa Cruz, por exemplo, onde não haveria cartazes. Quarto, demagogico, populista, eleitoreiro e sem relação com os problemas da urb. Se deixarem o debate descambar os problemas continuarão mais prementes continuarão sem solução. Quinto, como o STF já cansou de demonstrar, constitucionalidade ou inconstitucionalidade se arruma. Basta ‘vontade politica’.

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