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Queremos a Juventude Negra Viva! – por Luiz Boneti

O país vive uma guerra em que “o principal alvo são os jovens negros pobres”

“Juventude Negra, Viva!” foi o grito que ecoou na capital gaúcha durante a caravana participativa do Governo Federal para construção do Plano Juventude Negra Viva. Essa é uma iniciativa do Ministério de Igualdade Racial junto a Secretaria Nacional de Juventude e no encontro entidades e organizações do movimento negro de diversas cidades estavam presentes para debater e apresentar propostas.

A proposta do Governo Lula vem em um momento urgente, já que a juventude negra tem sido alvo de uma lógica de abandono e extermínio, que começa com a violência infanto-juvenil, passa pela ausência de direitos e termina com morte ou prisão. O combate à cultura da violência é o objetivo central para que nossas crianças, adolescentes e jovens negras e negros possam sonhar com um futuro melhor para si e suas famílias.

O Brasil está imerso na lógica de guerra interna e são crianças, adolescentes e jovens negras e negros os principais alvos de homicídios, latrocínios, maus tratos e estupro. Nas ações policiais, 83% das pessoas mortas são negras, e até mesmo quando morrem policiais, 67% são também são negros. Tudo isso na rua ou até mesmo dentro de casa. Uma guerra onde o principal alvo tem classe e cor e idade: jovens negros pobres. É uma sociedade que não protege, mas sim alimenta isso.

Negro, jovem e tatuado. É isso que mais motiva abordagens policiais na grande Porto Alegre, segundo os próprios policiais. Temos uma das capitais mais violentas do país. Santa Maria já registrou 41 homicídios no ano. Não é proibindo as pessoas de beber na rua depois da meia-noite que isso irá mudar, muito pelo contrário.

É necessário um programa de políticas públicas forte, com segurança pública antirracista, educação e saúde de qualidade aliado ao incentivo ao esporte nas comunidades, respeito e defesa das religiões de matriz africana que são tão atacadas, emprego de qualidade e moradia digna, com direito real ao uso dos espaços públicos para lazer e cultura. Temos que ir na veia no combate à cultura da violência e ao racismo.

Se vidas negras importam, os Governos Municipal e Estadual precisam se somar ao Governo Federal e mostrar isso na prática. O movimento negro está na luta todos os dias e têm um projeto de combate ao racismo muito bem definido, só precisa ser ouvido. Em Santa Maria e no Rio Grande do Sul a tarefa não é menor. Caso contrário, seguiremos enxugando gelo e chorando com a perda dos nossos.

(*) Luiz Boneti é estudante de direito da UFSM e militante do Movimento Negro Unificado (MNU).

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