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UFSM. Convenção mundial da Unesco vai certificar Geoparques de Caçapava do sul e da 4ª Colônia

Essencial no processo, Universidade terá delegação em Marrakech, Marrocos

Por Bernardo Silva (com Arte de Vinicius Gumisson Motta) / Da Agência de Notícias da UFSM

Partiu de Porto Alegre, nesta terça-feira (5), a comitiva da Universidade Federal de Santa Maria que participará da cerimônia de reconhecimento internacional dos Geoparques Quarta Colônia e Caçapava. A 10ª Conferência Internacional dos Geoparques Globais da Unesco 2023 será realizada em Marrakech, Marrocos, entre os dias 7 e 11 de setembro. O evento irá oficializar a entrada das duas localidades na Rede Mundial de Geoparques (GGN), da qual já fazem parte desde 24 de maio deste ano, quando os geoparques foram reconhecidos pela Unesco.

A UFSM participará com 5 representantes e integra a delegação Unesco Brasil, composta por cerca de 40 pessoas vinculadas aos territórios de Caçapava, Quarta Colônia e aos demais geoparques brasileiros: Araripe (CE), Caminhos dos Cânions do Sul (RS/SC) e Seridó (RN). A conferência reúne 195 geoparques, distribuídos em 41 países para discussão de experiências, práticas, empreendimentos e projetos voltados ao desenvolvimento sustentável.

“É uma oportunidade para troca de conhecimentos e para estabelecer parcerias com outros territórios para ações em conjunto. Nesse momento buscamos experiências de conservação do patrimônio paleontológico, geoturismo e divulgação dos geoparques”, afirma Jaciele Sell, pró-reitora adjunta de extensão, diretora do Geoparque Quarta Colônia e coordenadora da Rede Nacional de Geoparques. A UFSM também possui trabalhos aprovados pela Unesco que serão apresentados durante a Conferência.

Atuação em rede

Após o encerramento da Conferência, a delegação da UFSM irá para a Espanha em uma visita técnica ao Geoparque de Maestrazgo, dirigido por Ángel Hernández, membro da comissão que avaliou o território da Quarta Colônia. Posteriormente, a comitiva segue para Portugal, onde farão uma visita ao Geoparque de Arouca, que atua de forma próxima à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) – assim como os Geoparques Caçapava e Quarta Colônia atuam com a UFSM. Além disso, a UTAD é sede da Cátedra Unesco de Geoparques, Desenvolvimento Sustentável e Estilos de Vidas Saudáveis, da qual a UFSM é signatária.

O pró-reitor de Extensão, Flavi Ferreira Lisboa Filho, explica que um dos objetivos do congresso e das visitas técnicas é capacitar os geoparques e a UFSM para atingir as metas apontadas durante as avaliações da Unesco, além de formar redes de trabalho e atuação conjunta. “Uma das prerrogativas da Unesco é que nossa atuação seja em rede, para que consigamos avançar a partir das boas práticas que são implementadas em cada um dos territórios”, comenta.

A Missão Geoparques também tem como objetivo preparar a Quarta Colônia e Caçapava do Sul para manter o credenciamento, já que os territórios são reavaliados a cada quatro anos. “É uma oportunidade muito rica de troca de conhecimentos que podem gerar novas formas de desenvolvimento social e econômico de forma sustentável e com a participação da comunidade, para valorizar o seu patrimônio natural e também cultural. É por esse caminho que queremos valorizar a identidade do povo e da região, para que fortaleçamos os vínculos de pertencimento dessas pessoas e possamos trabalhar, inclusive, com a esperança, para que as novas gerações possam continuar nos territórios, levando desenvolvimento nos termos citados. Aí reside nosso grande desafio e expectativa no cumprimento da missão”, afirma o pró-reitor.

O Caminho até Marrakech

A cerimônia consolida um projeto que conta com grande participação da Universidade Federal de Santa Maria, como destaca Flavi Ferreira Lisboa Filho. “Temos uma série de ações de pesquisa, ensino e, sobretudo, extensão nas regiões através do fomento financeiro e de pessoal. Com isso foi possível obter a certificação em tempo recorde após a proposição do projeto”, comenta.

A mesma perspectiva é trazida por Jaciele que afirma que a UFSM desempenha um papel fundamental na consolidação de ambos os Geoparques. “Esse projeto traz uma nova perspectiva do papel da universidade e da extensão universitária, além de uma nova forma de se envolver com as comunidades locais. Desde a parte das pesquisas científicas necessárias para a comprovação do patrimônio singular de cada território – que o estabelece como patrimônio da humanidade – até a articulação na comunidade como um agente externo, suprapartidário e com perenidade, constância e qualidade nas ações”, comenta a gestora.

O pró-reitor recorda que foi a UFSM que articulou a criação do projeto. A primeira reunião foi realizada no dia 31 de outubro pela Pró-Reitoria de Extensão para organizar a estratégia da iniciativa com representantes de diferentes áreas do conhecimento. A próxima etapa foi levar a proposta de desenvolvimento a representantes dos territórios, como o Consórcio de Desenvolvimento Sustentável da Quarta Colônia (Condesus), a Universidade Federal do Pampa, com seu campus em Caçapava do Sul e o poder público. Sem estas parcerias, Flavi enfatiza que os Geoparques não seriam viáveis.

Ao final de junho de 2020, os então Projetos Geoparques Quarta Colônia e Caçapava do Sul assinaram uma carta de intenções para a Unesco, nos dias 22 e 24, respectivamente. A carta em formato de dossiê foi encaminhada para o Ministério das Relações Exteriores que, em 25 de novembro de 2021, realizou um pedido formal para que a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) reconhecesse as iniciativas como Geoparques Mundiais.

No dia 31 de março de 2022, a Unesco confirmou os projetos da Quarta Colônia e Caçapava no processo de pré-certificação como Geoparques Mundiais da entidade. A última etapa antes da certificação foi o processo de avaliação das regiões por meio de uma comissão avaliadora da Unesco. Os representantes da organização iniciaram a avaliação na Quarta Colônia no dia 24 de outubro de 2022. Em Caçapava, o processo iniciou no dia 6 de novembro.

A espera pelo veredito durou mais de sete meses, mas valeu a pena. No dia 24 de maio, após o 216º Conselho Executivo da UNESCO realizado em Paris, os territórios foram anunciados como os novos Geoparques Mundiais da Unesco. E agora, em Marrakech, representantes dos projetos da Quarta Colônia e Caçapava do Sul, levam a UFSM e as singularidades dos territórios do Rio Grande do Sul para o centro das atenções do mundo…”

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