Carmem Freire, Baronesa de Mamanguape (1855- 1891) – por Elen Biguelini
Poetisa nascida no Rio de Janeiro em 2 de março de 1855, de sobrenome original Evangelista Salles, e que foi criada pela mãe (segundo a introdução de seu livro “Visões e Sombras”). Foi filha de Anselmo Henrique Salles ou Francisco Evangelista Salles (?-antes de 1869) e de Henriqueta Maria de Carmo Salles. Casou em 13 de outubro de 1869 com o então senador do 2º Império, Flávio Clementino da Silva Freire (1816-1900), o barão de Mamanguape. No registro de casamento aparece como Maria do Carmo Salles, batizada na freguesia da Candelária, no Rio de Janeiro.
Seu marido havia sido deputado pelo estado da Paraíba, e depois presidente desta província, tendo sido um importante membro da política brasileira imperial. Eles se casaram no ano em que ele assumiu seu cargo como senador e quando, provavelmente, se mudou para a capital do Estado, o Rio de Janeiro, onde havia nascido a autora. Ela foi a segunda esposa do barão.
Teve uma vida presente na Corte carioca, aparecendo diversas vezes em periódicos do Rio de Janeiro como tendo visitado o palácio e cumprimentado o Imperador. O “Diário de Notícias” figura a poetisa por diversas vezes descrevendo também sua vestimenta.
Em 11 de setembro de 1889, o periódico “Diário de Notícias” informa sobre seu estado de saúde debilitado. Em edição posterior, do dia 18, informa-se a sua melhora, enquanto seu reestabelecimento aparece na edição de 26 de outubro.
Faleceu em 13 de setembro de 1891, de tuberculose, no Rio de Janeiro, morte anunciada no periódico “A família” de 19 de setembro de 1891 e no periódico “Diário de Notícias” de 17 de setembro de 1891. Este último apresenta um texto de Luis Quirino, titulado “Fim do Século”, em homenagem a autora.
Teve Celsa Freire (1875-1892) casada com o jornalista e poeta Sebastião Guimarães Passos (1867-1909); Décio Freire (1872-1893); e o coronel Flávio da Silva Freire (c. 1851-1895), que se casou com Ana Emília Leal Freire e foi pai do padre Mathias da Silva Freire (1882-1947).
Segundo o site de sua família no “geni” (site de genealogia) a poetisa teria sido bacharel em Direito, mas não encontramos confirmação desta informação e, considerando a dificuldade do acesso feminino ao ensino superior neste período, presumimos que seja um equívoco.
(Nota-se uma incongruência nos dados biográficos encontrados, enquanto o registro de casamento apresenta seu pai como Anselmo Henrique Sales, o site genealógico do barão apresenta o pai de sua esposa como Francisco Evangelista. Encontram-se também duas datas de falecimento para a autora, uma em 13 de fevereiro de 1891, outra em 13 de setembro de 1889. A confusão com estas datas, unida aos dados encontrados nos periódicos cariocas, levou-nos a colocação da data correta como 13 de setembro de 1891, mas não foi encontrado o registro de óbito para confirmação do dia de seu óbito, que pode ter sido entre 13 e 17 de setembro. Para além disso, aparece tanto como Dona Carmem, como Maria do Carmo. Supomos que estas incongruências sejam resultados de leituras equivocadas de dados biográficos manuscritos).
Obra:
“A escrava”, poema para José do Patrocínio. Acesso via: http://antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/rio_de_janeiro/BARONESA%20DE%20MAMANGUAPE.html.
“Charada”. No periódico Brazil, de 5 de julho de 1884, pg 2.
“A lágrima”(1888), e em (1904) In. Laudelino Freire. “Sonetos Brasileiros” (1904), 110. Este último, acesso via: https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/autores/?id=2589.
“O Cemitério”. No periódico Gazeta de Notícias, de 22 de agosto de 1889, pg 1.
“Fantastico”. No periódico Gazeta de Notícias, de 15 de maio de 1890, pg 1.
“Entre Deuses”. No periódico Pierrot, de 27 de setembro de 1890, pg 4.
“Visões e Sombras”. Rio de Janeiro: Casa Mont’Alverne, 1897. Acesso via: https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/autores/?id=2589.
“O lar doméstico” (1902)
“Nininha, a boa cozinheira de bonecas” (1904)
Foi colaboradora do Jornal “A Família”. Aparece como “Carmem Freire”.
Teve poemas publicados na “Gazeta de Notícias”.
Fez o prefácio da obra “Vigília das Armas” de Alvares de Azevedo, de 1890.
Fontes:
Soromenho, Castro. “Biographia. Baroneza de Mamanguape”. No periódico “Archivo Contemporâneo” de 15 de agosto de 1889. Este artigo apresenta uma imagem da autora.
Registro de Casamento: “Brasil, Rio de Janeiro, Registros da Igreja Católica, 1616-1980”, database with images, FamilySearch (https://www.familysearch.org/ark:/61903/1:1:6X8P-MLM7 : Fri Oct 06 04:59:24 UTC 2023), Entry for Barão de Mamanguape and João Luiz Freire, 13 Oct 1869.
Periódicos “Pierrot”, “Diário de Nóticias”, “A Família”, “Gazeta de Notícias”, e outros, encontrados na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. Acesso via: https://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx.
Referências Bibliográficas
“Baronesa de Mamanguape”. In. http://antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/rio_de_janeiro/BARONESA%20DE%20MAMANGUAPE.html.
“Baronesa de Mamanguape”. In. http://www.mulher500.org.br/category/biografia/page/78/
“Biografia do barão de Mamanguape”. In. https://www.genealogiafreire.com.br/b_flavio_clementino_da_silva_freire.htm.
“Carmem da Silva Freire”. In https://www.geni.com/people/Carmem-da-Silva-Freire/6000000191521988865.
“Maria do Carmo Salles”. In. https://www.geni.com/people/Maria-do-Carmo-Salles-baronesa-de-Mamanguape/6000000088893647007.
“Dona Carmem Freire”. In. https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/autores/?id=2589.
Blake, Augusto Victorino Alves Sacramento. Diccionario Bibliographico Brazileiro. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1883.
Coutinho, Afrânio; Sousa, José Galante de. “Enciclopédia de literatura brasileira”. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2001.
Lopes de Oliveira, Américo. “Escritoras brasileiras, galegas e portuguesas”. s.l. Tipografia Silva Pereira, 1983, 74.
(*) Elen Biguelini é doutora em História (Universidade de Coimbra, 2017) e Mestre em Estudos Feministas (Universidade de Coimbra, 2012), tendo como foco a pesquisa na história das mulheres e da autoria feminina durante o século XIX. Ela escreve semanalmente aos domingos, no Site.
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