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EDUCAÇÃO. Jornada Acadêmica Integrada abre na segunda, com palestra do astrofísico Alan Alves Brito

Astronomia, literatura, questões raciais e divulgação científica serão os temas

Alan Alves Brito, que abre a JAI, é o vencedor do Prêmio José Reis de Divulgação Científica e Tecnológica do CNPq em 2022 na categoria Pesquisador e Escritor. A Jornada Acadêmica Integrada começa segunda e vai até a próxima sexta-feira, dia 27

Da Agência de Notícias da UFSM / Com foto de Divulgação

Tem início na próxima segunda-feira (23) a 38ª Jornada Acadêmica Integrada (JAI) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A palestra de abertura desta edição, “Oralituras: Divulgação Científica e Tecnológica para ‘Adiar o Fim do Mundo’”, será com o astrofísico, escritor e professor no Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Alan Alves Brito. Com início às 10h no Centro de Convenções, a apresentação é gratuita, aberta a toda a comunidade e não necessita de inscrição prévia.

Vencedor do Prêmio José Reis de Divulgação Científica e Tecnológica do CNPq em 2022 na categoria Pesquisador e Escritor, Brito se dedica a estudar pautas como a evolução química de diferentes populações estelares da Via Láctea, educação e divulgação de Astronomia e Física, incluindo questões decoloniais, étnico-raciais, de gênero e suas intersecções nas ciências exatas. É autor de livros que buscam popularizar a ciência e gerar inclusão. Em 2020, sua obra escrita em parceria com Neusa Teresinha Masson “Astrofísica para a Educação Básica: A Origem dos Elementos Químicos no Universo” foi finalista do Prêmio Jabuti. Atualmente, é diretor do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros, Indígenas e Africanos e busca uma ciência antirracista. 

Bacharel em Física, Alan Brito é mestre e doutor em Ciências (Astrofísica Estelar) pela USP. Realizou estágios de doutorado e pós-doutorado no Chile, nos Estados Unidos e na Austrália, além de ter atuado como pesquisador visitante em Portugal e na Alemanha. Atualmente, além das atividades na UFRGS, é membro da União Astronômica Internacional, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, da Sociedade Astronômica Brasileira, da Sociedade Brasileira de Física e da Associação Brasileira de Pesquisadores(as) Negros(as), e foi eleito em 2014 Membro Correspondente da Academia de Ciências da Bahia. É diretor do Observatório Astronômico da UFRGS desde 2017, coordena o PLOAD (Portuguese Language Office of Astronomy for Development) e é representante brasileiro no Office for Education, ambos da União Astronômica Internacional. 

A Agência de Notícias da UFSM conversou com Alan sobre sua trajetória e a expectativa para a palestra na JAI. Confira a entrevista.

1) Como surgiu o teu interesse e o que te motivou a atuar em áreas distintas como astronomia, literatura e questões raciais? 

Sobre a motivação, foi especialmente entender que eu sou um astrofísico diferente, atravessado por marcadores sociais de raça, de classe de gênero e, portanto, implicado, sofrendo racismo subjetivo, institucional e estrutural cotidianamente e, obviamente, que no meio de todo esse barulho, eu não poderia simplesmente me embranquecer. Então, enquanto um cientista e professor que é atravessado por todas essas questões, sempre foi muito importante para mim trabalhar esses temas de forma didática, pedagógica, como uma estratégia de transformação dessas estruturas pela via da educação – que é no que eu realmente acredito. Eu também tenho uma preocupação genuína com os processos escolares e com a relação da universidade com a educação básica, porque, para mim, a educação e a divulgação das ciências ocupam um papel fundamental na desarticulação do racismo. Por isso, é muito importante esse movimento político e intelectual, a partir da universidade, buscando trazer outras perspectivas filosóficas, ontológicas e epistemológicas sobre como a ciência pode nos ajudar a combater desigualdades históricas, sociais, raciais e de gênero.

E sobre meus interesses diversos, eu considero como parte do todo, porque as ciências estão conectadas com outras áreas do conhecimento. E a questão racial é fundamentalmente cosmológica. Quando a gente define cosmologia como sendo filosofia e traz essa questão racial, é para lembrar que há outras perspectivas cosmológicas que não somente a perspectiva hegemônica, eurocentrada ou imperialista a partir dos Estados Unidos. Então, essas relações entre astrofísica, literatura e questões ético-raciais são parte dos movimentos de tentar construir um outro imaginário e construir outras narrativas. E a literatura tem sido também um lugar muito potente nesse sentido de me ajudar a construir outros imaginários sobre as cosmologias.

2) Como o envolvimento com literatura e antirracismo influenciam o teu fazer como cientista e divulgador científico? E o quão desafiador é conciliar todas essas áreas?

Eu particularmente não sinto que seja um grande desafio poder conciliar essas áreas, porque a literatura e a escrita sempre fizeram parte da minha vida. Na verdade, a escrita potencializa e me dá mais possibilidades de comunicar e divulgar a ciência. O meu interesse maior é tentar construir um novo sistema de linguagens que me permita trabalhar os processos de ensino e aprendizagem em ciência, de divulgação de ciências, mas a partir de uma literatura que também é historicamente negligenciada – as literaturas negras, as literaturas africanas, as oralidades e literaturas indígenas. Então, na verdade, também é um movimento no sentido de trazer tensionamentos para uma literatura brasileira que é historicamente branca. Assim como a ciência também é uma construção sobretudo masculina, branca, então eu não vejo como desafios, eu vejo como possibilidades. 

A literatura, nessa discussão antirracista, ela tem sido também um lugar importante de funcionar como um dado de pesquisa, como um dado histórico. A literatura também me permite pensar as perspectivas cosmológicas dos povos africanos que foram trazidos para o Brasil, os povos bantus, os povos iorubás, os povos fom, ou seja, a literatura dos povos originários. Então, a literatura também é uma fonte, um dado importante de pesquisa para o que é chamado cosmologia racializada: é a partir dela que consigo também acessar informações importantes sobre essas relações, sobre como esses povos se relacionam com a vida e com o mundo, com o céu, com a terra, com as questões mais fundamentais de ser e existir no mundo…”

PARA LER A ÍNTEGRA, E CONFERIR O RESTANTE DA ENTREVISTA, CLIQUE AQUI.

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