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O fortalecimento da esfera democrática em nosso continente – por Michael Almeida Di Giacomo

Um fenômeno (importante) e as situações vividas por Argentina e Venezuela

A eleição presidencial argentina, em sua “la primera vuelta” – foi vencida pelo candidato peronista Sergio Massa, que agora passa a ter a tarefa de obstaculizar qualquer possibilidade de vitória do ultradireitista, Javier Milei, o autoproclamado “anarcocapitalista”.

O resultado é, a priori, um alento aos democratas do país vizinho, pois as pesquisas indicavam uma vitória de Milei. Aliás, em seu comitê cogitava-se vencer a eleição direta já no primeiro turno – o que seria um imenso retrocesso à democracia argentina.

O domingo também guardou outras surpresas.

Na Venezuela foram realizadas eleições primárias pela oposição ao regime de Nicolás Maduro, onde sai vencedora a conservadora Maria Corína Machado – hoje o principal nome com a possibilidade de vencer Maduro, nas eleições presidenciais que irão ocorrer em 2024.

Toda essa conjuntura forma um cenário onde as mudanças geopolíticas começam – de forma significativa – a impactar as relações sociais, econômicas e culturais do nosso continente. Uma dessas novas conjunturas é possível de ser aferida com o posicionamento dos EUA em relação às sanções antes impostas ao comércio de petróleo venezuelano.

Os norte-americanos comprometeram-se a tornar brandas as restrições, caso fosse garantido à oposição condições de disputa democrática em um processo de escolha do seu no governante.

Não é possível mensurar – devido à distância do tempo futuro – se a oposição ao regime de Maduro terá êxito nas eleições presidências, porém, neste momento, tem-se a impressão de que não haverá fragmentação em meio aos políticos oposicionistas.

E retornando à Argentina, Javier Milei, que desafia o peronismo, atualmente se vale das crises econômicas que – de tempos em tempos – assolam o dia a dia de nossos “hermanos”.

O candidato da ultradireita é uma mistura de Fernando Collor, pois se coloca como um “outsider” da política, um personagem que está “contra” a casta governante; ao tempo que usa das redes sociais e discursos belicosos para afirmar que irá livrar o país da praga “comunista”, exatamente como fez o Capitão.

Em meio a novas frentes políticas e narrativas sectárias, cabe, agora, compreender o quanto a estratégia de cada grupo político poderá realmente influenciar a decisão do eleitor.

E o quanto a democracia sairá fortalecida em nosso continente.

(*) Michael Almeida Di Giacomo é advogado, especialista em Direito Constitucional e Mestre em Direito na Fundação Escola Superior do Ministério Público. O autor também está no twitter: @giacomo15. Ele escreve no site às quartas-feiras.

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7 Comentários

  1. Milei eleito não teria muito o que fazer. Não existe magica. O candidato da situação vai continuar com remendos ou vai implementar algum plano maluco com poucas chances de funcionar. E a espiral de decadencia correntina. O que o brasileiro medio teria que fazer? Ignorar este mimimi ideologico. E tentar evitar pagar a conta. Papinho de ‘parceiro comercial’. Papinho de ‘ajuda humanitaria’. Argentinos vão escolher e tem que arcar com as consequencias. ‘Aprender’ talvez seja esperar demais. Quem tem dinheiro ou formação/tutano esta pulando da barca.

  2. Argentina ‘grande parceiro comercial’. Parte disto é industria automobilistica que balança mas não cai. Proposta do governo é parecido com o que já aconteceu. Empresta-se dinheiro para obras via BNDES (dinheiro do contribuinte). Para o caso de calote um ‘fundo garantidor’ também com dinheiro do contribuinte. Ou seja, pagador de impostos tupiniquim tem uma democracia cara e tem que financiar a ‘democracia’ dos cumpanheros também.

  3. Mercadante minimizou o calote da Venezuela, disse que não há motivo para ‘nhemnhemnhem’. Vagabundo, não é ele que vai ter que pagar a conta. Brasil ao inves de resolver o problema de estado do norte com linhas de transmissão vai importar energia para ‘facilitar o pagamento’.

  4. ‘[…] posicionamento dos EUA em relação às sanções antes impostas ao comércio de petróleo venezuelano.’ Venezuela tem capacidade de produção prejudicada devido a problemas de manutenção, não são só sanções. Politica externa dos ianques é erratica, para dizer o minimo. Desde que saiu do Afeganistão já enviou 8 bilhões de dolares para aquele pais. Cheque em branco, não vai ser utilizado para o que prometem, obvio.

  5. Maduro de fato representa o ‘fortalecimento da esfera democrática em nosso continente’. Prometeu referendo para anexar 2/3 do territorio de um pais vizinho. Bravata? Talvez. Pode ser que fraude o referendo e ‘perder’. Depois é so fraudar as eleições principais e ganhar. Alibi para mostrar ‘a lisura do pleito’. Mesmo que de em nada é perigoso. Argumento para as grandes potencias colocarem uma base na beirada da Amazonia. Mais uma.

  6. ‘[…] ultradireitista, Javier Milei […]’. Não é, obvio. Rotulos é para quem não tem argumento e os dos vermelhos não colam mais.

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