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Lealdade, amizade e honradez – por Marcelo Arigony

Sobre o ato de Itaara e um personagem: “ele está ali ao lado. Firme. Impávido”

O jornal local estampa na capa o reempossado prefeito de Itaara, padre Sílvio, ao lado do procurador jurídico do município, assinando um livro, que presumo seja o livro de posse. O registro fotográfico da assinatura – em caixa alta – está antes, acima, e maior do que a foto de capa da Romaria da Medianeira, maior festa da cidade, que vem logo em seguida ilustrando a folha de rosto do noticioso.

A posição topográfica da notícia evidencia a importância do fato, circunstanciado por questões políticas, jurídicas, eleitorais, sociais, policiais, financeiras, jornalísticas, religiosas, e outras que devo estar esquecendo. É certo que é fato histórico. O prefeito esteve afastado por quase um ano, e agora retorna à função, com apurações ainda em trâmite.

Mas não estou aqui para emitir opinião sobre a questão jurídica, aliás, nem sobre qualquer questão central. Chamou-me atenção um ponto periférico, que foi notícia por Jaqueline Silveira no corpo da matéria. O médico José Haidar Farret se fez presente à cerimônia, não obstante a situação difícil pela qual vem passando o agora reempossado prefeito. Ele está ali ao lado. Firme. Impávido.

Infelizmente o que a gente está acostumado a ver por aí é o contrário dessa postura. Pululam amizades e relações de ocasião, gente que é amigo só na hora boa, na hora do espumante e do churrasco, da fartura; na hora da foto pro facebook e instagram. Quando a coisa enfeia, fazem como aquele tal Pôncio… 

Aí me lembrei daquela semana posterior ao 27 de janeiro de 2013, quando a coisa estava bem feia e eu era um general. O governador do Estado esteve aqui, falou pessoalmente comigo, e disse que tinha visto pelo mundo polícia canalha, que tratava bem os ricos e mal os pobres. Foi um recado que eu nem precisava ouvir. Mas ele fez questão de dar o recado. Assim como Farret, aquele governador era um homem honrado. Raros… 

(*) Marcelo Mendes Arigony é titular da Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP) em Santa Maria, professor de Direito Penal na Ulbra/SM e Doutor em Administração pela UFSM. Ele escreve no site às quartas-feiras.

Nota do Editor: a imagem que ilustra esta crônica é reprodução obtida na internet.

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5 Comentários

  1. ‘O governador do Estado esteve aqui, falou pessoalmente comigo, e disse que tinha visto pelo mundo polícia canalha, que tratava bem os ricos e mal os pobres.’ Tarso, o intelectual. ‘Foi um recado que eu nem precisava ouvir.’ Não brinca, nã saiu um ‘o que é isto cumpanhero’? Sim, porque o discurso dos ‘meliantes coitadinhos vitimas da sociedade’ e ‘a maioria dos que fazem isto são gente com recursos’ (com as devidas variantes) já é bem evidente. Total zero. Farret foi Arena, foi PP. Concorreu no antanho com um vice que atualmente esta no Novo. Agora está ‘cumnóis’. Loas ao ‘cumpanhero’ Farret!

  2. ‘[…] quando a coisa estava bem feia e eu era um general.’ Santamarienses tem este habito, um autoconceito elevado que no mais das vezes não corresponde a realidade. General não, no maximo um coronel. Da Brigada. Até porque o prepara de um general é maior e o salario é menor. Um delegado, maioria, gerencia uma delegacia. Um general de brigada por volta de 3000 milicos. Alas, bolhas enganam muito. Alas, no final o MP colocou as coisas no seu devido lugar.

  3. Pôncio existiu, se lavou as mãos é outra historia. Mas a gauchada tem um dito, ‘é na rodada que se conhece o ginete e nas malezas que se conhece os amigos’.

  4. Julgar amizades por uma foto no jornal é no minimo precipitado. Farret apoiou a candidatura de Silvio Weber. Andou atendendo na UBS de lá a convite do mesmo. Farret apoiou Capsicum e Aideti em 22. É vice na chapa do segundo. Lembrando que em Santa Maria o uso da palavra ‘amigo’ é mais amplo. Os ianques tem uma palavra,’acquaintance’, alguém que se conhece superficialmente mas não é um amigo proximo. Aqui é tudo a mesma coisa. Mais perto da ‘amizade’ ficam as patotinhas, contratam até os mais incapazes, prejudica um pouco o resultado do negócio, mas ‘dá uma força’ para os antigos ‘cumpanheiros’ de festa e trago. Alas, lembra alguns programas de ‘debate’, tudo o que acontece na aldeia terá resultados positivos e o futuro é brilhante. Mas o que se vê é a mesma coisa de sempre. Conclusão é que um levantamento etnografico da aldeia renderia muitas risadas!

  5. ‘É certo que é fato histórico.’ Historico sim, relevante não. Bozzano foi alcaide na aldeia. Pouca gente sabe ou da importancia. Se perguntarem no calçadão qual o hospital que o Dr. Bozzano trabalhava, suposição, a maioria chutaria o Caridade. Mesmo não tendo trabalhado em hospital nenhum, era causidico.

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