Artigos

Maria (Cândida de Sousa) Paes de Barros (1851-1952) – por Elen Biguelini

Memorialista e historiadora. A autora foi natural da cidade de São Paulo, tendo nascido em 9 de julho de 1851. Foi filha do Comendador Luis António de Sousa Barros (1808-1887) e de sua esposa Felicissima de Almeida Campos (1831-1926).

Casou em 10 de março de 1868 com o desembargador Antônio Paes de Barros (1840-1909), que era seu primo e com quem teve 9 filhos. Na segunda página do periódico “Correio Paulistano” de 10 de outubro de 1909, D. Maria Paes de Barros é creditada como tendo agradecido a Câmara Municipal os pêsames pela morte de seu marido.

Em 1875 aparece como Dona Maria Sousa Paes de Barros na função de representante de uma madrinha no registro de nascimento de Leonor, filha de Estevão de Sousa Barros e de Leonor de Assunção de Barros.

Foi ilustre membro da elite paulista, participado ativamente de diversos grupos de beneficência e caridade. Foi fundadora do Hospital Samaritano e dirigiu a maternidade São Paulo (seu nome aparece por diversas vezes em periódicos paulistas, em listagens de auxílio à esta instituição), bem como a Cruz Vermelha (junto a outras mulheres da Alta Sociedade paulista, Cf. “Correio Paulistano” de 30 de janeiro de 1915, 3); além de ter participado do fundação da primeira Sociedade Tenis Club Paulista. Patrocinou também o “Instituto Profissional de cegos ‘Padre Chico’” (Cf. “Correio Paulistano” de 5 de setembro de 1928). Organizou outros muito bailes, quermesses e mesas de chá para o benefício dos pobres paulistas.

Além da participação na alta sociedade e nos meios da caridade paulista, teve participação política, apresentando a Câmara Municipal um protesto encabeçado por 4000 mulheres paulistanas (Cf. “Jornal de Notícias” de 26 de junho de 1947, 3). Este pedia, entre outros, que fosse reconstituído o partido comunista.

Foi também membro fundador do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo.

Quando publicou seu primeiro livro, um livro didático sobre a História do Brasil (e assim titulado) já tinha mais de oitenta anos de idade. Suas memórias, por sua vez, foram publicadas quando ela já tinha superado os noventa anos.

Completou 100 anos em 1951, o que foi comemorado por Galeão Coutinho no “Jornal de Notícias” (10 de julho de 1951, 3).

Quando faleceu, em 11 de setembro de 1952, o periódico no qual seu nome apareceu por tantas vezes, o “Correio Paulistano”, apresentou uma nota de falecimento a venerável senhora, no qual informava seu local de sepultamento, no Cemitério da Consolação. (13 de setembro de 1952, 6).

Seu primeiro livro foi bem recebido pelo periódico “A Gazeta” de 29 de agosto de 1933, que traz um breve texto titulado “Uma historiadora!”, congratulando a autora por uma obra que bem serve a História do Brasil. “Linha a linha, pagina a pagina, o leitor avisado percebe aqui o aturado labor de quem se atirou a uma empresa grandiosa e nella se houve(sic) com ao animo grave dos obreiros probidosos”. (A Gazeta, 29 de agosto de 1933, 7).

Já seu segundo livro foi bem recebido pelo periódico “Jornal de Notícias”, chamando-o de “Um exemplo para os moços”. O texto descreve o que chama de ‘manifesto’ como: “[s]ão apenas mãos femininas que se levantam para implorar justiça e a remoção de atos que nos humilham e deprimem”. (7 de junho de 1947, 3). Em outro periódico da cidade, Nelson Wernech Sodre, a autora “[c]onta-o com vivacidade, fino espírito de observação e um encanto raro.” (“Correio Paulistano, 21 de março de 1947).

Segundo a historiadora que tem se dedicado a sua obra, Evelina Viterbo Gomes, “[c]om mais de noventa anos de idade, Maria Paes de Barros deixou na imprensa paulista marcas que demonstravam sua capacidade de se adequar aos novos tempos.” (2021, 37).

Obras
“História do Brasil”. São Paulo: Livraria Liberdade, 1932. Livro didático. Acesso via https://lemad.fflch.usp.br/node/1047.

“No tempo de Dantes”. São Paulo: Brasiliense, 1944. Livro de memórias, prefaciado por Monteiro Lobato. Com edição que acompanha introdução de Caio Prado Junior, pela editora Paz e Terra, publicado em 1998. Acesso via: https://www.amazon.com.br/Tempo-Dantes-Maria-Paes-Barros/dp/8521902670.

Referências
Nascimento de Leonor Sousa Barros. “Brasil, São Paulo, Registros da Igreja Católica, 1640-2012”, , FamilySearch (https://www.familysearch.org/ark:/61903/1:1:6DGV-YHX3: Tue Dec 12 23:21:57 UTC 2023), Entry for Leonor de Ocumprão Barros and Tevão de Souza Barros, 20 de fevereiro de 1876.
Registro de casamento: “Brasil Casamentos, 1730-1955”, database, FamilySearch (https://familysearch.org/ark:/61903/1:1:XNP3-HX6: 1 February 2020), Maria Candida de Souza Barros in entry for Antonio Paz de Barros, 1868.

Gomes, Evelina Viterbo. “Maria Paes de Barros: memórias de omissão em tempos de luta pela emancipação”. In. Ferreira, Ezequiel Martins (org.). “Epistemologia e metodologia da pesquisa interdisciplinar em ciências humanas”. Ponta Grossa: Editora Atena, 2021. Acesso via https://www.atenaeditora.com.br/catalogo/post/maria-paes-de-barros-memorias-de-omissao-em-tempos-de-luta-pela-emancipacao

Lopes de Oliveira, Américo. “Escritoras brasileiras, galegas e portuguesas”. s.l. Tipografia Silva Pereira, 1983, 146.

Vasconcelos, Maria Celi Chaves; Gomes, Eveline Viterbo “Práticas educativas femininas nas memórias de Maria Paes de Barros.” In. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, vol. 16, núm. 3, Esp., pp. 1422-1438, 2021.

Artigos relacionados

ATENÇÃO


1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.

2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.

3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.

4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.

5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.


OBSERVAÇÃO FINAL:


A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo